terça-feira, 25 de maio de 2010

ENTREVISTA / PAULO MOURÃO


Pré-candidato a governador pelo PT avalia que o Tocantins está maduro o suficiente para evitar retrocesso e acredita que seu partido não é terceira via, mas a via com amplas condições de vencer as eleições

O ex-prefeito de Porto Nacional e ex-deputado Paulo Mourão, do PT, garante que está preparado não apenas para assumir o governo do Tocantins a partir de 1º de janeiro de 2011, mas para promover uma verdadeira revolução na administração estadual. O ex-deputado aponta a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento e condena o modelo atual, que classifica de perverso e injusto por promover apenas o crescimento econômico, mas não gerar desenvolvimento social.

Mourão critica o governador Carlos Gaguim (PMDB), que em sua opinião é o principal responsável para perda de receita que, segundo ele, o Estado vem registrando desde a cassação do ex-governador Marcelo Miranda. “O Tocantins continua no processo de queda livre da sua receita. Em janeiro, fevereiro e março o Estado perdeu mais R$ 100 milhões e eu entendo que isso precisa ser observado porque tem algum equívoco na gestão do Estado”, questiona.

Mourão acredita que o Tocantins está maduro para evitar um retrocesso, que seria a volta do ex-governador Siqueira Campos (PSDB), a quem acusa de praticar uma política de perseguição. E prega que o Estado está ávido por um projeto político novo verdadeiramente comprometido com todos.

O pré-candidato revela que o PT, em sua andança pelo Estado, debatendo com a sociedade um plano estratégico de desenvolvimento, aprendeu a ver o Tocantins com um novo olhar que permite observar com mais profundidade suas mazelas e oportunidades. “Eu tenho certeza que pelo caminho da democracia e da participação efetiva da sociedade nós vamos fazer um governo que possa realmente ter resposta certeira no processo do desenvolvimento com inclusão social, que é o que o presidente Lula está fazendo pelo Brasil.”

Paulo Mourão avalia que em 32 dias de pré-campanha percorreu mais de 30 municípios e pôde sentir que o PT vai surpreender nestas eleições.

Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida na terça-feira, 18, em seu escritório político, Paulo Mourão falou ainda da sua origem tocantinense de família tradicional, da sua carreira política e da ligação com o PT. Não esconde que foi fundador da UDR no Estado, mas faz questão de esclarecer que divergiu dos princípios da entidade e se afastou do movimento. Ideologicamente Paulo Mourão se considera de centro, mas tem postura de esquerda e defende um modelo de Estado indutor do desenvolvimento, não apenas de mero gestor dos serviços públicos.

Otimista e ponderado o petista tenta fugir do que chama de “fulanização”, que é apontar defeitos dos adversários. E faz um esforço para provar que o PT tem projeto viável para o Tocantins. Vale registrar que Paulo Mourão deixou de concorrer à reeleição em Porto Nacional e deixou o partido para participar do governo Marcelo Miranda, e chegou a ser aventado como um dos nomes que poderia ser escolhido para suceder o ex-governador. Com a cassação do governador Mourão voltou ao partido e ganhou a vaga de pré-candidato com a desistência do prefeito Raul Filho de renunciar para ser candidato ao governo.

O sr. era apontado pelo PT como candidato a deputado federal. Como foi assumir a indicação de ser candidato a governador?

Eu nem estava com pretensão de ser candidato a deputado federal, apesar de achar muito boa e gratificante essa missão. Mas eu já estava com ideia determinada a partir do momento que deixei de ser candidato a prefeito de Porto Nacional, de disputar o governo do Estado. Entendo que tenho hoje condição de contribuir, aprendi muito no parlamento e tive oportunidade de ser prefeito de Porto Nacional. Me sinto bem balizado, equilibrado no processo da gestão e principalmente na gestão que entendo que o nosso Tocantins está merecedor. O Estado está numa situação que causa preocupação por falta de planejamento estratégico, de conhecimento da gestão equilibrada e sustentável. Como o prefeito Raul decidiu não ser candidato, me convidou para essa missão. É muito gratificante poder sonhar em ver esse Estado da forma que nós projetamos. Tudo que eu sonhei é poder ser governador, se assim Deus permitir e a sociedade entender que deva ser eu, me coloco como instrumento de um processo de desenvolvimento sustentável com inclusão social. Isso é o que eu desejo fazer como gestor do Estado. Justamente o que não conseguimos fazer em Porto Nacional. Essa missão é um grande desafio, mas eu entendo que emocionalmente, fisicamente e intelectualmente me sinto preparado.

