quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Um ano de promessas e guerras eleitorais (Fonte: www.jornalopcao.com.br)

Cenário político aponta para polarização entre União do Tocantins do ex-governador Siqueira Campos e força de coalizão do governador Gaguim, ou seja, o velho contra o novo

Eis 2010 em sua ple­ni­tu­de. Um ano es­sen­cial­men­te po­lí­ti­co. Tal­vez mais elei­to­ral do que po­lí­ti­co. Em ou­tu­bro va­mos ele­ger pre­si­den­te da Re­pú­bli­ca, go­ver­na­dor, se­na­dor, de­pu­ta­do fe­de­ral e de­pu­ta­do es­ta­du­al. Cer­ta­men­te vai ser um ano de mui­tas re­a­li­za­ções, mas tam­bém de pro­mes­sas ge­ne­ro­sas e ir­re­a­li­zá­veis e ver­da­dei­ras guer­ras elei­to­ra­is que já co­me­ça­ram.

No To­can­tins o ce­ná­rio po­lí­ti­co-elei­to­ral apon­ta pa­ra a po­la­ri­za­ção en­tre o ve­lho e o no­vo, o que já fez e o que pre­ten­de fa­zer mui­to, en­tre o que já foi e o que tem tu­do pa­ra ser. Os no­mes são mui­tos e qua­is­quer que fo­rem os es­co­lhi­dos a dis­pu­ta se da­rá en­tre a Uni­ão do To­can­tins, do ex-go­ver­na­dor Si­quei­ra Cam­pos (PSDB), e a co­a­li­zão do go­ver­no Car­los Hen­ri­que Ga­guim (PMDB). Pe­que­nos par­ti­dos co­mo o PSDC e PHS po­dem até lan­çar can­di­da­to pró­prio, mas não pas­sa­rão de co­ad­ju­van­tes de um pro­ces­so em que se é opo­si­ção ou go­ver­no.

Com pou­co tem­po pa­ra mos­trar ser­vi­ço e enor­me dis­po­si­ção de lu­tar pa­ra per­ma­ne­cer no Pa­lá­cio Ara­gu­aia, o go­ver­na­dor Ga­guim cor­re con­tra o tem­po. Par­te nes­te iní­cio do ano em ca­ra­va­na pe­lo in­te­ri­or do Es­ta­do com a me­ta de vi­si­tar to­dos os 139 mu­ni­cí­pios, pro­mo­ven­do en­con­tros e sen­tin­do de per­to a ma­ni­fes­ta­ção do po­vo. Se­rá o pri­mei­ro tes­te de po­pu­la­ri­da­de do go­ver­na­dor elei­to em se­tem­bro por elei­ção in­di­re­ta, por­tan­to sem vín­cu­lo com o ci­da­dão to­can­ti­nen­se.

Em­ba­la­do pe­las pes­qui­sas de in­ten­ção de vo­to que o co­lo­cam na li­de­ran­ça, o ex-go­ver­na­dor Si­quei­ra Cam­pos in­ten­si­fi­ca os con­ta­tos po­lí­ti­cos bus­can­do re­for­çar sua can­di­da­tu­ra. Em re­cen­te en­con­tro com a se­na­do­ra Ká­tia Abreu (DEM) fi­cou acer­ta­da ali­an­ça en­tre eles, com Si­quei­ra en­ca­be­çan­do a cha­pa ma­jo­ri­tá­ria. Fi­cou acer­ta­do tam­bém que a se­na­do­ra man­te­rá a can­di­da­tu­ra con­tra­ri­an­do de­ci­são do par­ti­do, que já ha­via co­mu­ni­ca­do a sua de­sis­tên­cia co­mo es­tra­té­gia pa­ra ten­tar trans­fe­rir vo­tos pa­ra o can­di­da­to já que os dois jun­tos so­mam mais de 50% das in­ten­ções de vo­tos.

Com 81 anos de ida­de, há oi­to anos fo­ra do po­der e uma der­ro­ta pa­ra o go­ver­no ain­da atra­ves­sa­da na gar­gan­ta, Si­quei­ra Cam­pos é um ca­so em­ble­má­ti­co. É ao mes­mo tem­po um lí­der te­mi­do pe­la sua his­tó­ria, mas du­ra­men­te com­ba­ti­do pe­lo es­ti­lo con­cen­tra­dor e a pos­tu­ra con­ser­va­do­ra que ca­rac­te­ri­za­ram o lon­go pe­rí­o­do do seu go­ver­no, que pa­ra mui­tos re­pre­sen­tou um re­tro­ces­so. O ex-go­ver­na­dor tam­bém não tem tem­po a per­der. Po­de­rá ser a sua úl­ti­ma chan­ce de vol­tar ao Pa­lá­cio Ara­gu­aia.

