A decisão do Partido dos
Trabalhadores no congresso estadual de sair da base do governador Marcelo
Miranda (PMDB) foi vista como algo “natural” pelo deputado estadual Paulo
Mourão (PT). O petista - que já foi líder do Palácio Araguaia na Assembleia -
avalia que a nova postura da legenda no Estado foi adotada tendo em vista a
eleição presidencial do ano que vem. Sobre o novo posicionamento da sigla, o
parlamentar disse que vai defendê-lo.
Segundo Paulo Mourão, o
partido já vive uma “antecipação” do processo do ano que vem. “Nós estamos
vivendo um momento em que já se desenha o quadro de 2018. O Partido dos
Trabalhadores, com uma candidatura própria do ex-presidente Lula tem que se
organizar no cenário estadual. Acho natural posicionamento do partido. O PT
defende um Estado melhor do que está aqui hoje”, comentou o deputado,
reforçando que o PMDB no Estado já está alinhado com o PR, PV e outros partidos
avessos aos petistas.
Paulo Mourão contou ao CT
que deve seguir a orientação indicada pelos delegados petistas e criticou
embates dentro da sigla sobre o posicionamento. “Não vejo necessidade de
digladiações, principalmente interna. Isso [ida à oposição] foi definido no
congresso, e caso seja essa a posição final, tenho a maior tranquilidade de
defendê-la. Aliás é o que estou fazendo, propondo alterações. Nós temos que
parar fazer política pensando em grupos políticos, por isso que afundaram o
Tocantins”. afirmou.
“Estou fundamentando
transformações, mudanças. O que entendo que é positivo, estou acompanhando [o
Executivo]; o que não acho, estou propondo alterações. Vou aprimorar mais ainda
na defesa da cidadania e do Estado. Não tenho compromisso com o governo”,
conclui Paulo Mourão.
Auditoria
Já na sessão vespertina da
Assembleia Legislativa desta terça-feira, 9, Paulo Mourão (PT) apresentou
requerimento em que pede a realização de uma auditoria na gestão da saúde do
Estado. Pela manhã, o parlamentar esteve reunido no Plenarinho da Casa com os
membros do Conselho Estadual de Saúde e representantes de sindicatos dos
servidores, onde apresentou o teor do documento.
Pela proposta, o deputado
pede a convocação de reunião conjunta das comissões de Finanças, Tributação,
Fiscalização; Saúde e Meio Ambiente, com apoio do Tribunal de Contas do Estado
(TCE) e Tribunal de Contas da União (TCU) para realização de auditoria
envolvendo a parte contábil, orçamentária, financeira e operacional, inclusive
as questões relacionadas ao quadro de pessoal no setor da saúde do estado do
Tocantins.
Mourão justifica que é
notória a insatisfação popular com a ineficiência da saúde pública estadual.
“As pessoas se sentem desamparadas”, lamentou. Inclusive sendo constantemente
divulgado nos noticiários casos de mortes de pacientes adultos e crianças por
falta de assistência. “As notícias vão desde falta de medicamentos, não
realização de procedimentos médicos, interrupção de tratamentos oncológicos,
falta de leitos, falta de alimentação e de limpeza nas unidades hospitalares”,
relata.
Rompimento
Os petistas com cargos no
governo Marcelo Miranda (PMDB) devem pedir demissão até o dia 6 de junho. A
orientação do Partido dos Trabalhadores é resultado da resolução aprovada no
congresso estadual deste último fim de semana - sábado, 6, domingo, 7 - que
elegeu o deputado José Roberto como presidente da legenda no Tocantins. A ida
da sigla à oposição já tinha sido adiantada pelo parlamentar ao CT em abril,
após o resultado do processo do Processo de Eleição Direta (PED), responsável
por garantir o maior número de delegados.
Em recente conversa com o
CT, o novo presidente da agremiação disse que a decisão de sair da base do
Palácio Araguaia foi apoiada por 80% dos congressistas. “Que é a instância
máxima”, reforçou. Para o deputado, O impacto nos quadros do governo do Estado
não será significativo. “Nós temos poucos cargos”, admitiu Zé Roberto. No
primeiro escalão, o partido possui apenas a secretária de Cidadania e Justiça,
Gleidy Braga. Por outro lado, a bancada petista na Assembleia Legislativa conta
com três cadeiras: o próprio dirigente, Paulo Mourão (PT) e Amália Santana
(PT).
Ainda na base
Integrante da tendência
Construindo um Novo Brasil (CNB) do Partido dos Trabalhadores - derrotada no
congresso estadual -, a deputada estadual Amália Santana (PT) já expôs nesta
terça-feira, 9, a insatisfação do grupo com a resolução partidária que
determina a saída dos petistas da base do governador Marcelo Miranda (PMDB). A
parlamentar afirmou que na votação da orientação os membros da CNB não estavam
presentes e por isso disse não considerar legítima a decisão.
Amália diz que o partido
estava “bastante dividido” no congresso e que na hora da votação da resolução
sobre a saída da base do governo os membros da tendência Construindo um Novo
Brasil não estavam presentes. “Então, não considero [a decisão] como legítima e
vou seguir os 42% da minha chapa, que é a CNB”, disse a deputada, que
acrescentou: “Não vou seguir orientação de uma determinação que foi votada sem
a presença do nosso grupo. Não vou fazer nada sem ouvir a minha base.”
Amália ainda criticou o que
chamou de “incoerência” de Zé Roberto ao defender o afastamento das siglas que
apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sem lembrar do
cenários das prefeituras. “Temos muito de nossos militantes ocupando
secretarias municipais de governos do PMDB, do PR e de outros. Não vou
prejudicá-los por conta de uma posição mal pensada. Tenho a responsabilidade de
zelar por essas alianças. Não sou movida pelo ódio, sou movida pela razão”,
comentou.
Fonte: portal CT