quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Entrevista com os pré-candidatos à prefeitura de DNO: Hercy Filho fala sobre o PMDB e a administração petista


A primeira entrevista com os pré-candidatos à prefeitura de Dianópolis é com Hercy Filho (PMDB), que lançou seu nome para viabilizar a sua candidatura na convenção do partido que será realizada em junho.

"O Osvaldo vai continuar nessa função que ele faz com muita competência, de ser o primeiro a defender o prefeito. Eu acho que ele está bem nessa posição."


Por Carlos Henrique Furtado

Falamos sobre vários assuntos com ênfase para o racha do partido em Dianópolis, quando Hercy declara que Osvaldo Baratins não quer "deixar seu atrelamento" a administração de José Salomão. O pré-candidato tambem explicou porque deixou atrasar a folha de pagamentos dos servidores no final de sua administração.

Acompanhe a entrevista:

Hoje Tocantins - Hercy o senhor já foi prefeito de Dianópolis, por que quer retornar à prefeitura?

Hercy Filho - Queria agradecer a oportunidade de estar aqui falando para Dianópolis e o Tocantins.

A gente tem um sentimento passional por Dianópolis, um amor. Eu vim aqui no mês de julho e fiz uma análise, conversei com minha família, e, diante das pessoas que se apresentaram como pré-candidatos, achei que estava no momento de emprestar meu nome de novo, para Dianópolis.

Tive a oportunidade de refletir sobre o que fiz ou deixei de fazer (quando prefeito). Assumi outros projetos que nos deu experiências, nos deu visibilidade, nos deu relacionamentos, no sentido de podermos prestar de novo todo esse trabalho para Dianópolis e fazer com que as coisas aconteçam.

Hoje Tocantins - Como o senhor analisa esses 7 anos de administração petista?

Hercy Filho - O Salomão teve um ciclo administrativo interessante, ele começou a administração um pouco emperrada, depois teve o momento em que as coisas, projetadas anteriormente, aconteceram em sua administração. O Projeto Manuel Alves, as PCHs, o que deu uma movimentação diferenciada em Dianópolis.

De lá pra cá a administração tem sido correta, dentro da Responsabilidade Fiscal, mas uma administração tímida. Eu acho que pelos relacionamentos que o Zé (Salomão) tem, pela experiência de vida, pela competência que tem, devia estar realizando mais. Dianópolis está aquém do que poderia estar acontecendo.

A prefeitura não pode ter recursos só para bancar o custeio. Tem que buscar meios de adquirir recursos para investir. Acho que faltou isso. A administração do Zé é criteriosa mas muito tímida.

Hoje Tocantins - Como o senhor analisa a mudança da Escola Técnica Federal para Guaraí, embora Dianópolis tenha ganho o Instituto Federal de Educação?

Hercy Filho - Vou usar uma expressão popular: "Quando o cobertor está curto você cobre a cabeça mas descobre os pés". Nós estamos ganhando e perdendo.

A ETF - Escola Técnica Federal foi viabilizada no governo Marcelo Miranda, agora, em vez da ETF está sendo lançada, nós estamos discutindo a perda da escola.

Faltou gestão. Tínhamos garantido a ETF, depois agregamos a isso uma coisa melhor ainda que é o IFE - Instituto Federal de Educação. Mas ficar o IFE e perder a ETF é a história do cobertor curto.

Em termos de ganho o IFE é até melhor, além dos cursos tecnológicos, a nível de ensino médio, existe ainda os cursos superiores. Mas os cursos técnicos são importantíssimos para a qualificação de mão-de-obra.

Hoje Tocantins - Se fala muito na falta de representatividade de Dianópolis. Ou seja, não tem nenhum deputado estadual , nem federal para reivindicar recursos para o município.

Hercy Filho - Eu trataria essa história de falta de representatividade de balela. Enquanto Dianópolis não tiver uma pessoa que agregue, que atraia, isso vai acontecer sempre. Não existe essa camaradagem na política, não.

