quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Presidente do distrito do Manuel Alves estuda denunciar suposto “descaso” ao Ministério da Integração Nacional



Dones Rodrigues diz que se reunirá, ainda neste mês, em assembleia com conselheiros com presença do secretário Jaime Café

O presidente do Distrito do projeto Manuel Alves, Dones Rodrigues de Almeida, localizado em Dianópolis, no sudeste do Estado, declarou ao CT que estuda denunciar o suposto “descaso” do governo, mostrado no início desta semana. Conforme o secretário nacional de Irrigação, do Ministério da Integração, Ramon Rodrigues, afirmou em entrevista exclusiva ao CT na terça-feira, 7, o contrato firmado entre governos federal e estadual impõe responsabilidade do Tocantins no projeto. Caso os produtores não estejam recebendo apoio do governo, o secretário pediu para que seja formalizada uma denúncia para apuração do ministério.denunciam "descaso" do governo

A assembleia, que reúne todos os conselheiros do distrito, está prevista para acontecer a partir da segunda quinzena deste mês. Segundo Dones, o distrito deve convocar o secretário estadual de da Agricultura, a Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, Jaime Café.

Ao contrário do que o representante do governo do Estado no Manuel Alves, vereador Ítalo Marcel (PR), afirmou ao CT na terça, Dones negou que tenham sido enviados brigadistas para ajudar apagar o fogo que se alastrou nos lotes do projeto. “Não foram enviados brigadistas, nem tinha água para os produtores apagar o fogo. Muita gente tomou prejuízo”, declarou. Ele disse ainda que os produtores “têm pouca assistência” do representante: “A promessa é grande e a execução é de menos”.

O CT também entrou em contato, na tarde desta quinta-feira, 9, com o presidente da Associação dos Produtores Irrigantes do Manuel Alves, Miguel Alves. Segundo Ítalo, Miguel “não é presidente” da associação e "não tem" lotes dentro do projeto. Ele chegou ainda a tecer duras críticas aos produtores: “São aproveitadores de situação, incompetentes, não trabalham e têm raiva de quem trabalha”, disse o representante do governo tocantinense.

Miguel garantiu que é presidente da associação: “Tenho todos os documentos que comprovam que sou presidente. O Ítalo foi bastante infeliz na sua declaração. Estão todos [os produtores] bastante chateados”, contou. Ele disse que administra, dentro do projeto, dois lotes que pertencem a seus dois filhos: “O governo meu deu carta branca para que eu administrasse os lotes, que pertencem aos meus filhos. Inclusive, os recebi sem qualquer estrutura. Tive que tirar dinheiro do meu próprio bolso para estruturá-lo”, argumentou.

Manter um projeto de fruticultura “é caro”, conforme o presidente destacou. Segundo ele, financeiramente os produtores “não têm condições” de manter um projeto caro, onde metade está estruturado e muita terra “não é fértil”. Para ele, o Estado deveria dar mais apoio. “São pequenos produtores. Tem gente que veio de assentamento e está lutando para alavancar sua produção. Fica difícil quando não tem apoio do governo e quando só tem um representante [Ítalo Marcel], que só pensa em fazer politicagem”, afirmou. “Fiz tudo sozinho: limpeza de lote, gradeei, coloquei cascalho. Agora, vou correr atrás dos meus direitos.”

Caso
Aproximadamente 12 horas foram suficientes para destruir 100% do lote do produtor Egídio Zuchi (fotos abaixo), no final de julho. Ele contou ao CT que já estava em processo de preparação de terra para o plantio neste mês. Egídio também confirmou que não apareceram brigadistas para ajudar apagar o fogo: “Nem água tinha. Pedimos ao governo do Estado uns caminhões-pipa para ajudar, mas não tivemos retorno”, contou.

O produtor também não recebeu o lote estruturado: “Parte do projeto Manuel Alves não tem energia. Eu mesmo tive que mexer no meu lote. Nunca vi o Ítalo Marcel no projeto. Entrei em contato com ele uma vez, para me ajudar a apagar o fogo que tomava conta do meu lote, mas não tive sucesso”, disse.

Entenda
Nessa segunda-feira, 6, o CT recebeu a denúncia de produtores do Manuel Alves que acusavam o governo do Estado de “descaso” no projeto. O CT ainda teve acesso a um vídeo cedido pelo site Sudeste Hoje, do jornalista Carlos Furtado, que mostra a situação dos produtores. No final do mês passado, eles tiveram parte de sua produção consumida pelo fogo, ficaram sem luz, água e qualquer assistência do governo do Estado. O Manuel Alves está localizado em uma área de 20 mil hectares, e é destinado à exploração da agricultura irrigada (fruticultura tropical) na região.

A justificativa dada pela Seagro, através do secretário-executivo, Ruiter Pádua foi que os lotes que pegaram fogo “são de responsabilidade dos próprios proprietários”. O diretor-geral de Irrigação da Seagro, Diego Cavalcante, ainda rebateu: “Os produtores que reclamam, são aqueles que não estão produzindo.”

Em entrevista nessa terça-feira, 7, prefeito de Dianópolis, José Salomão (PT), disse que a Seagro, “não convenceu” nos argumentos dados à denúncia dos produtores.

O coordenador do projeto, vereador Ítalo Marcel garantiu que o governo do Estado “tem feito sua parte" de dar apoio aos produtores e que “tem responsabilidade de administrar o projeto”.

Ao CT, o secretário Nacional de Irrigação, do Ministério da Integração, Ramon Rodrigues, esclareceu que o governo federal é financiador e o governo estadual é executor do projeto Manuel Alves. “Temos o convênio. Tudo o que está dentro do projeto é de responsabilidade do governo estadual sim”, garantiu.

Fonte: Portal CT

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