quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Entrevista: "Eu tenho o Plano A, o B e o C", diz Gaguim


Gaguim esquenta a sucessão com declarações de que pesquisas podem definir o candidato. Diz que pode sair a senador e garante: até abril estará liderando todas as pesquisas.

Em Entrevista exclusiva a O GIRASSOL, o governador Gaguim não assume a candidatura. Diz que seu candidato é João Ribeiro, mas ventila outras possibilidades, no que chamou de Planos A, B e C. Inclusive a de ser o candidato a governador para preservar a coalisão. Na proporcional, ele anunciou que a base governista deve lançar um chapão, com todos os partidos coligados, com apenas uma chapa de até 48 candidatos para se tornar mais competitiva e eleger uma bancada forte, na Assemblèia. E garante: “Não vou usar a máquina para politicagem. Quem do governo estiver pensando assim, vai se decepcionar”. Confira a entrevista:


O Girassol – O PMDB insiste na tese da candidatura própria e o senhor tem manifestado apoio ao senador João Ribeiro. O grupo está dividido?

Não existe divisão. Há aqueles que tem opiniões pessoais bem diferentes da maioria do grupo. Mas isso não é divisão. O grupo que está comprometido com o sucesso da administração está unido. Eu quero trabalhar até o último dia. O nosso candidato é o senador João Ribeiro. Estamos trabalhando para que ele consiga estar subindo nas pesquisas.

E caso ele não consiga?

Aí o grupo depois vai sentar e discutir. Sentaremos com ele junto com os partidos, falaremos da importância da pesquisas. Ele tem nos ajudado muito. Ajudou muito em Brasília. Mas volto a repetir, o PMDB não tem divisão. O grupo que tem responsabilidade com o governo está unido. Tem uma ou duas pessoas que discordam. O que é normal. O bloco está unido.

Então as pesquisas serão decisivas para a definição do candidato?

Sim. Isto já está conversado com o João Ribeiro. Ele sabe disso. O meu sonho é ser ministro. A ministra Dilma me convidou para ser o coordenador da campanha dela no Tocantins. Eu posso contribuir mais com o Tocantins como ministro do que como governador, pelas amizades que estou construindo no Brasil inteiro. Só que o próximo governador tem que estar
seguindo este projeto de governo.

Muita gente aposta que o senhor vai perder aliados no processo de formação da chapa. O senhor considera normal estas perdas ou acha que pode manter a coalisão intacta?

Eu acho que até seria bom que tivesse dois, três quatro candidatos. Se as oposições tivessem juízo ficariam com uma candidatura única. Porque nós vamos ter um candidato único. Fica até mais barato para o Estado. Estou disposto até a não ser candidato a nada, mesmo estando bem nas pesquisas. Daqui um mês, ou dois mês estarei liderando todas as pesquisas. Já estou liderando na base. Eu posso ser candidato ao Senado. Até abril, se eu conseguir cumprir algumas metas,eu posso pensar no Senado. Quero deixar claro meu apoio ao presidente Lula e à ministra Dilma. Aqui o Lula tem 94% de
aprovação. Quero ajudar a transferir este apoio para a ministra.

Em nome da preservação do grupo o senhor seria candidato a governador?

Meu plano A: João Ribeiro candidato a governador. Plano B, eu candidato a senador. Plano C: eu continuar no governo e cumprir o meu mandato de um ano. Que não é um ano. Na verdade são 10 anos em 1. Porque as coisas estão andando.

É melhor ser Executivo ou Legislativo?

É melhor ser Executivo. Tudo aquilo que eu pedia como deputado, hoje estou colocando em prática. Eu era recordista de requerimentos e de pedidos como vereador e deputado. Hoje eu falo não com tranqüilidade, mas procuro atender esses requerimentos porque sei o quanto eles são importantes para as comunidades.

Como o senhor avalia os candidatos a oposição?

São ótimos. Siqueira, Kátia, Raul, são bons candidatos.

O senhor tem dedicado os finais de semana a articulações políticas. Neste último o senhor voltou a se reunir com os partidos da base. O que se decidiu?

Eu estava com o senador João Ribeiro, o Laurez, do PSB, convidei o deputado federal Osvaldo Reis, ele estava em Brasília, mas estava lá o vice-presidente, senador Leomar e outro segundo vice, Junior Coimbra. Estavam lá também o PV, o PDT, com o deputado Fábio Martins e o deputado Eduardo do Dertins, do PPS, me ligou. Estávamos fazendo o planejamento das eleições. Ficou decidido que será um chapão. Uma coligação só para deputado estadual. Porque não adianta lançarmos
300 candidatos. A chapa governista sairá com 48 candidatos. Cada partido terá que enxugar a sua lista. A gente quer representantes regionais. Como se fosse um voto distrital. Vamos colocar em média 7 candidatos por região, respeitando a densidade eleitoral. Dividimos o estado em 7 regiões. Este é o nosso pedido, a nossa recomendação para sairmos vitoriosos.
Isso evita conflitos na nossa base. Evita as invasões de base e marcharemos unidos. Além de representar uma economia para a coligação. Vamos gastar menos e eleger mais. Agora o outro lado que lance quantos candidatos quiser. Nós vamos achar é bom. Mas pode escrever aí: o governador Gaguim não vai usar o governo para politicagem. Pode ser o candidato que for do nosso lado.

Como o senhor quer ser lembrado, ao deixar o governo?