Nós teremos representatividade no dia que tiver um prefeito que converge. Ficar esperando os políticos vir dar apoio não vai acontecer. Tem que agregar.

Hoje Tocantins - Se fala que a região sudeste não tem peso eleitoral, devido ao baixo número de eleitores. O senhor acredita nisso ou acha que outros fatores levam ao abandono do sudeste tocantinense?

Hercy Filho - Acredito. Nós, enquanto Goiás, éramos considerados o "Corredor da Miséria". Nossa identificação era com Brasília e Goiânia. Quando veio o Tocantins nós ficamos de escanteio.

Com a Belém-Brasília e toda a sua pujança, agregou alguns eixos históricos como Porto Nacional, Tocantinópolis, Araguatins e outros que tinham uma tradição de luta maior pelo Tocantins.

Então os mandatários do Tocantins não tem pelo sudeste um compromisso maior.

Nós somos abandonados sim. Nós temos que gritar mais do que os outros. Dianópolis tem que se fazer ouvida. Ela que é reponsável pelo sudeste porque é maior. Nós temos que nos fazer presente, nos fazer vistos.

Hoje Tocantins - O PMDB de Dianópolis está rachado em dois grupos. Um ligado ao presidente da Câmara, Osvaldo Baratins, apoiado pela deputada estadual Josi Nunes, e o outro ligado ao senhor, e apoiado pelo deputado federal e presidente estadual do PMDB Junior Coimbra. Como está essa situação do PMDB em Dianópolis?

Hercy Filho - Osvaldo atualmente assume a presidência branca do diretório dianopolino. De fato ela não existe. Íamos fazer uma reunião em setembro, mas houve uma ação de Baratins que acabou desaguando nessa história de não ter existido a nossa convenção.

A divisão existe, são reais. Mas elas não são salutares, nem para o partido, nem para o contexto político. Eu preciso de Osvaldo tanto quanto ele precisa de mim. Nós devemos conversar nos primeiros momentos de janeiro.

Hoje Tocantins - Baratins é hoje um aliado do prefeito Salomão, o senhor está lançando a sua pré-candidatura. Como se administra isso dentro de um partido facetado?

Hercy Filho - Eu tenho certeza absoluta, e confiança dos meus companheiros, de que eu serei escolhido, com todo respeito que eu tenho pelo Osvaldo.

O Osvaldo vai continuar nessa função que ele faz com muita competência, de ser o primeiro a defender o prefeito. Eu acho que ele está bem nessa posição.

Não tenho muitas ilusões do PMDB caminhar junto com o PT. Porque dificilmente o PT cederia a cabeça de chapa para outro partido. Eu não estou dizendo que sou o melhor, quem vai dizer isso é a população. Nós vamos ser escolhidos pelos eleitores e não pelo prefeito.

Hoje Tocantins - Hoje o PMDB tem duas secretarias na dministração municipal. A Secretaria da Juventude ligada a Osvaldo Baratins, e Ação Social ligada ao vice-prefeito Robson que é ligado ao senhor. Ou seja, o PMDB é oposição mas participando da administração. Como funciona isso?

Hercy Filho - Essa é a posição ambígua que nós vivemos hoje. Eu tenho me colocado contra ela já há algum tempo.

Em 2010 era momento de Salomão sair candidato a deputado estadual. O meu partido foi ao prefeito propor apoio para essa candidatura. Aí o senhor Osvaldo e o senhor Régis trabalharam contra. Trabalhou também contra o PT, que não queria perder os cargos que tem, os cabides eleitorais dentro da prefeitura.

O Régis trabalhou contra porque se o Robson assumisse poderia ser candidato a reeleição.

A partir desse momento eu entendi que o PMDB não servia para estar no governo. Porque não tiveram confiabilidade de permitir que o PMDB assumisse os destinos da administração.

Eu sugeri então que entregassem os cargos. Porque fica ambígua essa situação. Já está passando da hora do PMDB buscar caminho próprio. Dessa maneira que está não dá...

Hoje Tocantins - ...ou seja, o PMDB quer fazer oposição mas não quer largar as "tetas" do governo?

