sexta-feira, 11 de abril de 2014

Artigo: Um golpe à democracia tocantinense – não podemos nos calar

 
Como é do conhecimento da população tocantinense, as principais autoridades do Poder Executivo do Tocantins, o vice-governador João Oliveira e o governador Siqueira Campos, renunciaram. Embora, numa análise conjuntural corre-se o risco de emitir opiniões que não condizem com a realidade fática, omitir-se seria um ato mais grave. De fato há especulações sobre os próximos passos, porém os passos dados até o momento são suficientes para romper com o silêncio.
 
Os acontecimentos são tão espantosos que é difícil acreditar que estamos vivendo esse cenário no Tocantins, em pleno século XXI. Como pode o Poder Executivo, com apoio do Poder Legislativo, construir um contexto de tamanha instabilidade jurídica? Em tal cenário, onde fica a teoria dos Freios e Contrapesos, de Monstequieu, que assegura a divisão dos poderes e a sua independência? São respostas que análise conjuntural por si só ainda não é capaz de responder, entretanto, pode-se dizer com toda segurança que estão subestimando a inteligência dos tocantinenses.
 
Há que ficar atento, pois o plano de marketing já está em curso. Agora eles estão produzindo discursos para incutir na consciência do povo tocantinense de que se trata de um gesto de "amor" pelo Tocantins. Os "líderes" já foram escalados e jogam um papel determinante na Assembléia Legislativa. Eles dizem que tanto Siqueira quanto João Oliveira colocaram os interesses do Estado acima dos pessoais. Nos próximos dias, ouviremos os melhores oradores subirem às tribunas do poder, para explicar o inexplicável. Para tentar convencer que estão agindo em defesa do bem comum.
 
Não nos iludamos, pois a estratégia política em curso nada tem a ver com a defesa dos interesses do povo tocantinense. Tratas-se de uma ação arquitetada por um grupo que há anos governa o nosso estado e que quer a todo custo se manter no poder. Nosso Estado vive há décadas sob o jugo destes "líderes", que a cada eleição contaminam o pleito eleitoral com discursos vazios e com promessas que não saem do papel. Os planos de governo apresentados são apenas boas peças de publicidade, com metas que até seriam possíveis de alcançar, se houvesse compromisso público com os interesses dos tocantinenses.
 
Como um jogador, Siqueira impõe as regras, coloca-se acima da democracia, usurpa o direito do povo definir os rumos da política e se prepara para eleger com os votos dos deputados de situação, na Casa que deveria ser do povo, o próximo governador.
 
Estas e outras cenas dos próximos capítulos não são resultados do acaso. Quem conduz o processo planejou cada passo. Não estamos diante de amadores. Eles sabem aonde querem chegar. Quem conduz o plano tem a exata noção do que deve ser feito e quais os discursos devem ser utilizados para convencer os tocantinenses. Eles têm nome e sobrenome, eles têm endereço, eles têm lado, e não duvidem, eles nunca estiveram e nunca estarão do lado do povo. Sua motivação é o poder pelo poder.
 
Não nos deixemos ser enganados. Que os homens e mulheres de bem deste Estado possam se levantar em defesa dos princípios da democracia. É preciso mostrar a eles, à luz da nossa Constituição Federal, que o "poder emana do povo", e que as autoridades devidamente constituídas devem agir em defesa dos interesses da coletividade. Se assim não os fazem, é nosso dever destituí-las, não por meio de um golpe, mas pela vontade geral e soberana, expressa no voto.
 
Gleidy Braga - Secretaria Estadual de Formação Política do PT Tocantins
Donizeti Nogueira - Ex-presidente Estadual do PT (Gestão 2010-2014)

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