Edição 2044 - Jornal Opção
Peemedebista vê
possibilidade de definir a eleição já no primeiro turno, mas pede toda força
por parte da militância
Na entrevista exclusiva ao
Jornal Opção, o candidato ao governo Marcelo Miranda (PMDB) revelou que está
mais experiente e preparado para voltar a governar o Estado. Acredita que o
pleito seja definido já no primeiro turno, mas faz apelo à militância para se
empenhar ainda mais nessa reta final da campanha. “Hoje se tem mais dinheiro e
se faz muito menos”, sustenta Miranda, referindo-se às gestões que o sucederam.
Ele quer voltar ao governo para retomar o círculo virtuoso do desenvolvimento,
investindo em áreas que geram empregos. Disse que o governador Sandoval Cardoso
participou de uma manobra que o conduziu ao mandato como governador para um
mandato tampão e avalia que a atual administração é um “desgoverno como nunca
se viu antes no Estado”. “Em algumas áreas, chega-se ao estado de caos, como a
saúde pública. Em outros, poderíamos chamar, no mínimo, de alarmante, como a
segurança. Então, acho que essa avaliação vai se refletir no resultado
eleitoral.”
O senhor deve receber um
Estado arrasado econômico e financeiramente. Caso seja eleito, quais as cinco
primeiras medidas de impacto?
Você tem razão na sua
afirmativa. É o que está se desenhando. Mas eu quero lhe dizer que ao assumir o
desafio das eleições eu tinha consciência dessa realidade. E se eleito eu for,
tenho a obrigação de fazer as mudanças que o Tocantins precisa e o que o povo
quer. Já tenho um diagnóstico do Estado e sei o que vou enfrentar. Eu tenho
pedido o voto de confiança de todo o povo tocantinense porque sei que estou preparado
para fazer as mudanças e colocar de novo o Tocantins nos trilhos do
desenvolvimento. Assim, em primeiro lugar, podem esperar um verdadeiro choque
de gestão na saúde. Precisamos tirar a saúde da UTI, e aos poucos ir
remodelando todo o sistema, dando dignidade aos profissionais da área e aos
pacientes. Em segundo lugar, no meu governo será tolerância zero com o crime.
Vamos também procurar recuperar a economia, retomando o círculo virtuoso que
cria condições para empresário investir e, como consequência, gera empregos e
renda. Será preciso retomar a política de moradia popular, com toda a
experiência que já trazemos das administrações anteriores, quando construímos
40 mil casas antes mesmo que o governo federal lançasse o Minha Casa Minha
Vida. E nesse desafio dos cinco pontos que você me lançou, pode anotar: vamos
retomar o Governo Mais Perto de Você.
Qual será a sua principal
política para ampliar o desenvolvimento do Tocantins?
Eu quero inicialmente
lembrar que em 2009, quando deixei o governo, nós tínhamos R$ 938 milhões
arrecadados no ICMS. Se pegarmos somente os dados do ano passado, isso saltou
para R$ 1 bilhão e 679 milhões de arrecadação. E veja só um contrassenso: no
meu governo, de 9% a 12% eram investidos em infraestrutura. Hoje, não se atinge
nem 3%. Ou seja, hoje se tem mais dinheiro e se faz muito menos. Temos de
retomar o círculo virtuoso do desenvolvimento, investindo em áreas que geram
empregos. Aí eu destaco a necessidade de pensarmos na agroindústria
sustentável, de não deixarmos mais os nossos produtos ficarem saindo daqui
somente in natura. Por exemplo, por que mandar o abacaxi in natura lá pra fora?
Temos que pensar em produzir o suco de abacaxi e o doce de abacaxi. Outra coisa
importante é que Palmas precisa ser pensada, por sua localização estratégica no
centro do Brasil, pelo modal de transporte com a Ferrovia Norte-Sul, o
aeroporto e sua capacidade de ampliação para transporte de cargas, e a
recuperação e duplicação de rodovias, como um polo de distribuição para o
Brasil e toda a América Latina. Isso é factível. Será mais ainda, quando também
viabilizarmos junto ao governo federal a hidrovia no Rio Tocantins.
O que o funcionalismo
público pode esperar de um possível governo Marcelo Miranda?