A der­ro­ta pa­ra o ex-go­ver­na­dor Mar­ce­lo Mi­ran­da em 2006 pro­vo­cou a de­ses­tru­tu­ra­ção da Uni­ão do To­can­tins, ho­je uma pá­li­da ideia da co­li­ga­ção que ven­ceu qua­tro das seis elei­ções pa­ra o go­ver­no. Dos mais de dez par­ti­dos que in­te­gra­ram a co­li­ga­ção res­tam ape­nas o PSDB e DEM. Em qual­quer cir­cun­stân­cia Si­quei­ra se­rá sem­pre um can­di­da­to for­te, em­bo­ra me­nos for­te do que já foi.

Os se­na­do­res Jo­ão Ri­bei­ro (PR) e Ká­tia Abreu (DEM) e o pre­fei­to de Pal­mas, Ra­ul Fi­lho (PT), com­ple­tam a lis­ta dos no­mes mais co­ta­dos pa­ra ocu­par o Pa­lá­cio Ara­gu­aia a par­tir de ja­nei­ro de 2011. Jo­ão Ri­bei­ro re­pre­sen­ta um gran­de des­fal­que pa­ra a UT e um trun­fo pa­ra o go­ver­no. Ele tem tra­ba­lho pres­ta­do no Es­ta­do, é o par­la­men­tar com mai­or cre­di­bi­li­da­de jun­to aos pre­fei­tos, tem va­ga ga­ran­ti­da na cha­pa ma­jo­ri­tá­ria. Se por al­gu­ma ra­zão não for can­di­da­to a go­ver­na­dor, se­gu­ra­men­te se­rá re­e­lei­to se­na­dor.

A po­si­ção do PT de se man­ter afas­ta­do do go­ver­no não in­flu­en­cia no pres­tí­gio po­lí­ti­co do pre­fei­to Ra­ul Fi­lho, que vem apa­re­cen­do bem nas pes­qui­sas e tem po­ten­ci­al pa­ra sur­pre­en­der. So­zi­nho Ra­ul Fi­lho tal­vez não se­ja com­pe­ti­ti­vo, mas com apoio do go­ver­na­dor Ga­guim e do se­na­dor Jo­ão Ri­bei­ro cer­ta­men­te se tor­na um can­di­da­to im­ba­tí­vel pe­lo que tem apre­sen­ta­do de re­sul­ta­do em Pal­mas e pe­lo dis­cur­so do no­vo que tem es­pa­ço em qual­quer elei­ção.

A lis­ta de pre­ten­den­tes é mais ex­ten­sa se co­tar­mos to­dos os car­gos da cha­pa ma­jo­ri­tá­ria. No­mes que se­gu­ra­men­te re­for­çam es­sa lis­ta, os ex-go­ver­na­do­res Mar­ce­lo Mi­ran­da e Moi­sés Ave­li­no (am­bos do PMDB), o ex-vi­ce-go­ver­na­dor Pau­lo Sid­nei (PPS), o se­na­dor Le­o­mar Quin­ta­ni­lha (PMDB), o de­pu­ta­do fe­de­ral Os­val­do Reis (PMDB), a de­pu­ta­da es­ta­du­al So­lan­ge Du­ai­li­be (PT), o ex-vi­ce-pre­fei­to de Pal­mas Der­val de Pai­va (PMDB) en­tre ou­tros.

A opo­si­ção con­ta com os de­pu­ta­dos fe­de­ra­is Eduar­do Go­mes (PSDB) e Vi­cen­ti­nho Al­ves (PR), a ex-pre­fei­ta de Ara­gu­aí­na Val­de­rez Cas­te­lo Bran­co (PP), o su­plen­te de de­pu­ta­do Jú­ni­or Ma­zo­la (DEM), o ex-vi­ce go­ver­na­dor Rai­mun­do Boi (PP), o de­pu­ta­do fe­de­ral Jo­ão Oli­vei­ra (DEM), Mar­co An­to­nio Cos­ta (DEM) den­tre ou­tros.

Ga­guim é for­te não ape­nas por es­tar no po­der e co­man­dar uma má­qui­na ad­mi­nis­tra­ti­va com mais de 50 mil ser­vi­do­res e um or­ça­men­to de R$ 5,7 bi­lhões, mas pe­las mes­mas ra­zões que fi­ze­ram de Si­quei­ra Cam­pos um mi­to. A for­ça do con­jun­to. A fren­te de co­a­li­zão que in­te­gra o seu go­ver­no já so­ma mais de dez si­glas — PMDB, PDT, PR, PPS, PSB, PV, PTB, PTN, PC do B, PSC, PSL —, mui­tas aban­do­na­ram la­ços his­tó­ri­cos com a Uni­ão do To­can­tins, o que re­pre­sen­ta um en­fra­que­ci­men­to da opo­si­ção. De qual­quer for­ma se­rá um em­ba­te em que é di­fí­cil an­te­ci­par o ven­ce­dor.

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