sexta-feira, 30 de maio de 2014

Mourão diz que, desgastado, Palácio se fortaleceu e oposição é incompetente para dialogar: "É preciso um pacto para salvar o Estado"


Pré-candidato a governador pelo PT defende a profissionalização da gestão e o envolvimento da cidadania para a transformação do Tocantins

O pré-candidato a governador pelo PT, Paulo Mourão, é o segundo entrevista da série que o CT está fazendo com os postulantes às eleições de 2014. O primeiro foi o pré-candidato do Psol, Élvio Quirino. Mourão admitiu que o governo, ainda que sofrendo desgaste perante a opinião pública, conseguiu se fortelecer politicamente com o apoio de grande parte dos principais partidos políticos do Estado. "Como num passe de mágica", comparou o pré-candidato petista. Na avaliação dele, o Palácio Araguaia já teria hoje em torno de 12 partidos, o que poderá lhe garantir cerca de 13 minutos de propaganda eleitoral na TV.

Para o também ex-prefeito de Porto Nacional e ex-deputado federal, o governo ressurgiu, por um lado, por sua capacidade de "convencer" as lideranças e partidos. "Como um governo tão ruim, avaliado por 64% como ruim e péssimo, outros índices de 58% de ruim e péssimo, pode ter 85% de apoio dentro da Assembleia Legislativa e maciçamente um apoio das siglas partidárias que representam o nosso povo, de deputados estaduais, federais, senadores?", questionou.

Por outro lado, contudo, o petista também citou a incompetência da oposição de dialogar. Porém, Mourão afirmou que os oposicionistas conseguiram avançar de uma semana para cá. "Umas coisas boas aconteceram no sentido de alguns partidos desejarem ter o diálogo. Antes, nem isso a gente estava conseguindo", contou. "Há aí uma falta de compromisso com o Estado de quem se acomodou para apoiar o governo, virando as costas ao povo, e de uma incompetência de diálogo, nossa, das oposições, para entendermos que é preciso fazer um pacto para salvar o Estado, um pacto em defesa da sociedade tocantinense."

O pré-candidato afirmou que a terceira via - grupo que era formado por PP, PT, PSL e PCdoB - se esvaziou. Apesar de admitir que ainda poderia ser considerada, avaliou que o momento é de juntar todas as forças contra o Palácio Araguaia. "Acho que a sociedade principalmente. Nós não podemos fazer um movimento apenas político-partidário. Para se derrotar essa força econômica que se juntou aí, tem que ser com a cidadania", defendeu.

Mourão ainda afirmou que o Estado precisa profissionalizar a gestão. "O dinamismo da sociedade requer um Estado transparente, soluções para políticas públicas de base, que é educação, saúde e segurança pública, e requer hoje felicidade. E isso não se faz com demagogia, com populismo, porque é extremamente momentâneo, você conseguir fazer uma coisa ali, mas não leva à frente. Não há dinheiro para o populismo mais, há dinheiro para políticas sólidas, comprometidas com o desenvolvimento", ressaltou.

Sobre o futuro do siqueirismo, Mourão afirmou que vai depender da resposta que o cidadão tocantinense dará nas urnas em outubro. Criticando o ex-governador Siqueira Campos (PSDB), a quem comparou a um "camaleão", disparou: "O Siqueira tem uma capacidade de mentir e de fingir, que ninguém pode combatê-lo. Eu tenho receio dele mentir mais uma vez para as pessoas e elas acreditarem".

CT - Como está a movimentação dos partidos da oposição neste momento?
Paulo Mourão - 
Há necessidade de os partidos compreenderem que é preciso cuidar do Estado. Não é possível compreender que os recursos públicos continuem atendendo demandas políticas e não atendendo a necessidade básica premente da sociedade. Nesse debate com os partidos políticos ainda não logramos êxito. Os partidos se acomodaram na busca do poder. E o poder quem tem é o governo. E é um governo que está fragilizado, um governo sem nenhuma capacidade de gestão, um governo sem vigor físico, sem vigor mental, um governo com um descuido total do processo de planejamento, sem projetos equilibrados e sustentáveis, de estímulo à economia, de estímulo à empregabilidade. Esse governo com essa fragilidade, num passe de mágica, se fortaleceu politicamente e, como poucos governos na história do Estado, está hoje com um tanto de apoiamento de lideranças do Estado e de partidos políticos. Se você fizer um levantamento desses partidos políticos, hoje esse governo tem algo próximo, se não estiver enganado, de uns 13 minutos de televisão.