Como o sr. se sente no papel de pré-candidato, como tem sido o contato direto com os tocantinenses nessa caminhada por todo o Estado?

Nós não percorremos todo o Estado, tem ainda muita coisa para ser feita. Estamos nessa missão de reuniões, visitas e discussão internamente com o partido, em reuniões fechadas atendendo os preceitos da legislação eleitoral, apresentando um plano de desenvolvimento econômico e social. Tanto internamente no partido como com simpatizantes, sentimos que o Estado é devedor da sociedade. Não há políticas públicas no Estado, não há programas estruturados, pensados, planejados, sustentados orçamentariamente. Há emendas orçamentárias, programas emergenciais feitos a toque de caixa, e disso a sociedade está muito cansada. A sociedade está ávida por um processo de gestão com compromisso com o ser humano. Há um processo de desencanto com o político, a sociedade está desencantada, desesperançada. A juventude desse Estado também está muito preocupada e de certa forma sem compreender como Brasil está desenvolvendo e gerando tanto emprego em todos os Estados e o Tocantins nessa situação de débito com o seu povo. São esses sentimentos que a sociedade tem, de abandono pelo poder político, de falta de gestão preocupada com o ser humano e também de uma gestão sem compromisso com a geração de emprego e a melhoria do seu povo.

O PT até agora é o único partido que se preocupou com um projeto. Em que isso soma eleitoralmente e qual a importância desse plano para o Tocantins?

O PT é o único com pré-candidatura ao governo do Estado que além da forma democrática e participativa está pontuando tudo que está equivocado, que está errado no Estado, e apontando soluções e propondo novas ações, novos projetos, novos objetivos. Vemos esse Estado com um novo olhar. É preciso que seja discutido e observado pela sociedade que há uma verdadeira falta de compromisso do setor público com o seu povo. E quando isso ocorre os benefícios não chegam à sociedade. Quando nós abrimos as discussões com toda a sociedade e principalmente com a juventude, o trabalhador, a trabalhadora, o setor produtivo rural, o setor comercial, o setor agroindustrial, entendemos que há uma sintonia muito forte da população conosco. Primeiro, pela forma inovadora, democrática e participativa das discussões do projeto; segundo, nós acatamos as indicações e sugestões do programa porque entendemos que a própria sociedade é a grande observadora e avalizadora desse processo, além de ter também um poder analítico muito forte, porque ela é vítima da falta das políticas públicas. O fim desse debate é estruturar uma proposta após a convenção confirmando o meu nome, aí vamos entrar para o debate eleitoral. Essa é uma consulta sobre diretrizes e de forma a ser contributiva da sociedade para com o PT?e do PT?com a sociedade, no sentimento de firmar e confirmar um projeto a ser executado conforme o nosso modelo.

Há uma constatação de vários segmentos políticos que o modelo de desenvolvimento do Tocantins está superado e uma reclamação do setor acadêmico que faltam incentivos na área da ciência e tecnologia. Isso está contemplado em sua proposta?

Tudo que foi realizado na área estrutural merece ser reconhecido como investimentos que de certa forma deram condição ao Estado de avançar nesse processo, é verdade, muito perverso e injusto de crescimento, porque só promoveu o crescimento de forma econômica do Estado. Tanto que houve evolução do PIB, de certa forma muito lentamente, mas houve. Mas não promoveu desenvolvimento social, então é um Estado que tem preparo infraestrutural de estradas, pontes, em parte de energia. E?diga-se de passagem, os investimentos em energia foram todos com recursos federais, praticamente 80% do que foi feito. Entendemos que o Estado não pensou na capacidade geradora e no desenvolvimento continuado porque já comprometeu muito a capacidade de investimentos. Hoje a capacidade de investimentos não é mesma de 10, 15 anos atrás. Comprometeram a capacidade de investimento do Estado de forma equivocada e aí é que está o problema social, porque criaram um processo de infraestrutura sem a estrutura, sem que tenha políticas públicas associadas a elas que promovessem a produção. Um Estado que tem 8 milhões de cabeça de bovinos e na verdade é o quinto maior rebanho do País, não tem a cadeia produtiva da carne e derivados da carne. Não tem a cadeia produtiva do leite e derivado do leite, não tem valor agregado à produção.