Quero ser lembrado como o governador, que mesmo não sendo eleito pelo povo, não prometendo nada, cumpriu suas metas e cumpriu seus compromissos. Quero ser lembrado na história como um governador cumpridor de compromissos. Quero deixar claro meu apoio ao presidente Lula e à ministra Dilma. Aqui o Lula tem 94% de aprovação. Quero ajudar a transferir este apoio.

João Ribeiro comenta

“Qualquer acordo político-eleitoral pressupõe uma submissão à vontade popular e ao apoio das lideranças políticas municipais na formação de alianças. Assim sendo, como sempre declarei, não sou candidato de mim mesmo. Sou candidato de um grupo político que hoje dá sustentação ao Governador Carlos Henrique Gaguim e ao Presidente Lula.
Meu partido reafirmou minha pré-candidatura e ela está colocada para o debate dentro do grupo e perante a opinião pública.

Da minha parte reafirmo a disposição de construir um projeto de Governo e apresentar ao povo tocantinense. Confio nas reiteradas declarações de apoio do Governador à minha pré-candidatura e tenho certeza que estamos caminhando no rumo certo e com crença inabalável de que queremos o melhor pelo Tocantins”, diz a nota enviada pelo senador.

100 dias de Gaguim

Gaguim não reclama mais da falta de dinheiro para administrar e anuncia mais de R$ 1 bilhão em projetos, convênios e emendas parlamentares.

Às vésperas de completar 100 dias como governador eleito, Carlos Henrique Gaguim (PMDB) está otimista, e impressionado com sua própria velocidade. “Cem dias, já? Nossa! Tá acelerado demais!”. Confortável na cadeira de governador, ele dispara
números grandiosos a seus interlocutores, diz que está fazendo 10 anos em 1, e que tem um plano para mais 10.

Gaguim não reclama mais da falta de dinheiro para administrar e anuncia mais de R$ 1 bilhão em projetos, convênios e emendas parlamentares. “Fui o governador que mais conseguiu colocar três vezes mais recursos que os outros governadores no orçamento da União, com a ajuda da bancada. Vamos ter 375 milhões de dólares do Banco do Mundial para asfalto e pontes. Não vai ficar uma cidade sem ligação por asfalto. Vamos receber parte da dívida constitucional (mais R$ 168 milhões), e teremos as Parcerias Público Privadas para duplicar a Belém-Brasília”, diz.

Além dos mega-projetos, Gaguim também aposta no atendimento aos pedidos dos prefeitos para deixar sua marca no Estado. “Estou atendendo os prefeitos. Não estou fazendo nada com fins eleitorais. São todos pedidos deles, documentados que estou submetendo ao TRE e ao Ministério Público”, afirma, ao citar que nos próximos dias começa a percorrer o Estado entregando ambulâncias, ônibus escolares, máquinas para manutenção de estradas, convênios para asfaltamento e iluminação de ruas, carros e motos para as polícias civil e militar, 139 clínicas da mulher e dois grandes hospitais de referência em Araguaína e Gurupi.

Duplicação dos acessos a Palmas

O pacote de bondade do governador também beneficia a capital. Nos próximos dias ele lançará a duplicação dos três principais acessos a Palmas. Lajeado, Porto Nacional e Paraíso. “Palmas vai ficar mais moderna, vamos salvar vidas e vamos atrair mais investimentos com estas rodovias duplicadas e vamos dar uma nova referência para Palmas”, garante.

Gaguim pretende inclusive ignorar o período chuvoso para cumprir suas metas. “Esse negócio de parar o Estado na época da chuva era um vício político que estamos acabando com ele. A obra pode até ficar 1 ou 2% mais cara, mas a geração de emprego e o benefício à população compensa este custo”, raciocina, citando que em outros países se trabalha com neve e chuva. “Já imaginou o Estado parado mais quatro meses. Esse negócio de abrir o orçamento só em março, isso é um absurdo, não existe mais isso. Faziam isso pra segurar dinheiro e gastar em época de campanha”, analisa, lembrando que este ano o orçamento do Estado foi aberto na segunda quinzena de janeiro.

Pioneiros Mirins

Outra aposta do governador é a nova Fundação Pioneiros Mirins, criada por ele e que deve começar a mostrar sua cara nos próximos meses. Para revolucionar o mais antigo programa social do Estado, criado pelo ex-governador Siqueira Campos
em 89, Gaguim se baseia num Estudo que mostrou a O GIRASSOL, com dados impressionantes: Segundo o documento, em vinte anos, passaram pelo programa quase 500 mil crianças e, deste total, não mais que 30 têm hoje uma vida financeira e social estável. “O programa não cumpria a sua função de formar bons profissionais com perspectivas de carreira. É isso que quero mudar. Quero que uma criança passe pela Fundação e se torne um médico, um advogado e quem sabe até um governador”.

Nas contas do governador, já foram gastos quase 1 bilhão de reais, nos Pioneiros Mirins nos últimos 20 anos, com resultados pífios. “Não seria irresponsável de continuar este programa do jeito que ele estava, e nem tampouco acabar com ele. Por
isso quero fazer diferente. Vamos ensinar as nossas crianças conceitos ambientais, reforçar a religiosidade, ensinar uma profissão”. Um convênio com o sistema “S”, (Senai, Senac, Senar, Fieto, Faet) está sendo articulado para garantir a profissionalização dos mirins entre 14 e 16 anos. “Vamos qualificar quase 400 mil meninos em 20 anos. Uma geração inteira”, projeta o governador.

Fonte: Jornal O Girassol

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