CT- Ele pegou os principais tempos de TV, fora PT e PMDB...
PM - 
Veja bem, ele pegou o PSDB, o Solidariedade, o PDT, o PP, o PSB, o PR, o PRB, o PTB, o PPS, DEM, PEN e PRTB. Enfim, foram 12 partidos que eu consegui me lembrar. Os outros partidos todos, da oposição, estão com seus projetos próprios. O PT com candidatura, o PMDB com candidatura, o Pros com candidatura e o PV com candidatura. Não cabe a mim questionar porque todos, além de competentes e serem pessoas que representam e querem bem o Estado, tem também o desejo de governar o Tocantins. Agora, o que eu entendo que nós precisamos fazer na oposição? É fazer um pacto pelo Estado. Não um pacto pelo poder.

CT - Você acredita que a oposição errou? E, se errou, onde? Esse ressurgimento político do governo se deve só à competência de articulação dele ou também a erros da oposição?
PM - 
Acho que se deve a duas situações. Essa força descomunal que o governo tem de "convencer" alguns líderes políticos - e eu não vou entrar no mérito, porque isso é a sociedade que precisa estar atenta. Por que como um governo tão ruim, avaliado por 64% como ruim e péssimo, outros índices de 58% de ruim e péssimo, pode ter 85% de apoio dentro da Assembleia Legislativa e maciçamente um apoio das siglas partidárias que representam o nosso povo, de deputados estaduais, federais, senadores? Então, isso não vou entrar no mérito do porquê.

Mas acho que há aí uma falta de compromisso com o Estado de quem se acomodou para apoiar o governo, virando as costas ao povo, e de uma incompetência de diálogo, nossa, das oposições, para entendermos que é preciso fazer um pacto para salvar o Estado, um pacto em defesa da sociedade tocantinense. À oposição, está faltando esse líder que faça essa unidade, que faça esse chamamento. O líder a oposição até tem, o que está faltando é ele se estimular a fazer isso. Na verdade, falta nós nos estimularmos a isso. Acredito que, a partir de sábado [31], o PT preocupado esta situação, já estava no seu calendário um encontro estadual, para o qual convidaremos - o presidente Júlio [César Brasil] já fez isso, através do nosso coordenador eleitoral, que é o prefeito José Santana [de Colinas] - todas as lideranças políticas para fazermos um debate da conjuntura política-eleitoral do nosso Estado. E tentarmos afinar um processo de proposta de desenvolvimento do Estado, com a gravidade que nós estamos enfrentando, mas com a consciência de que a sociedade precisa participar desse debate como um todo. Aí não é só um movimento político, é um movimento de cidadania.

CT - Ainda sobre esse apoio político maciço para o governo, você acha que a oposição tem como reverter isso e ganhar as eleições? Como fazer?
PM - 
Acho que é um projeto. Se você demonstrar à sociedade a governabilidade, a exatidão de um projeto, um compromisso público republicano, o apoio que vamos ter da presidente Dilma, do presidente Lula, e aqui um trabalho bem formulado, envolvendo a juventude, a classe trabalhadora como um todo para fazermos esse salto de qualificação na gestão pública do Estado, garantindo um Estado a serviço do seu povo, eu entendo perfeitamente que é possível. Mesmo porque o atual governo que aí se encontra, em que pese ter mudado, e tenho o maior respeito pelo governador que aí se encontra, nada contra a pessoa dele, mas o modelo político é um modelo fadigado. Eles não têm mais nada para mostrar de novo. Porque de tudo eles já fizeram, de tudo eles já se comprometeram e de tudo eles já prometeram, e o Estado está nesse desequilíbrio econômico-financeiro, e, brutalmente, num abandono social do seu povo.

