segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Primeiros nomes do novo governo serão conhecidos dentro de 10 dias


Governador eleito Marcelo Miranda quer compor uma equipe técnica, mas não vai deixar de prestigiar os políticos

Gilson Cavalcante e Ruy Bucar

O governador eleito Marcelo Miranda (PMDB) deu uma pista importante de como pretende montar o secretariado do seu governo. Declarou recentemente que sua equipe terá perfil técnico. O que quer dizer que vai priorizar a indicação de gestor em vez de político. Uma mudança importante em relação aos seus governos anteriores em que predominou o perfil político.

Na verdade, o governador eleito não tem como fugir do compromisso de ouvir os líderes dos partidos que integram a coligação a Experiência que Faz a Mudança e, que foram muito importantes na costura de uma chapa com­petitiva que levou à vitória. E ele não está se negando a isto. Aliás, Miranda já está realizando esta tarefa. Em caráter reservado, vem conversando com líderes dos partidos coligados buscando ouvir sugestões. Nos partidos também há quadros técnicos que atendem às exigências do peemedebista.

A declaração do governador não deve ser tomada ao pé da letra como uma rejeição ou desprestígio à classe política, porque efetivamente não é. Marcelo vai governar com os partidos e com os líderes que contribuíram para a sua vitória. A declaração apenas confirma a disposição do governador de ter a palavra final na definição da equipe. Marcelo também deseja deixar bem claro que será o comandante. Desde que assumiu a condição de candidato, Marcelo Miranda vem deixando bem claro que uma vez escolhido não vai abrir mão de exercer o seu papel de grande líder deste processo de mudança.

Marcelo Miranda vai herdar uma máquina falida, grande, onerosa e ineficiente. Inevitavelmente vai ter que promover um enxugamento, extinguir órgãos, fundir outros e reduzir gastos. Ao todo o Estado possui mais de 40 órgãos entre secretarias, fundações e autarquias. Alguns órgãos não têm sequer orçamento e foram criados para atender a arranjos políticos, a exemplo da secretaria extraordinária de apoio ao gabinete do governador e da secretaria para Missões.

A saúde é o maior desafio do novo governo. “Se for preciso, vou lá pra dentro e viro secretário”, disse Marcelo Miranda durante a campanha eleitoral, numa demonstração do quanto está disposto a resolver a crise da saúde, a qual considera que é uma crise de gestão, já que não faltam recursos. O ex-secretário da Saúde de Palmas Samuel Bonilha e o médico e ex-deputado Walfredo Reis são os nomes mais cotados para esta pasta. Os dois têm experiência como gestor, são de extrema confiança e têm prestígio junto a classe médica.

Entretanto, o médico legista Eduardo Henrique Vidal Godinho já manifestou interesse em assumir a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) na nova gestão do. E vem se articulando nesse sentido, mantendo contados com o Sindicato dos Médicos (Simed) e o Conselho Regional de Medicina (CRM). O governador eleito já tem conhecimento de sua disponibilidade em assumir a pasta, mas até o momento se reserva no direito de analisar os fatos.

O advogado Hebert Buti, que preside a comissão de transição, é o nome mais indicado para a Secretaria de Segurança Pública cargo que já ocupou no governo Marcelo Miranda. O ex-secretário de Habitação de Palmas Aleandro Lacerda também tem vaga garantida neste governo. Lacerda pode assumir a Secretaria das Cidades, Habitação e Desenvolvimento. Quem também tem vaga garantida é o ex-secretário de Justiça Télio Leão, que deve ser escalado para o comando da Secretaria de Defesa Social, e a advogada Ângela Marquez, que pode ser indicada para a Casa Civil.

O advogado Deocleciano Gomes, que integra a Comissão de Transição, numa indicação do PV, pode assumir a Procuradoria Geral do Estado na conta do seu partido. Luiz Antônio da Rocha será o secretário Geral da Go­vernadoria, e o empresário Eu­doro Pedroza pode assumir o comando da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Pela importância que teve na campanha, o tucano Agimiro Costa tem grandes possibilidades de voltar ao comando da Secretaria do Trabalho e Assistência Social.

