segunda-feira, 8 de setembro de 2014

En­tre­vis­ta - Marcelo Miranda: “Quem não quiser trabalhar que saia da frente”


Edição 2044 - Jornal Opção

Peemedebista vê possibilidade de definir a eleição já no primeiro turno, mas pede toda força por parte da militância

Na entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o candidato ao governo Marcelo Miranda (PMDB) revelou que está mais experiente e preparado para voltar a governar o Estado. Acredita que o pleito seja definido já no primeiro turno, mas faz apelo à militância para se empenhar ainda mais nessa reta final da campanha. “Hoje se tem mais dinheiro e se faz muito menos”, sustenta Miranda, referindo-se às gestões que o sucederam. Ele quer voltar ao governo para retomar o círculo virtuoso do desenvolvimento, investindo em áreas que geram empregos. Disse que o governador Sandoval Cardoso participou de uma manobra que o conduziu ao mandato como governador para um mandato tampão e avalia que a atual administração é um “desgoverno como nunca se viu antes no Estado”. “Em algumas áreas, chega-se ao estado de caos, como a saúde pública. Em outros, poderíamos chamar, no mínimo, de alarmante, como a segurança. Então, acho que essa avaliação vai se refletir no resultado eleitoral.”

O senhor deve receber um Estado arrasado econômico e financeiramente. Caso seja eleito, quais as cinco primeiras medidas de impacto?

Você tem razão na sua afirmativa. É o que está se desenhando. Mas eu quero lhe dizer que ao assumir o desafio das eleições eu tinha consciência dessa realidade. E se eleito eu for, tenho a obrigação de fazer as mudanças que o Tocantins precisa e o que o povo quer. Já tenho um diagnóstico do Estado e sei o que vou enfrentar. Eu tenho pedido o voto de confiança de todo o povo tocantinense porque sei que estou preparado para fazer as mudanças e colocar de novo o Tocantins nos trilhos do desenvolvimento. Assim, em primeiro lugar, podem esperar um verdadeiro choque de gestão na saúde. Precisamos tirar a saúde da UTI, e aos poucos ir remodelando todo o sistema, dando dignidade aos profissionais da área e aos pacientes. Em segundo lugar, no meu governo será tolerância zero com o crime. Vamos também procurar recuperar a economia, retomando o círculo virtuoso que cria condições para empresário investir e, como consequência, gera empregos e renda. Será preciso retomar a política de moradia popular, com toda a experiência que já trazemos das administrações anteriores, quando construímos 40 mil casas antes mesmo que o governo federal lançasse o Minha Casa Minha Vida. E nesse desafio dos cinco pontos que você me lançou, pode anotar: vamos retomar o Governo Mais Perto de Você.

Qual será a sua principal política para ampliar o desenvolvimento do Tocantins?

Eu quero inicialmente lembrar que em 2009, quando deixei o governo, nós tínhamos R$ 938 milhões arrecadados no ICMS. Se pegarmos somente os dados do ano passado, isso saltou para R$ 1 bilhão e 679 milhões de arrecadação. E veja só um contrassenso: no meu governo, de 9% a 12% eram investidos em infraestrutura. Hoje, não se atinge nem 3%. Ou seja, hoje se tem mais dinheiro e se faz muito menos. Temos de retomar o círculo virtuoso do desenvolvimento, investindo em áreas que geram empregos. Aí eu destaco a necessidade de pensarmos na agroindústria sustentável, de não deixarmos mais os nossos produtos ficarem saindo daqui somente in natura. Por exemplo, por que mandar o abacaxi in natura lá pra fora? Temos que pensar em produzir o suco de abacaxi e o doce de abacaxi. Outra coisa importante é que Palmas precisa ser pensada, por sua localização estratégica no centro do Brasil, pelo modal de transporte com a Ferrovia Norte-Sul, o aeroporto e sua capacidade de ampliação para transporte de cargas, e a recuperação e duplicação de rodovias, como um polo de distribuição para o Brasil e toda a América Latina. Isso é factível. Será mais ainda, quando também viabilizarmos junto ao governo federal a hidrovia no Rio Tocantins.

O que o funcionalismo público pode esperar de um possível governo Marcelo Miranda?