É preciso repensar esse modelo de desenvolvimento?

O Estado continua produzindo pouco e mal porque é produção primária, não tem agroindústria, não agrega valor. Então com a produção do Estado não se gera emprego e nem divide renda, a riqueza é concentrada. O?Estado é mal pensado pelos governos. Hoje tem uma dotação de uma infraestrutura que não consegue incentivar o processo produtivo. Está faltando políticas públicas que possam incentivar a produção da agricultura, a grande agricultura e a agricultura familiar, dar apoio ao processo da reforma agrária com assistência técnica. Eu penso na Secretaria de Desenvolvimento Agrário criada pelo nosso governo com a sustentação do Ruraltins e Itertins, o Ruraltins para garantir a assistência técnica, a produção de grãos. Nós temos a soja, o milho, o algodão, o amendoim que hoje é uma grande aposta na produção da agricultura familiar no nosso Estado, temos girassol, enfim temos que dar assistência técnica a agricultura, mas já incentivando o processo da agro industrialização para termos valor agregado. Associado a isso temos que fazer pelo Itertins o georeferenciamento dessas áreas, criar os polos agroecológicos porque precisamos preservar o meio ambiente para manter o equilíbrio da produção sustentada, é isso que o Estado precisa. O que ocorre no Estado é que o ano de 2009, com a cassação do nosso amigo o governador Marcelo Miranda, o Estado teve problemas muito graves de ordem econômica, potencializado pela crise econômica mundial. O?Tocantins, com problemas políticos sérios, perdeu R$ 600 milhões em receita em 2010. E?estamos vendo todos os outros Estados se recuperando, enquanto o Tocantins continua no processo de queda livre da sua receita. Em janeiro, fevereiro e março o Estado perdeu mais R$ 100 milhões. Isso precisa ser observado porque tem algum equívoco na gestão do Estado. Não é incentivar o processo da fiscalização porque não tem mais o que fiscalizar, e todos os agentes fiscais do Estado são de uma responsabilidade muito grande, o secretário da Fazenda é uma pessoa extremamente competente, que me leva a crer que a única motivação da queda da receita, além de equívocos de gestão, é o processo da quebra da produtividade econômica do Estado. Entendemos que é preciso fomentar o processo produtivo, dar garantias a essa produção e fazer a agroeconomia funcionar. Temos o biodiesel, uma cadeia que precisa ser incentivada. Não vemos uma fala do governo nesse sentido. O?Território da Cidadania, não vemos uma fala do governo estadual em parceria com essa atividade fortíssima, que tem identidade com a inclusão, a cidadania. São poucos programas do mundo que têm o resultado do Território da Cidadania, ao qual o governo estadual não estimula. O governo precisa ter uma característica muito forte de Estado indutor, precisa funcionar num processo equilibrado de discussão, de incentivo, mediador, planejador e fomentador do desenvolvimento. Esse que é o Estado que queremos e isso estamos vendo o presidente Lula fazer no Brasil. Ele recebeu o Brasil colhendo 70 milhões de toneladas de grãos em 2003, e saltou para 146 milhões de toneladas de grãos agora na safra 2009/2010. Precisamos criar um projeto inovador e comprometido, o Tocantins está precisando ter um novo modelo de gestão que incentive o processo educacional e produtivo para que possamos realmente inovar. Esse Estado precisa criar novas práticas administrativas. É preciso inserir no processo um apelo fundamental que é o diálogo com a sociedade, para ouvir os segmentos sociais, discutir com os setores produtivos, com o setor educacional. Se ajustarmos a máquina para produzir, poucos Estados têm a capacidade que o Tocantins tem. Temos quase 5 milhões de hectares irrigáveis, temos o Cerrado que está degradado, temos sem muito esforço algo próximo a 20 mil hectares de áreas degradadas que é preciso recuperar. Precisamos chamar as entidades organizadas representativas para discutirmos ações inovadoras que precisam ser implantadas no Estado. Eu tenho certeza que pelo caminho da democracia e da participação efetiva da sociedade nós vamos fazer um governo que possa realmente ter resposta certeira no processo do desenvolvimento com inclusão social, que é o que o presidente Lula está fazendo pelo Brasil. Imagino que com o conselho econômico e social do Estado, dando voz ativa a esse conselho, criando forma de discutir além do plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e orçamento do Estado nós vamos criar um processo inovador e comprometido com a transparência, com o combate à corrupção e com ações efetiva que o Estado precisa para se desenvolver.

