Envolvido em acusações de tráfico de influência para
liberar a obra de um prédio onde comprou um apartamento, em Salvador, o
ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria do Governo) pediu demissão do cargo
nesta sexta-feira (25). O pedido foi enviado por e-mail ao presidente Michel
Temer. Geddel está na Bahia.
A demissão chega um dia após ser tornado público o
depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal em que
ele acusa Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) de também o terem
pressionado para interceder em favor da obra ligada a Geddel.
Em sua carta de demissão, Geddel afirma que tomou a
decisão "diante da dimensão das interpretações dadas" ao episódio e
do "sofrimento dos meus familiares", com a repercussão do caso. Ele é
o sexto ministro do governo Temer a cair.
A crise no núcleo do governo Temer teve início com
entrevista de Calero ao jornal "Folha de S.Paulo" na qual o ex-ministro
revelou que um dos motivos de ter pedido demissão havia sido a pressão exercida
por Geddel para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional) autorizasse a obra de um prédio de 30 andares numa região histórica
de Salvador, nas imediações de monumentos tombados.
O Iphan, órgão subordinado ao Ministério da Cultura,
havia embargado a obra e exigido que a construção tivesse somente 13 andares.
Investigações do caso
Ao deixar o cargo, Geddel perde o direito ao foro
privilegiado, que faz com que ministros de Estados só possam ser julgados
criminalmente pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A Polícia Federal remeteu o depoimento de Calero ao STF.
A Procuradoria-Geral da República estudava abrir um inquérito contra Geddel
para investigar a suposta pressão sobre o Iphan.
A Comissão de Ética da Presidência da República também
abriu uma investigação sobre o caso. O presidente da comissão, Mauro Menezes,
afirmou hoje que o processo contra Geddel continua a tramitar mesmo após o
pedido de demissão, pois ex-autoridades também podem ser punidas com a pena de
censura.
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