Os ex-deputados Paulo Sidnei, Osvaldo Reis e Derval de Paiva constituem reserva moral do novo governo. Tanto podem ser apenas conselheiros, como também podem assumir alguma pasta. Paulo Sidnei, que já foi secretário de Planejamento no governo Moisés Avelino, pode retornar ao cargo. Pela função que exerceu na campanha de coordenador-geral e membro do conselho político, Derval de Paiva tem o perfil ideal para assumir a Secretaria de Relações Institucionais. Osvaldo Reis poderá ocupar uma assessoria especial no Palácio Araguaia, a Secretaria de Representação do Tocantins em Brasília ou mesmo o escritório regional do governo no Bico do Papagaio.

O deputado Marcelo Lelis (PV) é um nome muito importante nas articulações e pode contribuir com a indicação para a Agência de Desenvolvimento Turístico (Ade­tur) e para a Secretaria de Energias Limpas, Recursos Hídricos e Projetos Especiais, com nomes do PV para estas funções. Lelis foi fundamental para a vitória de Marcelo Miranda, deu a ele o eleitorado jovem que não tinha identificação com o peemedebista.

A senadora Kátia Abreu (PMDB) também deve fazer as suas indicações. O afilhado suplente de deputado e líder ruralista Paulo Carneiro, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faet) pode virar secretário da Agricultura e Abas­te­cimento. Se a senadora assumir o Ministério da Agricultura aumenta a chance de Paulo Carneiro virar secretário da Agricultura. Não que a senadora vá fazer alguma imposição, mas porque é uma solução para o governo Marcelo ter um aliado da senadora no comando do setor.

No PT, vários nomes disputam a preferência na indicação do partido para compor o governo. O próprio presidente da legenda, Júlio César Brasil, suplente de deputado e ex-prefeito de Couto Magalhães, têm perfil para ocupar alguma pasta. O também ex-prefeito de Dianópolis José Salomão, suplente de deputado, consta na lista de nomes que podem ser aproveitados. Cotado ainda o nome do suplente de deputado federal Freitas do PT, dentre outros.

Os petistas, que saíram na frente na sugestão de nomes a Marcelo Miranda, esperam que o partido seja contemplado com a área agrária.

Cultura

O cantor e compositor Ge­nésio Tocantins, que foi candidato a deputado estadual, o advogado Júlio César, o jornalista José Sebastião Pinheiro e o marqueteiro Melck Aquino são os nomes mais cotados para ocupar a Fundação Cultural.

Outro aspecto que também terá relevância na composição do secretariado é a representação regional. As cidades de Araguaína e Gurupi têm peso para indicar secretários. Bem como as regiões do Bico do Papagaio e Sudeste. Esta representação pode muito bem conciliar com as indicações dos partidos e de acordo com os critérios técnicos. É bom lembrar que estas duas cidades cresceram muito, têm vida própria, têm densidade eleitoral e cobram esta participação nos governos.

Dizem no meio político que se avaliam as chances de sucesso de um governo pela composição do secretariado. Marcelo Miranda parece compartilhar desta tese. Está fazendo um grande esforço para escolher os nomes certos para cada pasta.

Certamente vai formar uma boa equipe capaz de vencer os desafios de recuperar a qualidade da gestão pública e tirar o Tocantins do marasmo em que se encontra. A desvantagem é que vai encontrar uma máquina completamente desarticulada. A vantagem é que qualquer coisa que fizer vai ser melhor do que a decepcionante gestão Siqueira/Sandoval.

Marcelo está mais maduro, como ele mesmo se refere à experiência acumulada. Também sofreu muito para conquistar o governo do Tocantins pela terceira vez e deve ter aprendido que é preciso prestigiar quem lhe prestigiou nos momentos mais difíceis. Marcelo tem consciência que foi eleito graças ao empenho de alguns líderes como a senadora Kátia Abreu, que bancou o seu nome e derrubou o esquema montado pelo deputado Júnior Coimbra por recomendação do Palácio Araguaia, para impedir a sua candidatura, negando-lhe a legenda.


O suplente de senador Donizeti Nogueira e o deputado Marcelo Lelis também figuram na lista dos que mais se esforçaram para levar seus partidos para fazer aliança com o PMDB, o que garantiu uma vitória consagradora nas urnas. O governo eleito não será muito diferente deste contexto político que o levou à vitória. Nomes do quadro de efetivo também podem ganhar destaque assim como quadros do meio acadêmico e de classe podem ser convidados. Alguns secretários já foram sondados e já disseram sim, mas é preciso aguardar a diplomação do governador, marcada para o dia 19 de dezembro, para ter esses nomes confirmados.

Fonte: Jornal Opção Tocantins

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