O funcionalismo público pode esperar um governador que vai o tempo todo se sentir na cadeira de chefe do Poder Executivo como mais um servidor público. Um servidor público ciente de que foi eleito, que tem tempo para permanecer naquele posto, mas que estará ciente de que a máquina administrativa precisa funcionar, e bem. E precisa funcionar bem, não só porque o contribuinte, o usuário do serviço público, assim quer. Mas porque o servidor também se sente angustiado quando não tem as condições de trabalho adequadas para prestar um bom serviço. Os direitos conquistados serão todos respeitados; vamos recuperar o atendimento médico, hospitalar e laboratorial que foi destruído nesse governo que aí está, mas vamos também ter de discutir, de forma honesta e urgente, como prestar um serviço de excelência ao nosso povo.

Quais as principais políticas de segurança pública que vai adotar?

A base do nosso raciocínio na segurança pública é a tolerância zero. Precisamos punir dos pequenos delitos aos grandes. Bandido não pode se sentir à vontade em nosso Estado. E para isso, é preciso integrar as policias, realizar operações que envolvam a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal as guardas metropolitanas, onde elas existem. O complexo de segurança tem de conversar entre eles, sem desrespeitar a autonomia e as características e prerrogativas de cada uma das policias. Até por isso, eu tenho dito que no nosso governo queremos imediatamente retomar o Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública que mantínhamos para reuniões e operações conjuntas entre a Polícia Miliar, a Polícia Civil, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Guarda Metropolitana, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Foi uma experiência positiva que vamos retomar. E, de imediato, vou implantar o sistema de monitoramento de câmeras nas três maiores cidades do Estado, como projeto piloto, para futuramente ser ampliado. E pode escrever aí: vamos ter uma polícia mais perto das pessoas.

Se eleito, vai manter uma relação republicana com os prefeitos de oposição?

Não tenha dúvida disso. Sou um defensor e pratico um governo municipalista. Todos sabem que uma marca que o governador Marcelo deixou foi o de ser um governo humano moderno e democrático. E isso não mudou um só milímetro.Terminada a eleição, se eleito for, e uma vez empossado, serei governador do Estado do Tocantins. E governador não de 30, 40 ou 50 prefeitos ou da parcela da população. Serei governador de todos, aí incluindo os 139 prefeitos.

Qual o principal motivo de o Tocantins está se unindo em peso para bancá-lo para governador?

Creio que existe um sentimento de mudança muito forte na cabeça das pessoas. E essa eleição tem um componente plebiscitário. A todo momento vejo as pessoas comparando entre o que elas tinham e podiam contar no meu governo e o que veio depois. E a avaliação do que veio depois, em especial nesses últimos três anos e oito meses, não tem sido das melhores. Essa comparação acho que estará presente até o dia da eleição, e o povo será sábio pra fazer o julgamento se quer que o Estado continue nesse estado de desgoverno que está aí ou se prefere um gestor experiente e capaz de fazer um governo humano e mais perto das pessoas.

Qual é a capacidade de endividamento do Estado? Onde o senhor vai conseguir recursos para fazer os investimentos nas mais diversas áreas, principalmente em logística?

Já governei o Estado e conseguimos colocá-lo como uma referência no centro-norte do país em diversas áreas. O Tocantins é um Estado importante para a logística do País, e pode ser desenvolvido para ser um polo energético, por exemplo, ajudando na expansão da economia brasileira. Estamos no coração do Brasil e só isto já garante que investidores e financiadores de grandes projetos tenham interesse de aportar recursos no nosso Estado. Mas é preciso ter iniciativa política. É preciso arregaçar as mangas e ir buscar esses investimentos, eles não caem do céu. Além, disso quero destacar que o governo federal sempre foi um grande parceiro nos nossos projetos, e tenho certeza que vai continuar sendo. Temos o PT ao nosso lado, temos a senadora Kátia que tem livre trânsito em Brasília, e o meu partido, o PMDB, tem prestígio e confiança para nos ajudar a viabilizar novos projetos.

Uma ampla reforma política pode amadurecer a democracia? Quais os pontos mais importantes que devem ser contemplados, segundo seu entendimento?

