Cenário político aponta para polarização entre União do Tocantins do ex-governador Siqueira Campos e força de coalizão do governador Gaguim, ou seja, o velho contra o novo
Eis 2010 em sua plenitude. Um ano essencialmente político. Talvez mais eleitoral do que político. Em outubro vamos eleger presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Certamente vai ser um ano de muitas realizações, mas também de promessas generosas e irrealizáveis e verdadeiras guerras eleitorais que já começaram.
No Tocantins o cenário político-eleitoral aponta para a polarização entre o velho e o novo, o que já fez e o que pretende fazer muito, entre o que já foi e o que tem tudo para ser. Os nomes são muitos e quaisquer que forem os escolhidos a disputa se dará entre a União do Tocantins, do ex-governador Siqueira Campos (PSDB), e a coalizão do governo Carlos Henrique Gaguim (PMDB). Pequenos partidos como o PSDC e PHS podem até lançar candidato próprio, mas não passarão de coadjuvantes de um processo em que se é oposição ou governo.
Com pouco tempo para mostrar serviço e enorme disposição de lutar para permanecer no Palácio Araguaia, o governador Gaguim corre contra o tempo. Parte neste início do ano em caravana pelo interior do Estado com a meta de visitar todos os 139 municípios, promovendo encontros e sentindo de perto a manifestação do povo. Será o primeiro teste de popularidade do governador eleito em setembro por eleição indireta, portanto sem vínculo com o cidadão tocantinense.
Embalado pelas pesquisas de intenção de voto que o colocam na liderança, o ex-governador Siqueira Campos intensifica os contatos políticos buscando reforçar sua candidatura. Em recente encontro com a senadora Kátia Abreu (DEM) ficou acertada aliança entre eles, com Siqueira encabeçando a chapa majoritária. Ficou acertado também que a senadora manterá a candidatura contrariando decisão do partido, que já havia comunicado a sua desistência como estratégia para tentar transferir votos para o candidato já que os dois juntos somam mais de 50% das intenções de votos.
Com 81 anos de idade, há oito anos fora do poder e uma derrota para o governo ainda atravessada na garganta, Siqueira Campos é um caso emblemático. É ao mesmo tempo um líder temido pela sua história, mas duramente combatido pelo estilo concentrador e a postura conservadora que caracterizaram o longo período do seu governo, que para muitos representou um retrocesso. O ex-governador também não tem tempo a perder. Poderá ser a sua última chance de voltar ao Palácio Araguaia.
A derrota para o ex-governador Marcelo Miranda em 2006 provocou a desestruturação da União do Tocantins, hoje uma pálida ideia da coligação que venceu quatro das seis eleições para o governo. Dos mais de dez partidos que integraram a coligação restam apenas o PSDB e DEM. Em qualquer circunstância Siqueira será sempre um candidato forte, embora menos forte do que já foi.
Os senadores João Ribeiro (PR) e Kátia Abreu (DEM) e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), completam a lista dos nomes mais cotados para ocupar o Palácio Araguaia a partir de janeiro de 2011. João Ribeiro representa um grande desfalque para a UT e um trunfo para o governo. Ele tem trabalho prestado no Estado, é o parlamentar com maior credibilidade junto aos prefeitos, tem vaga garantida na chapa majoritária. Se por alguma razão não for candidato a governador, seguramente será reeleito senador.
A posição do PT de se manter afastado do governo não influencia no prestígio político do prefeito Raul Filho, que vem aparecendo bem nas pesquisas e tem potencial para surpreender. Sozinho Raul Filho talvez não seja competitivo, mas com apoio do governador Gaguim e do senador João Ribeiro certamente se torna um candidato imbatível pelo que tem apresentado de resultado em Palmas e pelo discurso do novo que tem espaço em qualquer eleição.
A lista de pretendentes é mais extensa se cotarmos todos os cargos da chapa majoritária. Nomes que seguramente reforçam essa lista, os ex-governadores Marcelo Miranda e Moisés Avelino (ambos do PMDB), o ex-vice-governador Paulo Sidnei (PPS), o senador Leomar Quintanilha (PMDB), o deputado federal Osvaldo Reis (PMDB), a deputada estadual Solange Duailibe (PT), o ex-vice-prefeito de Palmas Derval de Paiva (PMDB) entre outros.
A oposição conta com os deputados federais Eduardo Gomes (PSDB) e Vicentinho Alves (PR), a ex-prefeita de Araguaína Valderez Castelo Branco (PP), o suplente de deputado Júnior Mazola (DEM), o ex-vice governador Raimundo Boi (PP), o deputado federal João Oliveira (DEM), Marco Antonio Costa (DEM) dentre outros.
Gaguim é forte não apenas por estar no poder e comandar uma máquina administrativa com mais de 50 mil servidores e um orçamento de R$ 5,7 bilhões, mas pelas mesmas razões que fizeram de Siqueira Campos um mito. A força do conjunto. A frente de coalizão que integra o seu governo já soma mais de dez siglas — PMDB, PDT, PR, PPS, PSB, PV, PTB, PTN, PC do B, PSC, PSL —, muitas abandonaram laços históricos com a União do Tocantins, o que representa um enfraquecimento da oposição. De qualquer forma será um embate em que é difícil antecipar o vencedor.
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