Então, esse governo que aí se encontra, em que pese ter mudado recentemente, vai receber toda a carga negativa do descompromisso que foi ao longo desses últimos três anos. Não há como dizer que eles não eram parte desse processo. Ele [Sandoval Cardoso] era o presidente da Assembleia, onde se aprovou ou se deixou de aprovar. Era o presidente da Assembleia, onde se deu todo apoio para tudo acontecer ou não acontecer. É o governo que prometeu e nada fez. E agora, o mais grave, estão querendo vender o patrimônio do Estado. Já venderam a Saneatins e agora botaram na mira para vender a Mineratins e a Celtins. Estão destruindo o patrimônio econômico do Estado, estão destruindo as esperanças do nosso povo. E já destruíram a economia, a base do processo econômico do Estado, que está em frangalhos.

Então, é preciso um governo que dê solução à questão econômica, que faça um processo sereno e muito transparente de austeridade pública. É preciso um governo que faça um incentivo ao capital humano, que estimule a economia, que faça um programa de recuperação econômica e social, e isso eles não são capazes de fazer. Ao longo dos 25 anos eles só exauriram, só gastaram de forma perdulária o nosso patrimônio. Esse é o mesmo grupo que há 25 anos se juntou e só se fortaleceu. Não há discurso que possa esconder mais as mazelas desse grupo. Não há Duda Mendonça que possa fazer mais a arte de envolver o marketing para enganar emocionalmente alguém. As pessoas estão muito conscientes de que o resultado da mudança passa pela casa de cada cidadão e de que cada cidadã.

CT - Agora, toda essa situação se deve exclusivamente a este governo ou vem de uma série de erros que envolvem outras gestões?
PM -
 Acho que não se pode culpar só este último governo. Mas é uma sequência do modus operandi do primeiro governo, e que vem somente se aprofundando nesse modelo político perverso. Sem se observar que é preciso governar para seu povo. Agora tiveram alguns governos, como o do Marcelo [Miranda - 2003-2009], que apresentaram resultados positivos. Teve equívocos, teve, sem sombras de dúvidas. Acho que isso nós temos que tratar com muita serenidade e muita humildade. Não tem como deixar de reconhecer que houve equívocos no governo do Marcelo. Mas, se você pesar os prós e os contras, com Marcelo foi o momento que o governo mais cresceu economicamente, foi o momento em que o governo mais deu atenção às políticas públicas e sociais. Então, foi quando houve o maior avanço, a maior inclusão das pessoas que estavam em classe de extrema pobreza, que saíram da extrema pobreza. Foi quando chegou todo esse investimento do sistema atacadista no Estado. Foi o momento em que mais se construiu casas no Tocantins. Recebemos empresas que melhoraram a qualidade de emprego, escolas técnicas federais. Então, houve um momento em que o governo acertou, mas houve equívocos. É preciso trabalhar com muita franqueza.

Agora, comparado a esse governo atual, não tem o que se comparar porque esse não produziu nada. Não tem um projeto que dê um indicativo de melhoria da qualidade de vida do cidadão e da cidadã tocantinense, não há uma política de inclusão social. Não há nenhuma política protetora do jovem, que está abandonado. Como posso pensar num Estado em que 60% dos jovens de 18 a 24 anos, aqui na cidade tida como a Capital Cultural do Estado, Porto Nacional, estão fora das salas de aula? Em Gurupi, que é a Capital da Amizade, que tem universidades, 62% dos jovens de 18 a 24 anos fora das salas de aula. Miracema, que foi capital, 70%. No sudeste, Almas, 83%, se for para Araguatins, 69% dos jovens. Então, é um governo que descuidou totalmente de todas as frentes de ação de políticas públicas. Verticalizadamente, é um governo inoperante. 
CT - E sua candidatura? Você tem o perfil de gestor, foi um prefeito premiado. Mas como viabilizar sua candidatura nesse contexto de disputa interna da oposição?
PM -
 Isso é uma arte que preciso aprender, de fazer compreender que nós hoje somos o melhor nome para governar o Estado. Mas o PT tem uma tranquilidade de chamar a discussão à mesa e provocar uma unanimidade de alianças em uma frente ampla, dizendo que nós entendemos que temos hoje uma capacidade, não só de visão do Estado, como de solução desses problemas. Mas, acima de tudo, de apoio da presidente Dilma, que será a próxima presidente, com fé em Deus, do Brasil. Então, tudo isso somaria para darmos uma resposta mais urgente e mais assertiva nos problemas da nossa sociedade. Mas entendemos que é preciso somar para construirmos essa aliança, e nisso nós colocamos o nosso nome de forma igual aos outros partidos, para buscarmos daí um nome que melhor represente, sob a ótica da sociedade. Porque é assim que se forma um projeto vitorioso.

