quinta-feira, 29 de maio de 2014

Maternidade está sem remédios e tem comida com mosca, diz enfermeira

Do G1 TO, com informações da TV Anhanguera

Pacientes e funcionários do Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, reclamam da falta de medicamentos e das péssimas condições da instalação da unidade.  “Vira e mexe acontece de você ver a comida e está com cabelo, está com mosca, está com ovo de varejeira”, conta uma enfermeira que não quis se identificar.

A servidora diz ainda que medicamentos estão em falta, o que coloca em risco a vida de mães e recém-nascidos. Remédios como o misoprostol [indução de parto] e ocitocina [estimulante uterino] ainda podem ser encontrados na farmácia da unidade. “Mas não sabe até quando vai durar. E a ocitocina, com a medicação básica, ela salva vida, naquela mãe que acabou de ganhar neném. Ela evitar ter hemorragia. Sem ela, a mulher pode sangrar até morrer. ”

Por falta de medicamentos, a UTI não recebe mais pacientes. “Não tem vaga na UTI, ou seja, essa mulher acaba não sendo operada, tendo que esperar, e a espera, nem sempre, para esse feto, é boa, acaba indo a óbito”, diz a enfermeira, acrescentando que é comum entregar o plantão, com uma paciente bem e depois, ficar sabendo que bebês morreram. “Eu passo o plantão para a colega com essa paciente tudo bem. No outro dia, a gente recebe [e fica sabendo], o bebê de fulano de tal morreu.”

Maria Anita Carmo de Souza está com a filha de 21 anos, há quatro dias esperando retirar o feto que morreu durante gestação. O procedimento ainda não foi feito por falta medicamento. “Uma pessoa pegar uma infecção aí, o problema se agravar mais. Porque não pode esse horror de tempo ficar com um feto na barriga. A gente como mãe fica muito preocupada. ”

Fiscalização

Nesta segunda-feira (25), Ministério Público Federal e Defensoria Pública do Estado fizeram uma vistoria no hospital. O procurador da República, Fábio Loula, diz que a situação é caótica. “Há notícias de que medicamentos para amadurecimento de pulmões de bebês precoce está faltando. Remédios anestésicos faltando também. Isso é um quadro caótico e o estado precisa resolver isso”, afirma, acrescentando que “já existe uma decisão da justiça federal reconhecendo o problema, a falta de abastecimento de medicamentos e insumos, e vamos mais uma vez informar a justiça federal.”

O defensor público Arthur Luiz Pádua diz que foi constatado que a UTI neonatal não recebe mais crianças. “A UTI neonatal está fechada, mas o hospital continua de portas abertas. As parturientes continuarão chegando e continuarão fazendo as cirurgias. E caso haja necessidade de UTI, hoje nesse momento, a equipe técnica do hospital não sabe para onde mandar essas crianças.”

Resposta


Por nota, a Secretaria Estadual e Saúde diz que o hospital está passando por reforma, no valor de R$ 4 milhões para adequação de espaço para UTI neonatal e implantação de UTI adulta feminina, além de área para descanso dos profissionais e reforma dos espaços administrativos. Sobre a alimentação dos servidores, o órgão informa que é temporária até que a reforma seja concluída, mas não deu prazo para que isso ocorra. A nota afirma ainda que a falta de medicamentos é pontual e que está repondo de acordo com a entrega dos produtos pelos fornecedores. Além disso, enfatiza que alguns dos materiais em falta já foram enviados e os demais devem estar disponíveis ainda nesta terça-feira (27).

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