quinta-feira, 5 de julho de 2012

Eleição: terceirizada e sem licitação

Por Salomão Wenceslau – O Jornal (www.ojornal.net)

Quem falar que não ficou surpreso com o acordo do PMDB e o Governo Siqueira Campos, está faltando com a verdade. Cá, com os meus botões, fico a imaginar as gargalhadas que o governador Siqueira Campos (PSDB) tem dado sozinho, só de imaginar a cara da velha modebagem.
Entender porque tudo isso aconteceu não é difícil. O difícil é conformar os verdadeiros peemedebistas. O trabalho de cooptação aos líderes dos partidos oposicionistas vinha sendo feito há muito tempo, sob coordenação do secretário Eduardo Siqueira Campos. O primeiro avanço foi sobre o PT, ainda na eleição da Assembleia Legislativa, quando botou os dois deputados do PT para derrotarem a candidata do próprio partido, deputada Solange Duailibe.
E ainda, para dar uma demonstração de poder absoluto, humilhou a todos. O velho tucano do Tocantins, além de derrotar a candidata deles, ainda botou ela e o marido, o prefeito de Palmas, Raul Filho, para pedirem de joelho ao presidente nacional do PT, Ruy Falcão, para não serem expulsos do partido. Uma vergonha.

Siqueira Campos ganhou as eleições com 34% dos votos, e sete mil à frente de Carlos Gaguim, do PMDB. Por pouco, sua história vitoriosa não sucumbiu. Jogou todo seu prestígio contra a prática farturenta de Gaguim, que elegeu 18 deputados e não salvou a própria pele.

Astuto, Siqueira cortou orçamento da Assembleia e secou a mina das Emendas Parlamentares. Hoje, como ironiza o deputado José Bonifácio, do PR, "os discursos da oposição são mais apaixonados pelo Governo, do que o grupo siqueirista". É claro que tem uma dose de exagero, pois nem todos são assim.

Clamando dívidas de campanha e as pressões feitas pelo Tribunal de Contas e o Ministério Público, a mando de Siqueira, o grupo oposicionista passou a fazer a política do murici: Deus pra todos, e cada um por si.

Sem um líder político capaz de conduzir o rebanho oposicionista, o esfacelamento aconteceu de forma natural. Os ex-governadores Marcelo Miranda e Carlos Gaguim correram cada um para um lado. Gaguim foi para o Pará e Marcelo para Goiânia. Por muito tempo foram visitas honrosas no Tocantins. Seus comandados viraram presas fáceis para os gaviões palacianos. Paulo Mourão se escondeu em Brasília, com desculpas de olhar o processo do Rced.

O prefeito Raul Filho, de Palmas, tornou-se o mais famoso fazendeiro do Pará. Encostou-se ao senador João Ribeiro (PR) e fomentou a candidatura da deputada Luana Ribeiro, como forma de agradar o pai. Os aliados de Raul não tinham coragem de ir para ruas, para não encarar o desgaste do prefeito com a população de uma cidade cheia de buracos.

Sem respaldo popular e sem dinheiro para campanha, o quinteto - Alan, Aragão, Edna, Eli e Wanderlei - só tinham olhos para o próprio umbigo. Sem coragem de pensar na cidade, ficaram o tempo todo querendo passar as contas de campanha para o prefeito Raul. E Raul, por sua vez, passou o tempo todo fugindo desta responsabilidade.

De todos, o que tem “menos” culpa é o deputado Eli Borges. Vejam o seu histórico dentro do PMDB: em todas as eleições de prefeito ele lançou o seu nome como candidato. Nunca abriu mão. Nunca alcançou 10% de apoio popular. Sempre manteve a sua candidatura até o dia da convenção. E nunca apoiou o candidato do partido. Vai para outro palanque xingando os caciques do PMDB. Nesta eleição ele fez algo de diferente?

Brito Miranda e Marcelo Miranda passaram o tempo todo dando bronca em quem falasse na candidatura da ex-primeira dama Dulce Miranda, o nome mais doce na boca do povo para esta eleição. Justificaram que a candidatura de Dulce atrapalharia o projeto de Marcelo 2014.

No fundo, no fundo, só ciúmes. Marcelo não queria porque morre de ciúmes de Dulce e não queria ver ninguém abraçando e beijando sua mulher na campanha. Coisa parecida com criança, mas é a verdade pura. E o velho coronel Brito Miranda tinha outro tipo de ciúmes: o de não ver uma mulher como chefe política do grupo.

Que o Siqueira iria jogar pesado, isso todo mundo sabia. É o estilo dele. O medo, só facilitou as coisas. O acordo político que o presidente do PMDB, Júnior Coimbra, fez com o Governo em Palmas, Araguaína e outras cidades, contrariou toda história do partido. Se vai dar certo para ele e os seus aliados, só o tempo dirá. Para o Governo, o importante era desmoralizar a oposição inteira. Isso já aconteceu.

Nesta eleição, o que Siqueira Campos fez, além de bagunçar com a oposição, foi um ato coerente com o seu sistema de Governo: terceirizar sem licitação. Lançou e tirou quem ele quis, do seu lado e da oposição, sem dar satisfação a ninguém.

O resultado virá das urnas, no dia 7 de outubro. No Governo, Siqueira terceirizou tudo, sem licitação, com a ajuda do Tribunal de Contas e do Ministério Público. Nas urnas, vamos aguardar para ver como o povo vai responder a este negócio.

É, pois é. É isso aí.

Nenhum comentário: