quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Animais morrem e pessoas passam sede na região sudeste do Tocantins

Em Almas (TO) algumas famílias estão bebendo água com lama.
Do G1 TO, com informações da TV Anhanguera
Com o período de estiagem, os moradores das áreas rurais da região sudeste do Tocantins estão sofrendo com a falta de água. Não chove na região há cerca de seis meses e os açudes e córregos secaram. O programa Tocantins Sem Sede, iniciativa do governo estadual, deveria levar água para as famílias que são vítimas da seca, mas a distribuição do recurso está deficiente.
Em Paranã, município a cerca de 392 km de Palmas, os moradores estão fazendo cacimbas para conseguir água, mas nem sempre a medida resolve o problema. As cacimbas são poços cavados no fundo de córregos e lagoas secas para tentar alcançar os lençóis freáticos. Em alguns pontos os moradores não encontram água nas cacimbas e quando encontram, a água está misturada com terra e não serve para o consumo humano.
Com a seca, os animais da região estão morrendo de sede. O vaqueiro Antonio Luiz Costa conta que a seca deste ano está pior do que nos anos anteriores e mostra a falta de água no córrego Matrinchã, perto de onde mora. "Esse córrego antigamente não secava tanto. Hoje está secando todo e nós estamos abrindo cacimbas dentro do córrego para os animais beberem. Antes não faltava água. É até triste ver do jeito que está agora", lamenta.
Em Paranã, o programa Tocantins sem Sede não está sendo eficaz. A dona de casa Domingas Rodrigues, conta que o caminhão-pipa que faz o abastecimento da região demora muito pra passar e ela e seus dois filhos precisam racionar para não ficar sem água. "Quinze dias que eles ficam sem trazer água e quando vêm trazem aquele pouquinho. Essa noite os meninos dormiram sujos para não faltar água", comenta a dona de casa mostrando o pouco de água que restou, cerca de meio galão.
O aposentado Rosalvo Alves acha que a água mandada pelo programa é imprópria para o consumo e mostra os reservatórios com a água cor de barro. "O que eles entregam para nós é esta aqui. É a que tem. Fazer o quê?", desabafa.
Na comunidade quilombola Baião, em Almas, município a 300 km de Palmas, também não chove há quase seis meses e a situação se repete. Na casa de uma das 14 famílias da comunidade há uma cisterna de sete metros de profundidade, mas ela está quase seca. Outro problema enfrentado pelos moradores é a falta de alimentos. Eles vivem de pequenas plantações e da criação de animais. Com a seca, as lavouras foram devastadas e diversos animais morreram.
Moradores da região norte da capital sofrem com a falta de águaO lavrador José Raimundo Pinto é um dos moradores da comunidade. Sua família está usando a água de uma lagoa quase seca para cozinhar e para beber. A água está suja de terra, mas ele insiste em usá-la. "É a única opção que tem. Ninguém pode ficar com sede, né?", justifica.
Três caminhões-pipa do Tocantins sem Sede deveriam passar três vezes por semana nas regiões onde as famílias da comunidade quilombola vivem, mas tem casas que não recebem água. É o caso da moradora Maria Pereira da Silva. Na casa dela, o caminhão-pipa passou pela primeira vez após seis meses de estiagem e o problema pode estar na má distribuição do recurso.
A Defesa Civil de Almas deveria controlar a distribuição de água no município, mas o órgão não sabe ao certo onde estão as famílias que sofrem com a seca. O coordenador da Defesa Civil do município, Samuel Marques, diz que o mapeamento feito pelo órgão não incluiu todas as famílias de Almas. "Fizemos um levantamento geográfico para detectar as famílias que precisam [de água] e algumas ficaram de fora. Todo dia a gente detecta seis ou sete famílias em cada rota feita", explica o problema.

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