Hercy Filho - Eu não sou do PMDB do Sarney, de Renan Calheiros. Eu sou do PMDB de Ulisses, Paulo Brossard, eu sou do PMDB que tinha linha. Eu não sou do PMDB governista.

Existe um PMDB governista. Se o governo é vermelho, ele é vermelho, se é amarelo, ele é amarelo, se é preto, ele é preto. Não interessa a cor partidária. Perde a identidade.

O nosso presidente (Baratins) não quer desapegar em hipótese nenhuma desse atrelamento. Não tem sentido. Precisa sair da administração para buscar o próprio caminho, que pode até ser junto com o PT.

Nós não precisamos de emprego, nós precisamos de participação na administração. E que estou vendo é emprego e não participação do PMDB.

Hoje Tocantins - Quando se fala em seu nome como pré-candidato alguns refutam dizendo que quando o senhor foi prefeito atrasou o pagamento dos servidores.

O que aconteceu quando o senhor foi prefeito?


Hercy Filho - A crítica é pertinente e é bom que seja feita. Não se pode é potencializar uma situação que foi bem menor do que falam.

No mês de outubro (do último ano da administração), eu atrasei uma folha de pagamento. Hoje com a Responsabilidade Fiscal você não pode deixar nenhum resto a pagar para a adminstração seguinte, senão tiver dinheiro correspondente em caixa.

Mas naquela época não tinha essa Lei, e era praxe pagar todo dia 10 do mês subsequente ao trabalhado. O atraso derivou de uma grande irresponsabilidade que o governador Siqueira Campos fez com o município.

Ele (Siqueira) fez um convênio para asfaltamento urbano, e esse convênio tinha uma contrapartida. No afã que esse convênio fosse sair, propus ao Banco do Brasil, que era permitido na época, um crédito de antecipação de receita do ICMS. Paguei as despesas do INSS para poder ter as certidões negativas, e assim receber os recursos.

Usei esse dinheiro para acertar alguns compromissos, na certeza que a antecipação da receita fosse sair. Quando eu gastei o dinheiro, pagando INSS, sequei o caixa e o outro dinheiro não entrou. Esse foi o erro que aconteceu.

Mas isso me deixa muito satisfeito de ser apontado apenas isso como erro.

Hoje Tocantins - Com relação ao Juventude, time de Dianópolis, o senhor acha que a administração municipal tem que apoiar finaceiramente o retorno ao Campeonato Tocantinense?

Hercy Filho - Você já viu Dianópolis mais em evidência do que naquele tempo? Tudo aquilo que fomenta culturalmente é obrigação do município fazer.

O município não pode bancar tudo. Ele tem que chamar o empresariado.

Gurupi tem ajuda da prefeitura, o Tourão do Norte (Araguaína), tem ajuda da prefeitura. O governador Siqueira Campos apareceu recentemente prometendo ajuda para o Tocantins Esporte Clube.

Nossos times ainda não tem visibilidad para ter sustentação meramente comercial.

Hoje Tocantins - Hercy gostaria de agradecer a sua participação.

Hercy Filho - Eu quero agradecer pela oportunidade e dizer que nos momentos em que você queira fazer as suas ponderações, que eu sou uma pessoa aberta e democrática. Sei ouvir, sei aceitar as críticas. E é interessante que elas sejam feitas para redirecionar os rumos.

E quero dizer ao povo de Dianópolis que a gente tem a pretensão de vir a ser candidato. Vou trabalhar a pré-candidatura para poder contribuir com Dianópolis.

Espero que a sociedade seja a verdadeira condutora de Dianópolis. Desejo dias melhores, que o Zé possa potencializar sua administração, para que nesse último ano possa buscar o melhor que ele possa fazer por Dianópolis.

Nós não podemos ser menos que Dianópolis, temos que saber buscar para que ela se potencialize, que ela seja rainha, essa Capital do Sudeste, que seja um celeiro de oportunidades.

Fonte: www.hojetocantins.com

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