O sudeste do Tocantins, através de
cidades como Dianópolis, se consolida pela tradição carnavalesca. Foliões de
paragens diversas, com a proximidade da maior festa do País, se articulam na
busca de melhor acesso, acomodação, e até inscrição nos blocos mais
tradicionais do lugar. Enquanto isso, ruas, praças, e avenidas são
reestruturadas, numa simetria de passarela, para desfile dos foliões. Os
buzinaços, cornetas, embalam a velha pólis, através de ritmos inovadores, sem
contudo, decodificar a sonoridade das marchinhas insuperáveis. E, entre
folguedos e brilhos, os pierrot e colombinas recebem a chave da cidade, para o
comando dos festejos.
Entre decorações, fantasias, confetes,
purpurinas, os artífices da folia retratam a história local e apontam críticas
sociais, no viés do samba. De outro lado, blocos, como os enxutos, notabilizam
a tradição do entrudo, e os 100% ordinários exaltam o lado, menos contido, de
inúmeros carnavalescos. Noutra parte, a festa se inova, por meio de blocos
diversos, como Bostorós, Bat-xós, Jêguerê e Zorra, que reinventam o compasso da
dança, através de novo estilo e estruturação.
A folia carnavalesca de Dianópolis-TO, ao
longo dos anos, ultrapassou fronteiras do antigo norte goiano, e hoje sudeste
do Tocantins. E, como legado, conquistou curiosos e simpatizantes, que se
tornaram adeptos dos festejos. Agora, as ruas, bares e lugares, transmudam-se
em território comum dos foliões, exaltando a coexistência da diversidade, num
todo coletivo, que se intitula carnaval. Assim, a festa cumpre o papel, não só
de difundir a cultura do lugar, como, pela via oblíqua, aproxima pessoas,
superando diferenças.
Em Dianópolis-TO, o movimento
cultural carnavalesco, através do realce de valores como costumes, tradições e
folclore, é resgatado. No compasso das marchinhas, exalta-se o desfile dos
caretas e suas máscaras, que ganham as praças e salões, esnobando as suas
coreografias. Em cada alvorada, se vê os felizes garis, na avenida, entre
confetes e pedaços de fantasias, sequenciando a festa, embalados pelas
vassouras do mundo. E, no final, um banho de talco ou pó, arremata a festa, com
um contorno aromatizante, filiando-se aos arremedos religiosos de uma
quarta-feira de cinzas.
O
carnaval, segundo a história, estaria intimamente ligado ao processo religioso,
para inserção do período da quaresma. Apesar da apatia de alguns, que apenas
observam à distância e outros, que ouvem ou colhem notícias posteriores, uma
coisa é certa: indiferença total não existe em relação ao evento. Mesmo para
aqueles que buscam atividades alternativas, como pescaria, encontros
religiosos. Por isso, a folia carnavalesca não pode ser estereotipada como ópio
do povo. Pois, o carnaval, também, é a celebração da vida, por meio de pessoas
que vivenciam as coisas, manifestos, e festejos do seu tempo, expurgando
insatisfações cotidianas, e esboçando sorrisos à graça de viver.
Ao
final, salienta-se que é tempo de beijar as avenidas da cidade das Dianas,
através do suor, da alegria, do festejo, do folguedo, superando equívocos,
ilusões afetivas e, quem sabe, até diferenças pessoais. Principalmente, entoando
as velhas marchinhas, ou novas, porque, é sempre bom refletir: que o canto e a
dança, segundo a vetusta sabedoria popular, ainda continuam sendo um bom
mecanismo para espantar os males, atrair afetos, e esnobar simpatia.
Autor: Zilmar Wolney Aires Filho - Advogado e Professor Universitário
Especialista em Processo Civil, Mestrando em
Direito Civil e Membro da Academia de Letras de
DNO.