O funcionalismo público pode
esperar um governador que vai o tempo todo se sentir na cadeira de chefe do
Poder Executivo como mais um servidor público. Um servidor público ciente de
que foi eleito, que tem tempo para permanecer naquele posto, mas que estará
ciente de que a máquina administrativa precisa funcionar, e bem. E precisa
funcionar bem, não só porque o contribuinte, o usuário do serviço público,
assim quer. Mas porque o servidor também se sente angustiado quando não tem as
condições de trabalho adequadas para prestar um bom serviço. Os direitos
conquistados serão todos respeitados; vamos recuperar o atendimento médico,
hospitalar e laboratorial que foi destruído nesse governo que aí está, mas
vamos também ter de discutir, de forma honesta e urgente, como prestar um
serviço de excelência ao nosso povo.
Quais as principais
políticas de segurança pública que vai adotar?
A base do nosso raciocínio
na segurança pública é a tolerância zero. Precisamos punir dos pequenos delitos
aos grandes. Bandido não pode se sentir à vontade em nosso Estado. E para isso,
é preciso integrar as policias, realizar operações que envolvam a Polícia
Federal, a Polícia Rodoviária Federal as guardas metropolitanas, onde elas
existem. O complexo de segurança tem de conversar entre eles, sem desrespeitar
a autonomia e as características e prerrogativas de cada uma das policias. Até por
isso, eu tenho dito que no nosso governo queremos imediatamente retomar o
Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública que mantínhamos para reuniões
e operações conjuntas entre a Polícia Miliar, a Polícia Civil, a Polícia
Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Guarda Metropolitana, o Ministério
Público e o Poder Judiciário. Foi uma experiência positiva que vamos retomar.
E, de imediato, vou implantar o sistema de monitoramento de câmeras nas três
maiores cidades do Estado, como projeto piloto, para futuramente ser ampliado.
E pode escrever aí: vamos ter uma polícia mais perto das pessoas.
Se eleito, vai manter uma
relação republicana com os prefeitos de oposição?
Não tenha dúvida disso. Sou
um defensor e pratico um governo municipalista. Todos sabem que uma marca que o
governador Marcelo deixou foi o de ser um governo humano moderno e democrático.
E isso não mudou um só milímetro.Terminada a eleição, se eleito for, e uma vez
empossado, serei governador do Estado do Tocantins. E governador não de 30, 40
ou 50 prefeitos ou da parcela da população. Serei governador de todos, aí
incluindo os 139 prefeitos.
Qual o principal motivo de o
Tocantins está se unindo em peso para bancá-lo para governador?
Creio que existe um
sentimento de mudança muito forte na cabeça das pessoas. E essa eleição tem um
componente plebiscitário. A todo momento vejo as pessoas comparando entre o que
elas tinham e podiam contar no meu governo e o que veio depois. E a avaliação
do que veio depois, em especial nesses últimos três anos e oito meses, não tem
sido das melhores. Essa comparação acho que estará presente até o dia da
eleição, e o povo será sábio pra fazer o julgamento se quer que o Estado
continue nesse estado de desgoverno que está aí ou se prefere um gestor
experiente e capaz de fazer um governo humano e mais perto das pessoas.
Qual é a capacidade de
endividamento do Estado? Onde o senhor vai conseguir recursos para fazer os
investimentos nas mais diversas áreas, principalmente em logística?
Já governei o Estado e
conseguimos colocá-lo como uma referência no centro-norte do país em diversas
áreas. O Tocantins é um Estado importante para a logística do País, e pode ser
desenvolvido para ser um polo energético, por exemplo, ajudando na expansão da
economia brasileira. Estamos no coração do Brasil e só isto já garante que
investidores e financiadores de grandes projetos tenham interesse de aportar
recursos no nosso Estado. Mas é preciso ter iniciativa política. É preciso
arregaçar as mangas e ir buscar esses investimentos, eles não caem do céu.
Além, disso quero destacar que o governo federal sempre foi um grande parceiro
nos nossos projetos, e tenho certeza que vai continuar sendo. Temos o PT ao
nosso lado, temos a senadora Kátia que tem livre trânsito em Brasília, e o meu
partido, o PMDB, tem prestígio e confiança para nos ajudar a viabilizar novos
projetos.
Uma ampla reforma política
pode amadurecer a democracia? Quais os pontos mais importantes que devem ser
contemplados, segundo seu entendimento?