Qual é a proposta do PT para mudar esta realidade do Estado?

O Tocantins precisa passar por essa discussão profunda e termos um governo que não só olhe de forma diferente, mas que aja de forma diferenciada e com muita transparência no sentido equilibrado de promover o desenvolvimento com inclusão social. Tenho certeza que vamos ter resultados fantásticos conseguindo efetivamente implantar essa nova forma de ver e agir no Tocantins.

Não está faltando também uma postura mais agressiva do Estado para explorar melhor as novas oportunidades da Ferrovia Norte-Sul?

Eu tive a oportunidade e o prazer de discutir esse assunto com o governador Marcelo Miranda quando era prefeito de Porto Nacional. Fui levar a ele justamente as considerações, que achava um pouco tímido o planejamento estratégico de aproveitamento do modal ferroviário. Entendo que foi importante essa parceria da Prefeitura de Porto Nacional, o governo do Estado e a Fieto (Federação das Indústrias do Tocantins), então representada pelo ex-presidente Eduardo Machado e Vagno Milhomem, do IEL. Com o secretário de Planejamento estivemos na Valec discutindo sobre a Ferrovia Norte-Sul e conseguimos a confirmação de que o pátio intermodal seria implantado em Porto Nacional, para atender e dar suporte e condições de maior empregabilidade e sustentação econômica ao Estado, com o potencial da Capital, a cidade de Palmas. Foi instalado próximo a Palmas, no município de Porto Nacional. Depois não vimos falar mais que tipo de aproveitamento será dado. Conseguimos também, através da Petrobras, discussão para que instalação de um pool democrático de distribuição de combustíveis, porque isso garante a viabilidade econômica do intermodal de Porto Nacional. Sugerimos ao então governador Marcelo Miranda criar uma zona de expansão econômica da região. Eu vejo o governo muito acanhado nessa discussão, com pouca gente de capacidade para o debate. Tanto que a ferrovia está para ser concluída em 2010, segundo projeções do governo federal, e sei que o presidente Lula tem isso como prioridade, porque juntando todos os presidentes fizeram juntos 214 km de ferrovia e Lula está fazendo quase toda. Eu entendo que o eixo rodoviário precisa ser aproveitado com a potencialidade do processo produtivo. O?intermodal sendo base da distribuição, senão a ferrovia vai ser mera distribuição da produção do Pará, da Bahia, de Goiás. É preciso estimular a produção. É preciso que entre um governador com visão, com coragem de trabalhar; com visão de produção. Não podemos mais ter governo que tenha só visão política. Eu entendo que o Marcelo teve visão e foi atropelado. Se o Estado não retomar esse processo vai ocorrer uma frustração na questão do desenvolvimento. O Estado é estagnado no processo produtivo e é preciso um incentivo muito forte, uma visão determinada, pragmática de estímulo à produção. Nós temos o processo da produção do álcool, da produção do biodiesel, da agricultura familiar que envolve os pequenos produzindo. Falta de visão produtiva, porque não faz? Se são 5 mil hectares porque não faz? Vamos produzir em 500 hectares. No Bico do Papagaio, quanto sofrimento, quanta falta de oportunidade para aquele povo, o extrativismo não tem apoio, a agricultura familiar não tem apoio, o Sudeste não tem apoio, o Centro não tem apoio. Temos que ter uma nova visão, um olhar estimulador desse processo, eu entendo que será essa a missão do Partido dos Trabalhadores.

No Tocantins não tem espaço para terceira via e no momento a eleição está polarizada entre Gaguim e Siqueira. A candidatura do PT não é também um grande risco?