CT - Mas o tempo é escasso. Como está essa movimentação hoje?
PM - 
Muito escasso. Eu te digo que, de uma semana para cá, umas coisas boas aconteceram no sentido de alguns partidos desejarem ter o diálogo. Antes, nem isso a gente estava conseguindo. Mas temos que fazer esse diálogo de forma objetiva, porque, como você disse, o tempo está muito escasso. Não dá para ficar com delongas, é preciso termos agora pragmatismo, objetividade, porque a sociedade, inclusive, está órfã. Até a relação PT-PMDB nacional pode nos fazer ter uma compreensão da importância desse momento. Esses dois partidos podem dar uma sinalização de um compromisso formalizado para demonstrar isso às outras siglas e aí podermos formalizar um projeto com uma frente consolidada.

CT - Nessa sua avaliação parece que você não considera mais a possibilidade de uma terceira via. Acha que não cabe mais uma terceira força? Essa eleição vai ser meio plebiscitária?
PM - 
Eu acho que a terceira via se esvaziou porque os líderes tiveram outro entendimento. Eu até fico feliz porque o prefeito Amastha falou que ainda não está nessa decisão [do PP de apoiar o governador Sandoval]. Então, é um líder da terceira via que pode retomar o diálogo. Mas eu acho que retomar o diálogo, pensando numa terceira via, nesse momento, talvez fosse favorecer esse instrumento que já está aí, que é o governo, que possui essa frente de partidos tão fortalecida. É preciso avaliar isso com muita prudência. Não acho também que não é possível mais pensar na terceira via. É possível fazer uma análise sobre ela, mas é preciso agora, acima de tudo, se preparar para enfrentar esse adversário tão forte politicamente e, ao mesmo tempo, tão cambaleante sob a ótica da sociedade.

CT - Então, você entende que a melhor situação hoje seria todos juntos contra o governo?
PM - 
Acho que a sociedade principalmente. Nós não podemos fazer um movimento apenas político-partidário. Para se derrotar essa força econômica que se juntou aí - porque não é só uma força política, é uma força econômica -, tem que ser com a cidadania. Só a cidadania pode derrotar o capitalismo da forma que ele está tão organizado para tantas coisas. Precisamos estar criando um momento para um Estado novo. E não se faz um Estado novo com um modelo político fadigado desse, que está vendo que a força econômica, a força do dinheiro e do poder político é que se juntou novamente. Se juntou e não está olhando para a pobreza, não está olhando para os problemas.

A gente soube de um avião que não decolou para pegar uma criança porque o governo não paga a táxi-aéreo há mais de seis meses. Essa empresa está praticamente quebrada. Deve em peças, oficina de manutenção, em posto de gasolina. Não está tendo dinheiro nem para abastecer o avião. A Políca não tem dinheiro para abastecer carros. Mas há dinheiro para convencer partidos a apoiar a candidatura do governo. Então, a cidadania tem que derrotar isso. E essa frente popular só com partidos precisa se juntar e compreender a necessidade de se despir das vaidades. Não se faz política com vaidade, pensando no seu ego. É preciso pensar no povo. Mas é preciso se pensar para ganhar a eleição e pensar muito mais depois para governar. Porque nós não podemos também eleger governo para depois esse governo fazer esse modus operandi de um governo capitalista e patrimonialista. Este Estado tem que acabar com isso.

