Nos bastidores peemedebistas
do Estado, não restam dúvidas da conotação eleitoreira quanto à prisão dos
quatro homens envolvidos em esquema criminoso supostamente atrelado ao
candidato do partido
A Polícia Civil apreendeu na
quinta-feira (18/9) um avião com R$ 504 mil e 5 quilos de material de campanha
do candidato ao governo do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) e do candidato a
deputado estadual Carlos Henrique Gaguim (PMDB) em uma pista de pouso no município
goiano de Piracanjuba, a 87 quilômetros da capital. Quatro homens, inclusive o
piloto, foram presos como suspeitos de lavagem de dinheiro, crime contra a
ordem tributária e associação criminosa.
Em depoimento, o empreiteiro
Douglas Marcelo Alencar Shimitt, de 38 anos, apontado como o chefe do grupo,
disse à polícia, de prontidão, que a quantia de dinheiro seria destinada à
campanha eleitoral do governadoriável peemedebista. A polícia investiga se
Marcelo Miranda estaria usando contas bancárias de laranjas para movimentar
grandes quantias de dinheiro.
A assessoria do candidato e
o próprio Marcelo Miranda contestaram as denúncias do suspeito, que também
afirmou que, além da quantia encontrada no avião, teria sido transferido o
valor de R$ 1 milhão para diversas outras contas, também supostamente ligadas a
Marcelo Miranda.
O Jornal Opção Online ouviu
na manhã desta sexta-feira (19) pessoas ligadas à coligação peemedebista
tocantinense, que garantem que o episódio não passou de “um golpe baixo” por
parte da base governista.
Isso porque, nos bastidores,
é conhecida a relação de Douglas Shimitt com o candidato a deputado estadual
Eduardo Siqueira Campos (PTB), filho do ex-governador Siqueira Campos (PSDB), e
aliado da base governista, encabeçada pelo atual chefe do Executivo estadual e
candidato à reeleição, Sandoval Cardoso (Solidariedade). O empreiteiro e outro
suspeito envolvido no episódio, Lucas Marinho Araújo, de 24 anos, residente de
Piracanjuba e apontado nas investigações como suposto laranja de Marcelo,
aparecem, inclusive, ao lado do petebista em fotos publicadas em redes sociais.
Veja:
Do mesmo modo que Douglas e
Lucas aparecem ao lado de Eduardo Siqueira e do governador Sandoval Cardoso
(SDD), em outras postagens, os suspeitos aparecem declarando apoio a Marcelo e
a candidata a senadora Kátia Abreu (PMDB). A mudança de lado, no entanto, foi
adotada um dia antes da prisão do quarteto. A controversa situação tem causado
bastante debate nas redes sociais entre aliados e opositores.
Do lado governista destacam
que Douglas Shimitt aparece em apostilamento de contrato como representante da
Via Dragados em contrato celebrado com governo, por meio do Departamento de
Estradas de Rodagem do Tocantins (Dertins), quando o órgão era presidido pelo
pai de Marcelo Miranda. Já do lado peemedebista, internautas destacam os
dizeres dos suspeitos ao lado dos integrantes da base siqueirista. “Um novo
caminho! Próxima parada Ananás-TO”, escreve Douglas ao lado de Eduardo
Siqueira. Lucas Marinho está em outra foto com o governador Sandoval, com a
frase: “Selfie com o novo governador do Estado do Tocantins”.
Pessoas próximas a Marcelo
Miranda também dizem ver com estranheza o fato de o grupo detido transportar
uma quantidade ínfima de material de campanha, apenas 5 quilos. Além disso,
começou a circular nas redes sociais na manhã desta sexta-feira um documento
que comprovaria que o dono do avião bimotor apreendido em Piracanjuba, Ronaldo
Japiassú, manteria relações contratuais com a gestão do governo de Tocantins,
na ordem de R$ 17 milhões.
Ratificando a teoria de que
tudo não passou de um golpe, uma das fontes lembra que, nas eleições passadas,
em 2010, um episódio semelhante também ganhou as capas dos jornais. Na ocasião,
uma operação da polícia paulista denunciou Carlos Gaguim, então candidato a
governador, por suposto envolvimento em tentativa de fraudar licitações. As
investigações não foram para frente e Gaguim, que incialmente liderava
pesquisas de intenção de voto, perdeu para Siqueira Campos por uma pequena diferença.
Ao receber a notícia, na
noite da última quinta-feira, Marcelo Miranda, demonstrou surpresa e disse não
ter conhecimento sobre o ocorrido, além de frisar que sua campanha é feita
exclusivamente em território tocantinense. “Se esse cidadão está falando, que
ele prove que foi para a minha campanha. Eu não me submeteria a isso, estão
tentando macular minha imagem”, disse em entrevista à filiada da TV Globo no
Estado.
A reportagem tentou contato
com Eduardo Siqueira Campos, mas, até a publicação desta matéria, não obteve
retorno.
FONTE - Jornal Opção Online