O Partido dos Trabalhadores representa a via, não é que nós somos o cara, mas é a via. O PT criou uma maneira de olhar inovadora, criativa de governar o Brasil. O PT é o centro dessa discussão porque foi ele que fomentou esse momento que o Brasil está vivendo. Na história de todos os presidentes não teve alguém com a capacidade que o presidente Lula tem de inovar, de criar e de dar resultados com desenvolvimento e inclusão social. No momento nós estamos aqui representando a via do presidente Lula, nós somos a discussão. Como o PT vai governador o Tocantins? É como está governando do Brasil, com criatividade, com competência, com transparência, com resultados, com compromisso de combater a pobreza, de combater a fome, de combater as desigualdades sociais. Assim como o PSDB não tem reforço nacional, ue aqui no Estado o PSDB está coligado com o PR, que apoia Dilma, que vai ser a nossa presidente, assim o povo está dizendo. O outro candidato, com todo respeito que tenho ao meu amigo governador Carlos Gaguim, qual é o discurso que vai ter em função de estar como governador e o que está fazendo pela sociedade? Ele precisa justificar inclusive a sua candidatura e qual projeto será discutido com a sociedade. Então eu entendo que essas ações vão para o foco da discussão com todo o povo tocantinense. E nesse ponto o PT?vai ser a via da discussão, vai ser o centro desse processo, mesmo porque há uma preocupação muito grande da sociedade com o poder político na mão de alguns que desejam voltar, que sempre tiveram e se acham o dono do Estado, de forma equivocada, anacrônica. Quando tiveram o poder na mão perseguiram, quebraram o respeito com a sociedade, fizeram muitos se acovardarem ao poder, inibiram as pessoas de se tornarem cidadãos convictos, plenos, porque intimidaram, perseguiram, demitiram. Isso não deve voltar, a sociedade não pode dar apoio a um processo desses.

Não é uma missão grande demais para o PT sozinho? O partido tem defendido uma chapa puro sangue, com quem o PT pode contar para formar aliança?

É bem verdade que no Tocantins tem eleição desde 1989 e já passaram vários governadores sempre com grandes e amplas coligações partidárias, o resultado está aí para o povo avaliar. Será que é mais poder político? Será que é mais aglomerado de políticos e de partidos que o povo deseja para governar esse Estado ou o povo deseja o compromisso com a governabilidade, com o desenvolvimento e com a inclusão social? Porque no momento está se formando grandes coligações buscando o poder para novamente reprimir, novamente desviar a atenção da sociedade no sentido de um desenvolvimento entre aspas ou fracionado em só crescimento econômico. Será que é esse tipo de político das grandes coligações que não conseguiram avançar promovendo desenvolvimento, educação e saúde para o nosso povo, segurança pública, emprego, será que vamos continuar vendo o que vimos no Brasil? No Brasil antigamente eram grandes coligações, antes de Lula chegar, era um País de desempregos, de inflação, de câmbio comprometido, onde 1 dólar valia 5 reais. O?País devia ao mundo todo e havia coligações de grandes partidos. O desemprego assombrando todo mundo, a falta de oportunidade. Não é hora do tocantinense, do povo se mobilizar, justamente contra essas grandes coligações? O Tocantins precisa olhar justamente as grandes coligações que estão sendo feitas, porque estão sendo feitas num processo anárquico. É preciso então que o Partido dos Trabalhadores, que deseja discutir uma aliança desde que os partidos tenham compromisso com um projeto de desenvolvimento de inclusão social, que sejam partidos que já compõem a base do PT e do governo Lula. Nessas condições nós desejamos ter aliança. Em outras condições só para discutir e ter poder político não nos interessa. A?grande aliança que nós vamos fazer é com o povo desse Estado, com o trabalhador, com a juventude. Aí vamos poder enfrentar o poder econômico, vamos enfrentar o poder político, mas vamos vencer com a voz rouca das ruas e o pulsar dos corações que não suportam mais tantos desajustes, tanto abandono, tanto desemprego e tanta falta de compromisso com a sociedade desse Estado. É com o povo que vamos combater, não é com grupelhos políticos que querem novamente comandar esse Estado. O PT não se importa nesse momento se preciso for sair de chapa pura, mas vai sair com o compromisso com a sociedade, porque é com ela que nós queremos andar nas ruas.

A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM), provocou polêmica ao declarar que o agronegócio não tem como cumprir as leis trabalhistas vigentes e foi até chamada de rainha medieval. Como o sr. vê esse debate?