A reforma política é um
debate privativo, pelo menos no âmbito da tomada de decisão, do Congresso
Nacional. Precisa ser feito? Precisa ser feito. Mas esse é um momento de se
deter no embate eleitoral do Tocantins e do Brasil. Temos de garantir a continuidade
das nossas conquistas, de um lado, e, de outro, retirar da frente tudo o que
nos impede de avançar mais. Temos muitas reformas para fazer no campo social,
na saúde, na educação, na segurança pública, na infraestrutura, e são esses os
temas que mais nos preocupa nesse momento para garantir um futuro melhor às
pessoas. No momento certo, vamos nos deter com nossa bancada federal no tema da
reforma política.
O senhor acredita que a
eleição seja definida já no primeiro turno?
Meu pai, Brito Miranda, que já
presidiu a Assembleia Legislativa de Goiás e ocupou importantes cargos no Poder
Executivo, do alto de sua sabedoria de homem experimentado da política, gosta
de repetir que “política é como mineração, só depois da apuração”. Eu penso
assim, e trabalho dia após dia para conquistar mais votos, independente se a
pesquisa aponta uma vantagem a meu favor. Pesquisa não ganha eleição. Então,
prefiro trabalhar duro e orientar os militantes e apoiadores a fazerem o mesmo.
Mas, pelo trabalho que temos feito, e pela aceitação que percebemos, por onde
passamos, estou convencido que a possibilidade de fecharmos no primeiro turno é
visível e clara.
O senhor vai precisar de
maioria na Assembleia Legislativa para lhe garantir governabilidade. A pouco
menos de um mês para o pleito, o senhor vai fazer apelo ao eleitor para
garantir essa maioria no Legislativo? Acredita que a coligação deve eleger
quantos parlamentares das 24 cadeiras?
O que preciso agora é ter a
maioria dos votos. E é nisso que estou concentrado no momento. Estou confiante
que nossa coligação fará a maioria da bancada da Assembleia Legislativa, assim
como sei que não terei dificuldade de dialogar com nenhum dos deputados que
vierem a ser eleitos. Vou governar com respeito ao Poder Legislativo e sei que,
em tudo aquilo que for pelo bem do Estado, serei merecedor do apoio dos
parlamentares, independente da cor partidária.
Qual avaliação que faz do
governo estadual?
Primeiro, de uma vez por
todas, é preciso que o atual governador pare de tentar fazer o povo acreditar
que ele não representa a continuidade do governo Siqueira Campos. Ele foi
secretário de Siqueira Campos, admitiu publicamente que tinha indicado quatro
outros auxiliares do primeiro escalão, presidiu a Assembleia Legislativa e
votou sempre liderando a bancada governista. Por fim, participou de uma manobra
que o conduziu ao mandato como governador para um mandato tampão. E a minha
avaliação é a mesma da maioria da população do Tocantins: um desgoverno como
nunca se viu antes no Estado. Em algumas áreas, chega-se ao estado de caos,
como a saúde pública. Em outros, poderíamos chamar, no mínimo, de alarmante,
como a segurança pública. Então, acho que essa avaliação vai se refletir no
resultado eleitoral.
Para finalizar, pediria para
o senhor fazer uma análise de todo esse processo que os seus adversários
moveram para tentar torná-lo inelegível.
Já sofri demais com as
perseguições. Mas meu sofrimento maior foi ver que mais do que me prejudicarem,
eles perseguiram mesmo foi nossa gente. Perseguiram conquistas importantes do
servidor, como no caso do PlanSaúde. Perseguiram conquistas no campo social,
praticamente desmontando o Pioneiros Mirins, que era um programa que nem era
originalmente da minha administração, mas que eu havia revitalizado,
demonstrando não me importar com quem criou ou deixou de criar. Perseguiram
conquistas na área da saúde, como no caso do HGP [Hospital Geral de Palmas],
que no meu tempo era visto como um hospital referência para a região
centro-norte do País, e hoje está sucateado e virou motivo de denúncias quase
que diárias da imprensa. Então, para todo esse povo que se viu perseguido, como
eu, quero dizer que estou voltando. Sou elegível, estou preparado, e com muita
disposição para realizar as mudanças que o Tocantins tanto precisa. Quem não
quiser trabalhar que saia da frente.
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