Governador eleito Marcelo
Miranda quer compor uma equipe técnica, mas não vai deixar de prestigiar os
políticos
Gilson Cavalcante e Ruy
Bucar
O governador eleito Marcelo
Miranda (PMDB) deu uma pista importante de como pretende montar o secretariado
do seu governo. Declarou recentemente que sua equipe terá perfil técnico. O que
quer dizer que vai priorizar a indicação de gestor em vez de político. Uma
mudança importante em relação aos seus governos anteriores em que predominou o
perfil político.
Na verdade, o governador
eleito não tem como fugir do compromisso de ouvir os líderes dos partidos que
integram a coligação a Experiência que Faz a Mudança e, que foram muito
importantes na costura de uma chapa competitiva que levou à vitória. E ele não
está se negando a isto. Aliás, Miranda já está realizando esta tarefa. Em
caráter reservado, vem conversando com líderes dos partidos coligados buscando
ouvir sugestões. Nos partidos também há quadros técnicos que atendem às
exigências do peemedebista.
A declaração do governador
não deve ser tomada ao pé da letra como uma rejeição ou desprestígio à classe
política, porque efetivamente não é. Marcelo vai governar com os partidos e com
os líderes que contribuíram para a sua vitória. A declaração apenas confirma a
disposição do governador de ter a palavra final na definição da equipe. Marcelo
também deseja deixar bem claro que será o comandante. Desde que assumiu a
condição de candidato, Marcelo Miranda vem deixando bem claro que uma vez
escolhido não vai abrir mão de exercer o seu papel de grande líder deste
processo de mudança.
Marcelo Miranda vai herdar
uma máquina falida, grande, onerosa e ineficiente. Inevitavelmente vai ter que
promover um enxugamento, extinguir órgãos, fundir outros e reduzir gastos. Ao
todo o Estado possui mais de 40 órgãos entre secretarias, fundações e autarquias.
Alguns órgãos não têm sequer orçamento e foram criados para atender a arranjos
políticos, a exemplo da secretaria extraordinária de apoio ao gabinete do
governador e da secretaria para Missões.
A saúde é o maior desafio do
novo governo. “Se for preciso, vou lá pra dentro e viro secretário”, disse
Marcelo Miranda durante a campanha eleitoral, numa demonstração do quanto está
disposto a resolver a crise da saúde, a qual considera que é uma crise de
gestão, já que não faltam recursos. O ex-secretário da Saúde de Palmas Samuel
Bonilha e o médico e ex-deputado Walfredo Reis são os nomes mais cotados para
esta pasta. Os dois têm experiência como gestor, são de extrema confiança e têm
prestígio junto a classe médica.
Entretanto, o médico legista
Eduardo Henrique Vidal Godinho já manifestou interesse em assumir a Secretaria
de Estado da Saúde (Sesau) na nova gestão do. E vem se articulando nesse
sentido, mantendo contados com o Sindicato dos Médicos (Simed) e o Conselho
Regional de Medicina (CRM). O governador eleito já tem conhecimento de sua
disponibilidade em assumir a pasta, mas até o momento se reserva no direito de
analisar os fatos.
O advogado Hebert Buti, que
preside a comissão de transição, é o nome mais indicado para a Secretaria de
Segurança Pública cargo que já ocupou no governo Marcelo Miranda. O
ex-secretário de Habitação de Palmas Aleandro Lacerda também tem vaga garantida
neste governo. Lacerda pode assumir a Secretaria das Cidades, Habitação e
Desenvolvimento. Quem também tem vaga garantida é o ex-secretário de Justiça
Télio Leão, que deve ser escalado para o comando da Secretaria de Defesa
Social, e a advogada Ângela Marquez, que pode ser indicada para a Casa Civil.
O advogado Deocleciano
Gomes, que integra a Comissão de Transição, numa indicação do PV, pode assumir
a Procuradoria Geral do Estado na conta do seu partido. Luiz Antônio da Rocha
será o secretário Geral da Governadoria, e o empresário Eudoro Pedroza pode
assumir o comando da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia
e Inovação.
Pela importância que teve na
campanha, o tucano Agimiro Costa tem grandes possibilidades de voltar ao
comando da Secretaria do Trabalho e Assistência Social.