Eu tentarei obviamente dentro de todo esforço possível e sublimando, até se puder, não fulanizar nem entrar para críticas pessoais. Eu entendo que o que a gente precisa fazer são críticas conceituais. Entendo que é preciso apoiar o agronegócio, mas não se pode apoiar o agronegócio de forma equivocada, porque o equilíbrio ambiental precisa ser respeitado e o Brasil precisa dar um grande exemplo. Porque nós vamos ser o fomentador do processo de abastecimento do mundo, observe que em 1950 o mundo tinha 2,5 bilhões de habitantes, em 2010 depois de 60 anos, o mundo está com 6,5 bilhões de habitantes. E? a projeção para 2050 é de 9,5 bilhões de habitantes. Imagine o quanto vamos ter que produzir. É preciso observar que as práticas, as tecnologias, as inovações precisam chegar ao campo na observância do equilíbrio e da proteção ambiental. Fazer produção e controle ambiental juntos, isso vai ser um paradigma a ser quebrado para as duas próximas décadas, com inovações tecnológicas de forma a aumentar a produtividade e o fomento à agricultura familiar precisa ser dado. Quando alguém critica ou evita que se dê apoio a agricultura familiar é justamente por desconhecer a importância e a força da agricultura familiar. Praticamente 60% do que é produzido e que chega a nossa mesa vem da agricultura familiar. 10% do PIB que compõe a produção rural vem da agricultura familiar, e 74% da mão de obra da produção rural vem da agricultura familiar. Se alguém não quer valorizar isso eu entendo que é por equívoco ou falta de conhecimento. Lamento ter isso ainda no Brasil, e principalmente pessoas que estão na Câmara Alta do Congresso Nacional, e que deveria estar apoiando esse processo produtivo. Eu lamento muito, mas não é nada pessoal contra a senadora. Eu entendo que ela está redondamente equivocada, a forma que ela tem colocado, muito radical em suas posturas, sem estimular o debate, sem se renovar ou se reciclar no processo em que o mundo exige inovações todos os dias, de todos nós, de todos os segmentos. O mundo passa por uma revolução de inovações e criatividade e quem pretender ficar isolado em um só processo haverá de estar extremamente superada em todo o processo e ficará falando sozinha.

O sr. fala em levar até o fim a sua candidatura, mas não descarta a possibilidade de coligação. O?que isso quer dizer?

Eu falei que, convictamente, entendo e tudo leva a crer que vou ser o governador do Estado, levar ao fim é concluir o mandato. Eu não discuto mais essa questão de vai ser ou não vai ser. Não passa pela discussão interna do partido recuar de um projeto que é a pré-candidatura ao governo do Estado como também passa pelo partido a discussão de aliança. Não passa pelo partido retirar a candidatura, porque já definimos

Como o sr. reage às colocações da oposição que diz que o senhor não é um homem de esquerda porque foi um fundador da UDR (União Democrática Ruralista)?

Quando fundamos a UDR o fizemos com o sentimento que fosse uma luta pelo processo da democracia no campo e da produção. Obviamente a UDR criou um sentimento diferente. Eu respeito, e foi um grande amigo, até hoje é meu amigo, o Ronaldo Caiado, mas nós divergimos. Tanto que no ano de 1990, se for buscar tanto no “Jornal do Tocantins” como na “Folha de São Paulo”, vai encontrar matéria minha defendendo a reforma agrária e pontuando os equívocos que a UDR naquele momento estava fazendo em não discutir o processo de apaziguamento do campo através da desconcentração do domínio da terra. Vai observar, portanto, que eu não renovei com a UDR. A renovação da UDR em 1989 não ocorreu no Tocantins e foi quando eu me afastei, já como deputado, mantendo a minha amizade, o diálogo, com o meu caro amigo Ronaldo Caiado. Não sou de esquerda, sou um homem de centro, mas com uma visão de esquerda, porque eu desejo que a discussão democrática ocorra, que a participação da sociedade ocorra, e que se dê oportunidade com políticas públicas para melhorar a vida dos pobres, da pessoa que não teve oportunidade. Eu vejo um Brasil de oportunidade para todos e quero um Tocantins com oportunidades para todos. Agora, qualquer discussão ou críticas que não tenham fundamentação lógica, eu entendo que é provocação de alguém que não conhece a verdadeira história do Paulo Mourão e do seu pai, Celso Mourão, de como nós somos. Chegamos aonde chegamos com muito trabalho, com muito respeito e com muita humildade acima de tudo. Todos conhecem a nossa vida, conhecem as mulheres da nossa família também. Nós não temos nada que não seja explicado.

Fonte: Jornal Opção

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