Do G1 TO,
com informações da TV Anhanguera
Pacientes e funcionários do Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, reclamam da falta de
medicamentos e das péssimas condições da instalação da unidade. “Vira e
mexe acontece de você ver a comida e está com cabelo, está com mosca, está com
ovo de varejeira”, conta uma enfermeira que não quis se identificar.
A servidora diz ainda que medicamentos estão em falta, o que coloca em
risco a vida de mães e recém-nascidos. Remédios como o misoprostol [indução de
parto] e ocitocina [estimulante uterino] ainda podem ser encontrados na
farmácia da unidade. “Mas não sabe até quando vai durar. E a ocitocina, com a
medicação básica, ela salva vida, naquela mãe que acabou de ganhar neném. Ela
evitar ter hemorragia. Sem ela, a mulher pode sangrar até morrer. ”
Por falta de medicamentos, a UTI não recebe mais pacientes. “Não tem
vaga na UTI, ou seja, essa mulher acaba não sendo operada, tendo que esperar, e
a espera, nem sempre, para esse feto, é boa, acaba indo a óbito”, diz a
enfermeira, acrescentando que é comum entregar o plantão, com uma paciente bem
e depois, ficar sabendo que bebês morreram. “Eu passo o plantão para a colega
com essa paciente tudo bem. No outro dia, a gente recebe [e fica sabendo], o
bebê de fulano de tal morreu.”
Maria Anita Carmo de Souza está com a filha de 21 anos, há quatro dias
esperando retirar o feto que morreu durante gestação. O procedimento ainda não
foi feito por falta medicamento. “Uma pessoa pegar uma infecção aí, o problema
se agravar mais. Porque não pode esse horror de tempo ficar com um feto na
barriga. A gente como mãe fica muito preocupada. ”
Fiscalização
Nesta segunda-feira (25), Ministério Público Federal e Defensoria
Pública do Estado fizeram uma vistoria no hospital. O procurador da República,
Fábio Loula, diz que a situação é caótica. “Há notícias de que medicamentos
para amadurecimento de pulmões de bebês precoce está faltando. Remédios
anestésicos faltando também. Isso é um quadro caótico e o estado precisa
resolver isso”, afirma, acrescentando que “já existe uma decisão da justiça
federal reconhecendo o problema, a falta de abastecimento de medicamentos e
insumos, e vamos mais uma vez informar a justiça federal.”
O defensor público Arthur Luiz Pádua diz que foi constatado que a UTI
neonatal não recebe mais crianças. “A UTI neonatal está fechada, mas o hospital
continua de portas abertas. As parturientes continuarão chegando e continuarão
fazendo as cirurgias. E caso haja necessidade de UTI, hoje nesse momento, a
equipe técnica do hospital não sabe para onde mandar essas crianças.”
Resposta
Por nota, a Secretaria Estadual e Saúde diz que o hospital está passando
por reforma, no valor de R$ 4 milhões para adequação de espaço para UTI
neonatal e implantação de UTI adulta feminina, além de área para descanso dos
profissionais e reforma dos espaços administrativos. Sobre a alimentação dos
servidores, o órgão informa que é temporária até que a reforma seja concluída,
mas não deu prazo para que isso ocorra. A nota afirma ainda que a falta de
medicamentos é pontual e que está repondo de acordo com a entrega dos produtos
pelos fornecedores. Além disso, enfatiza que alguns dos materiais em falta já
foram enviados e os demais devem estar disponíveis ainda nesta terça-feira
(27).
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