Os ex-deputados Paulo
Sidnei, Osvaldo Reis e Derval de Paiva constituem reserva moral do novo
governo. Tanto podem ser apenas conselheiros, como também podem assumir alguma
pasta. Paulo Sidnei, que já foi secretário de Planejamento no governo Moisés
Avelino, pode retornar ao cargo. Pela função que exerceu na campanha de coordenador-geral
e membro do conselho político, Derval de Paiva tem o perfil ideal para assumir
a Secretaria de Relações Institucionais. Osvaldo Reis poderá ocupar uma
assessoria especial no Palácio Araguaia, a Secretaria de Representação do
Tocantins em Brasília ou mesmo o escritório regional do governo no Bico do
Papagaio.
O deputado Marcelo Lelis
(PV) é um nome muito importante nas articulações e pode contribuir com a
indicação para a Agência de Desenvolvimento Turístico (Adetur) e para a
Secretaria de Energias Limpas, Recursos Hídricos e Projetos Especiais, com
nomes do PV para estas funções. Lelis foi fundamental para a vitória de Marcelo
Miranda, deu a ele o eleitorado jovem que não tinha identificação com o
peemedebista.
A senadora Kátia Abreu
(PMDB) também deve fazer as suas indicações. O afilhado suplente de deputado e
líder ruralista Paulo Carneiro, vice-presidente da Federação da Agricultura e
Pecuária (Faet) pode virar secretário da Agricultura e Abastecimento. Se a
senadora assumir o Ministério da Agricultura aumenta a chance de Paulo Carneiro
virar secretário da Agricultura. Não que a senadora vá fazer alguma imposição,
mas porque é uma solução para o governo Marcelo ter um aliado da senadora no
comando do setor.
No PT, vários nomes disputam
a preferência na indicação do partido para compor o governo. O próprio
presidente da legenda, Júlio César Brasil, suplente de deputado e ex-prefeito
de Couto Magalhães, têm perfil para ocupar alguma pasta. O também ex-prefeito
de Dianópolis José Salomão, suplente de deputado, consta na lista de nomes que
podem ser aproveitados. Cotado ainda o nome do suplente de deputado federal
Freitas do PT, dentre outros.
Os petistas, que saíram na
frente na sugestão de nomes a Marcelo Miranda, esperam que o partido seja contemplado
com a área agrária.
Cultura
O cantor e compositor
Genésio Tocantins, que foi candidato a deputado estadual, o advogado Júlio
César, o jornalista José Sebastião Pinheiro e o marqueteiro Melck Aquino são os
nomes mais cotados para ocupar a Fundação Cultural.
Outro aspecto que também
terá relevância na composição do secretariado é a representação regional. As
cidades de Araguaína e Gurupi têm peso para indicar secretários. Bem como as
regiões do Bico do Papagaio e Sudeste. Esta representação pode muito bem
conciliar com as indicações dos partidos e de acordo com os critérios técnicos.
É bom lembrar que estas duas cidades cresceram muito, têm vida própria, têm
densidade eleitoral e cobram esta participação nos governos.
Dizem no meio político que
se avaliam as chances de sucesso de um governo pela composição do secretariado.
Marcelo Miranda parece compartilhar desta tese. Está fazendo um grande esforço
para escolher os nomes certos para cada pasta.
Certamente vai formar uma
boa equipe capaz de vencer os desafios de recuperar a qualidade da gestão
pública e tirar o Tocantins do marasmo em que se encontra. A desvantagem é que
vai encontrar uma máquina completamente desarticulada. A vantagem é que qualquer
coisa que fizer vai ser melhor do que a decepcionante gestão Siqueira/Sandoval.
Marcelo está mais maduro,
como ele mesmo se refere à experiência acumulada. Também sofreu muito para
conquistar o governo do Tocantins pela terceira vez e deve ter aprendido que é
preciso prestigiar quem lhe prestigiou nos momentos mais difíceis. Marcelo tem
consciência que foi eleito graças ao empenho de alguns líderes como a senadora
Kátia Abreu, que bancou o seu nome e derrubou o esquema montado pelo deputado
Júnior Coimbra por recomendação do Palácio Araguaia, para impedir a sua
candidatura, negando-lhe a legenda.
O suplente de senador
Donizeti Nogueira e o deputado Marcelo Lelis também figuram na lista dos que
mais se esforçaram para levar seus partidos para fazer aliança com o PMDB, o
que garantiu uma vitória consagradora nas urnas. O governo eleito não será
muito diferente deste contexto político que o levou à vitória. Nomes do quadro
de efetivo também podem ganhar destaque assim como quadros do meio acadêmico e
de classe podem ser convidados. Alguns secretários já foram sondados e já
disseram sim, mas é preciso aguardar a diplomação do governador, marcada para o
dia 19 de dezembro, para ter esses nomes confirmados.
Fonte: Jornal Opção Tocantins
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