Waldemir Barreto/Agência
Senado
O senador Donizeti Nogueira
(PT-TO) afirmou que a crise que envolve a Petrobras não está relacionada às
denúncias de irregularidades, mas ao cenário internacional do setor
petrolífero. Por isso, o anúncio da Agência Moody’s de rebaixar a classificação
de risco da estatal, amparada em denúncias, esconderia, na verdade, outros
interesses, afirmou.
Para Donizeti, o
rebaixamento enfraquece e desvaloriza a empresa e dá fôlego a ideias de mudança
no papel da Petrobras na sociedade brasileira. Ele citou dados de companhias de
petróleo de outros países para comprovar que a redução dos investimentos, as
quedas no lucro e a desvalorização das ações não são exclusividade da
Petrobras.
As ações da empresa
colombiana de petróleo, por exemplo, desvalorizaram 43% em 2014 e os
investimentos previstos para 2015 tiveram cortes de 25%, observou.
A Shell experimentou queda
no lucro líquido de US$ 1,2 bilhão em 2014 e os cortes no investimento para
este ano chegaram a US$ 15 bilhões.
A francesa Total deve cortar
em 10% os gastos de capital previstos para 2015 e a segunda maior petrolífera
da Rússia também deve reduzir em 10% os investimentos neste ano, acrescentou.
Os cortes nos investimentos
e a redução dos lucros também afetam as empresas que prestam serviços para as
petroleiras, disse o senador, ao lembrar que processo semelhante ocorre com a
Petrobras.
Donizeti Nogueira explicou
também que a redução do preço do petróleo no mercado mundial tem uma razão: os
países que exploram o produto de forma convencional diminuíram o valor para
tentar inviabilizar a técnica adotada pelos Estados Unidos e Canadá de produzir
gás natural e petróleo a partir do xisto betuminoso.
Com a queda no preço, a
tendência é que alguns países, como a China, aproveitem o momento para
recuperar o crescimento econômico. Diante disso, num futuro próximo, os
mercados devem reagir, disse.
— Duas outras agências de
classificação de riscos, a Fitch e a Standard & Poor’s, mantêm seu grau de
investimento da empresa. O ministro [da Fazenda] Joaquim Levy tem ressaltado
que a Petrobras voltou a produzir mais de 2 milhões de barris de petróleo por
dia, um terço dos quais já estão sendo retirados do pré-sal. Do ponto de vista
estritamente produtivo, não existe crise.
Agência Senado
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