O mesmo “Senhor”, que ontem fazia greve de fome no Congresso Nacional, despertando a atenção de todos, para tornar-se mandatário do Tocantins, é o mesmo idoso, que, agora, com mais de 80 (oitenta) anos, renuncia os poderes políticos que lhes foram confiados pelo eleitor, nas últimas eleições para governo do Estado. O ex-governador não apresentou a mínima justificativa, ou satisfação ao povo tocantinense. Entretanto, na manobra política articulada, deixou aberto, de forma inescondível, os caminhos livres para sequenciamento de uma plataforma continuista, onde por meio de verborragias discursivas, os herdeiros buscarão justificar, ou explicar o inexplicável.
Pondere-se
que, em sentido literal, renuncia é o ato de abrir mão ou devolver aquilo, que
determinada pessoa não quer para si, ou não mais possui interesse em geri-la ou
protegê-la. Note-se, aliás, que a Legislação eleitoral tem possibilitado a
políticos profissionais articularem esse tipo de expediente, para evitar uma
cassação, favorecem terceiros ou familiares, na vala da hereditariedade
política, e sob a égide de uma oligarquia. Condutas desta natureza já não conseguem
ocultar um golpe político. A astúcia politiqueira, ora engendrada, golpeou, a
um tempo só, o povo tocantinense e vilipendiou a legislação brasileira.
Questiona-se
qual o rumo ou destino será dado ao Tocantins, a partir dessa renúncia. O povo não
poderá participar das eleições, pois a trama urdida, neste particular, deu-se,
de forma mancomunada, com propósito de anular o eleitor nesse processo,
evitando riscos ao projeto político arquitetado, nos sórdidos gabinetes, em
favor do filho do ex-governador. Deste modo, havendo renúncia do mandato de
Governador e Vice, nos dois últimos anos da gestão, os Deputados é que irão
eleger, de forma indireta, o novo gestor estadual.
Se o grupo do
ex-governador, que comanda direta e indiretamente o Estado, por meio de suas
indicações e apaniguação eleitoral nos Órgãos Públicos, há mais de 20 (vinte)
anos, possui maioria expressa na Assembleia Legislativa só Deus o sabe. O
grande desafio e consciência estão nas mãos dos atuais Parlamentares. Estes,
sim, possuem a honra e o dever moral, de mudar o destino, a história, higienizando
o Tocantins, libertando-o do continuísmo e mazelas da corrupção, para dar
início a um novo tempo, de propostas clareantes, onde, espera-se que os
próprios rebentos desse Torrão possam gerir o seu Estado e gente. Desperta
gigante Tocantinense!
Autor: Zilmar Wolney Aires Filho (Advogado e Professor Universitário, Especialista em Processo Civil e Mestre em Direito Civil. Titular da cadeira n. 16 da Academia de Letras de Dianópolis-TO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário