sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eduardo Gomes: Eleição indireta é instrumento da ditadura e já foi rejeitada pelo TO no passado


Em discurso feito no plenário da Câmara na tarde dessa quinta-feira, 9, o deputado federal Eduardo Gomes (PSDB) lembrou dos regimes ditatoriais ao se referir à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de determinar eleição indireta para sucessão do governador cassado Marcelo Miranda (PMDB). Ele definiu a eleição indireta como "instrumento contundente e reconhecido da ditadura".

"O fantasma do autoritarismo e da eleição indireta e o fantasma dos instrumentos de um tempo que o Brasil esqueceu e quer esquecer a cada dia já rondaram nosso Estado. O fantasma da ditadura e o fantasma que tirou do povo o direito de votar já tiveram sua oportunidade quando éramos até mais frágeis de tomar conta do Estado — e naquela época deu-se a resposta correta, no momento certo", discursou Gomes.

O parlamentar lembrou que o Tocantins já rejeitou eleição indireta, quando de sua criação em 1988. "Naquela época, Sr. Presidente, foi possível até aventar que, com um mandato tampão de dois anos, o primeiro governador do Tocantins seria nomeado pelo Presidente da República, mas, numa articulação feita pelas forças populares, pelos líderes partidários, o próprio autor do projeto, governador Siqueira Campos, rechaçou essa possibilidade. Portanto, o governador podia ser nomeado pelo Presidente da República assim como era nomeado o Governador de Fernando de Noronha, que era um Território", afirmou o deputado.

Gomes lembrou que, naquele momento, a população do Tocantins, os líderes do Tocantins, do recém-criado Estado de Tocantins, que não tinha um dia de vida, fez a opção pelo voto universal, pelo voto democrático e direto". "O Estado não tinha uma cadeira, mas já tinha um motivo, já tinha uma razão e já tinha uma história. Com um dia de vida, o Estado do Tocantins pediu eleições livres e diretas para governador. O governador eleito foi o deputado federal da oposição ao governo federal e ao governo de Goiás à época, mas em sintonia com o povo. Foi eleito governador do Tocantins, em primeiro turno, José Wilson Siqueira Campos, pelo voto direto do povo", discursou o parlamentar.

Ele lamentou que agora, 21 anos depois do surgimento do Tocantins, o "monstro" da eleição indireta tenha voltado. "Vinte e um anos depois, após a queda do muro de Berlim, após as transformações do Plano Real, comemoradas esta semana de maneira unânime pela população brasileira, a estabilidade política e democrática de todos esses avanços, ver no retrovisor o instrumento da ditadura militar, com todas as forças que temos no Estado, surgir esse monstro que foi derrotado quando só éramos um projeto de lei, nem Estado nós éramos, e já botamos para correr eleição indireta, a eleição sem a vontade do povo representativa sobre o pleito", afirmou Gomes.

Respeito ao sentimento da população:

Num aparte, a deputada federal Rose de Freitas (ES), apesar de ser do mesmo partido do governador cassado Marcelo Miranda, o PMDB, hipotecou seu apoio a Gomes. "Sei da luta por que passa hoje o povo de Tocantins para que restabeleça pelo voto democrático a liderança maior do Estado, que é o administrador", afirmou ela.

Rose foi constituinte e votou pela criação do Tocantins em 1988. "Participei com meu voto, com meu trabalho, com minha luta, pelo direito de construir autonomamente o Estado de Tocantins. Só quem lutou muito pela democracia sabe valorizá-la", afirmou a deputada.

Para ela, "é importante que a luta de Tocantins se faça ecoar no resto do País para que haja respeito ao sentimento da população". "Quero reiterar as palavras de V.Exa., congratular-me com seu pronunciamento e dizer que vai encontrar na trincheira do nosso Partido, que embora seja o governador cassado do PMDB não está em discussão mais esta decisão, mas a vontade soberana do povo, que tem que ser respeitada. V.Exa., com muita galhardia, com muita propriedade, aborda este tema do povo de Tocantins", discurou a deputada no aparte.

A história não pode ser esquecida:

O deputado Eduardo Gomes afirmou que a história do Tocantins, "tão bonita e tão recente não pode ser esquecida". "O fantasma do autoritarismo e da eleição indireta e o fantasma dos instrumentos de um tempo que o Brasil esqueceu e quer esquecer a cada dia já rondaram nosso Estado. O fantasma da ditadura e o fantasma que tirou do povo o direito de votar já tiveram sua oportunidade quando éramos até mais frágeis de tomar conta do Estado — e naquela época deu-se a resposta correta, no momento certo", disse o parlamentar.

Ele lembrou do movimento que está nascendo em Gurupi pela eleição direta. "Nas Câmaras de Vereadores, a exemplo da Câmara de Gurupi, os Vereadores e as lideranças se mobilizam e têm um motivo a mais para trabalhar nestes dois meses, buscando o convencimento de que a lei será estabelecida conforme preceitua a Constituição: por meio do voto direto, aberto, livre", defendeu Gomes.

O deputado aproveitou para se lembrar ainda do artigo escrito pelo professor Jonair Rocha, médico-veterinário e professor em Gurupi, com o título "Eleições indiretas — o retorno aos negros tempos da ditadura". "Ao tempo em que manifesto minha total esperança de que o Estado de Tocantins terá, mediante o instrumento da lei, eleições livres diretas para governador", afirmou.

Fonte:www.clebertoledo.com.br

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