A reforma política é um debate privativo, pelo menos no âmbito da tomada de decisão, do Congresso Nacional. Precisa ser feito? Precisa ser feito. Mas esse é um momento de se deter no embate eleitoral do Tocantins e do Brasil. Temos de garantir a continuidade das nossas conquistas, de um lado, e, de outro, retirar da frente tudo o que nos impede de avançar mais. Temos muitas reformas para fazer no campo social, na saúde, na educação, na segurança pública, na infraestrutura, e são esses os temas que mais nos preocupa nesse momento para garantir um futuro melhor às pessoas. No momento certo, vamos nos deter com nossa bancada federal no tema da reforma política.

O senhor acredita que a eleição seja definida já no primeiro turno?

Meu pai, Brito Miranda, que já presidiu a Assembleia Legislativa de Goiás e ocupou importantes cargos no Poder Executivo, do alto de sua sabedoria de homem experimentado da política, gosta de repetir que “política é como mineração, só depois da apuração”. Eu penso assim, e trabalho dia após dia para conquistar mais votos, independente se a pesquisa aponta uma vantagem a meu favor. Pesquisa não ganha eleição. Então, prefiro trabalhar duro e orientar os militantes e apoiadores a fazerem o mesmo. Mas, pelo trabalho que temos feito, e pela aceitação que percebemos, por onde passamos, estou convencido que a possibilidade de fecharmos no primeiro turno é visível e clara.

O senhor vai precisar de maioria na Assembleia Legislativa para lhe garantir governabilidade. A pouco menos de um mês para o pleito, o senhor vai fazer apelo ao eleitor para garantir essa maioria no Legislativo? Acredita que a coligação deve eleger quantos parlamentares das 24 cadeiras?

O que preciso agora é ter a maioria dos votos. E é nisso que estou concentrado no momento. Estou confiante que nossa coligação fará a maioria da bancada da Assembleia Legislativa, assim como sei que não terei dificuldade de dialogar com nenhum dos deputados que vierem a ser eleitos. Vou governar com respeito ao Poder Legislativo e sei que, em tudo aquilo que for pelo bem do Estado, serei merecedor do apoio dos parlamentares, independente da cor partidária.

Qual avaliação que faz do governo estadual?

Primeiro, de uma vez por todas, é preciso que o atual governador pare de tentar fazer o povo acreditar que ele não representa a continuidade do governo Siqueira Campos. Ele foi secretário de Siqueira Campos, admitiu publicamente que tinha indicado quatro outros auxiliares do primeiro escalão, presidiu a Assembleia Legislativa e votou sempre liderando a bancada governista. Por fim, participou de uma manobra que o conduziu ao mandato como governador para um mandato tampão. E a minha avaliação é a mesma da maioria da população do Tocantins: um desgoverno como nunca se viu antes no Estado. Em algumas áreas, chega-se ao estado de caos, como a saúde pública. Em outros, poderíamos chamar, no mínimo, de alarmante, como a segurança pública. Então, acho que essa avaliação vai se refletir no resultado eleitoral.

Para finalizar, pediria para o senhor fazer uma análise de todo esse processo que os seus adversários moveram para tentar torná-lo inelegível.


Já sofri demais com as perseguições. Mas meu sofrimento maior foi ver que mais do que me prejudicarem, eles perseguiram mesmo foi nossa gente. Perseguiram conquistas importantes do servidor, como no caso do PlanSaúde. Perseguiram conquistas no campo social, praticamente desmontando o Pioneiros Mirins, que era um programa que nem era originalmente da minha administração, mas que eu havia revitalizado, demonstrando não me importar com quem criou ou deixou de criar. Perseguiram conquistas na área da saúde, como no caso do HGP [Hospital Geral de Palmas], que no meu tempo era visto como um hospital referência para a região centro-norte do País, e hoje está sucateado e virou motivo de denúncias quase que diárias da imprensa. Então, para todo esse povo que se viu perseguido, como eu, quero dizer que estou voltando. Sou elegível, estou preparado, e com muita disposição para realizar as mudanças que o Tocantins tanto precisa. Quem não quiser trabalhar que saia da frente.

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