terça-feira, 21 de agosto de 2012

Você gosta de pesquisa ou de "pesquisa"?

É uma velha discussão: você é a favor ou contra pesquisa eleitoral? Até que ponto a pesquisa influencia na opinião do eleitor na hora de escolher o seu candidato? A publicação da pesquisa muda a opinião do eleitor?
Sejamos verdadeiros: que influencia, influencia! Mas até quanto? Sinceramente, nem as empresas especializadas sabem responder. Se os institutos de pesquisas soubessem com exatidão, não usariam a margem "mágica" de erros, de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Ou seja: na prática, seis pontos.
A pesquisa reflete momentos e fatos. É o espelho do que está acontecendo naquele momento, no local pesquisado. Muitas pessoas são favoráveis à proibição de publicação de pesquisas eleitorais. Alegam que induz o eleitor menos esclarecido, apresentando números falsos. Embora seja algo repugnante, absurdo, isso já aconteceu.
Particularmente não acho que a proibição seja o remédio certo. Desinformação se combate com informação. Montam pesquisas em determinados setores e divulgam como sendo de outros. Exemplos: faz-se uma pesquisa em um bairro e divulga como sendo da cidade inteira. Só que na hora de dar as explicações, fazem com letrinhas miúdas, tipo contrato de convênios de planos de saúde.
Qual é a solução: deixar de fazer o convênio e depois cair na "facada" dos balcões de hospitais? A saída é ler atentamente tudo antes de tomar uma posição. Já que os partidos e nem os candidatos se organizam para se defender deste tipo de coisa, a solução é a de ensinar e depois cobrar do eleitor que leia atentamente tudo.
Existem histórias curiosas e até 'cabeludas' sobre contratação e venda de pesquisas. Que tem um comércio paralelo, isso tem. Mas também tem coisas feitas corretamente. Tem histórias nacionais, regionais e até municipais. No Tocantins já teve (alguns afirmam que ainda tem) gente vendendo pesquisa falsa de todo jeito. Até a distância: aquela que o pesquisador nem vai lá.
E também a "invertida": aquela que se faz o trabalho de campo, depois inverte o resultado de acordo com o comprador. E tem a "montada": aquela que o comprador já monta o resultado, antes de efetivar a compra.
Se for pensar só por estes lados, o melhor mesmo é a proibição. Só que na prática não funciona assim: só existe vendedor bandido porque tem outro bandido comprando. E nesse caso, um não está enganando o outro. Ambos sabem o que estão fazendo: um negócio para tentar enganar o povo, de modo que fique bom para os dois.
Nesse caso, o que fazer? Aí é caso de polícia. O outro lado, no caso o candidato ou partido deve procurar os seus meios de defesa. Se os prejudicados não procuram, nesse caso é porque também tem culpa no cartório ou deseja fazer o mesmo. A Lei prevê punições para quem frauda pesquisa.

Entre histórias curiosas de pesquisas têm algumas até envolvendo o Ibope. No Rio de Janeiro a mais famosa ocorreu num esquema entre os Militares, a Rede Globo e o Ibope para derrotar Leonel Brizola, em 1982. Um funcionário da Globo não resistiu, entregou o esquema para Brizola, que denunciou e virou o jogo. Em Brasília, de tanto errar, o próprio diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, prometeu não fazer mais serviços lá. Prometeu mas não cumpriu.
No Tocantins o Ibope também já fez lambanças. A mais recente foi uma diferença de 13 pontos a favor de Siqueira contra Gaguim. Recuou para quatro em três dias e mesmo assim, a diferença ficou menos de meio ponto percentual. Mas querendo ou não, o Ibope é o Ibope. Tanto que a marca virou sinônimo do produto. Ninguém pergunta como está o resultado da pesquisa, ou audiência, e sim, como está o Ibope.
Curiosamente, o PR, da candidata Luana Ribeiro registrou no TRE a contratação de uma pesquisa do Ibope no dia 22 de julho. Legalmente poderia ser publicada a partir do dia 27. Mas não foi. Por que motivo? Só o contratante sabe. Já o instituto IMPTO, do jornal o Servidor, registrou pesquisa dia 2, fez trabalho de campo dias 3 e 4 de agosto, e publicou no dia 8. Resultados: Marcelo Lelis, 39%, Luana Ribeiro, 30% e Carlos Amastha, 9%.
Um resultado ótimo para a candidata do PR, Luana Ribeiro. Aproxima-se do candidato líder, Marcelo Lelis (PV) e se distancia do terceiro colocado, Carlos Amastha (PP), que está visivelmente melhorando o seu desempenho nas ruas. Tanto foi boa, que um entusiasmado eleitor de Luana lotou a carroceria de sua caminhoneta, cor prata, para fazer a distribuição do jornal. Estava com adesivo do PR no estacionamento Basa/Ideal tecidos, quinta, dia 9, por volta das 12h30.
Mas aí vem a pergunta: se o quadro real é este mesmo, por que o PR não publicou a pesquisa do Ibope? Se comprou, pagou, registrou, realizou, porque não publicou? Estava dentro da legalidade, podia imprimir panfleto, comprar espaço em jornais, rádios e televisões. Isto é legal, é permitido. Ou será que os números do Ibope não são os mesmos?
Em termos de credibilidade não dá nem para comparar o Ibope com esse outro aí. E em termos de influência no eleitorado, aí nem se fala. Essa eleição ainda vai pegar fogo, mas nesse mato tem jacú-tinga.
É, pois é. É isso aí.
Salomão Wenceslau

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