CT - Importantes líderes da oposição têm afirmado que após outubro a situação do Estado pode se agravar, independente do resultado eleitoral. Você tem essa preocupação?
PM - 
O Tocantins é um Estado altamente promissor. Com capacidade muito grande de estabelecer uma nova ordem econômica e social. Que tem uma capilaridade muito, muito grande, um Estado rico. O Tocantins é um Estado rico, não é pobre. Somos pobres de instituições eficazes politicamente. As nossas instituições são empobrecidas no resultado político. Nós precisamos dar liberdade e autonomia ao Judiciário, à Assembleia Legislativa e nós precisamos ter um Tribunal de Contas nesse Estado que seja sério, que seja honrado. Não essa situação que eu também evito até de dar adjetivos a ela. Nós não podemos ter um Tribunal de Contas em que um procurador de Contas diz que lá é um tribunal político, o que foi falado pelo Alberto Sevilha. E é a pura verdade. É um homem sério, corajoso e que só falta dizer que tem vergonha de participar daquele quadro. E ele é um dos homens sérios que este Estão precisa, inclusive, fazer homenagens, por sua seriedade e coragem de dizer isso. Então, precisamos de um governo que dê resultado econômico e social. E acho que no Tocantins é possível fazer isso.

Como pode um Estado ter em torno de 60% de seu funcionalismo indicado por políticos, por deputados? Temos que formar jovens, incentivar o serviço público concursado para esse jovem ter amor à causa, ter compromisso com o Estado e entender que não é puxando saco de deputado estadual que vai gerar emprego para ele. Mas é ele se construindo, se preparando para enfrentar concursos transparentes, sérios. Aí o Estado vai ter um corpo de funcionários ativos, que estão lá sem dever favor a políticos, mas por sua competência. Sabemos que tem deputado aí com a indicação de mil servidores. Mil! Um só deputado indicou mil contratos temporários! Então, entendemos que o Estado em capacidade econômica, mas precisa de uma gestão de competência, com austeridade e compromisso público. Porque o Estado é capaz de retomar a economia, é capaz de estimular a sua receita, capaz de crescer a sua economia e ter mais receitas. E não podemos aceitar que o servidor público é a carga pesada do Estado. Não, não é. Os servidores são a solução, desde que sejam adequadamente utilizados.
CT - Ou seja, há necessidade de profissionalização da gestão. Como no caso de Palmas, que colocou na prefeitura uma pessoa com perfil mais de gestor do que de político, o prefeito Carlos Amastha. Isso também deveria acontecer com o Estado?
PM - 
Eu acho. Inclusive, eu fiquei muito impressionado com o dinamismo do Amastha na questão da produção dos projetos. Quando a presidente Dilma ofertou R$ 12,8 bilhões para o serviço de transporte público do País, para as capitais e grandes cidades, com mais de 200 mil habitantes, Palmas foi a primeira cidade a apresentar os projetos qualificadamente como ótimos e, portanto, foram aprovados. Eu creio que o Amastha, no ritmo em que ele está - obviamente tem alguns equívocos na administração, porque todo gestor tem seus equívocos -, mas eu acho que o Amastha é capaz de ser visto no futuro como um grande gestor.

CT - Ou seja, não dá mais para o Tocantins continuar sendo administrado tendo a política como um fim em si mesmo...
PM - 
Não dá. Estado nenhum. O dinamismo da sociedade requer um Estado transparente, soluções para políticas públicas de base, que é educação, saúde e segurança pública, e requer hoje felicidade. E isso não se faz com demagogia, com populismo, porque é extremamente momentâneo, você conseguir fazer uma coisa ali, mas não leva à frente. Não há dinheiro para o populismo mais, há dinheiro para políticas sólidas, comprometidas com o desenvolvimento. Então, o Tocantins não pode viver sob a cabeça de um gestor que pensa ainda como na década de 1950, sob um gestor que manda rasgar processo no Tribunal de Contas quando a coisa está errada - o Siqueira faz isso até hoje, manda sumir processo. Então, não se pode mais fazer isso. Tem que ter os portais da transparência, mostrar onde estão devidamente aplicados os recursos.

Eu te dou um exemplo muito sério, uma denúncia contra o atual governo. Teve uma licitação de uma emenda do senador Vicentinho Alves (SD) para Porto Nacional. A diferença da licitação foi de R$ 10 milhões. Estão exigindo que o empresário saia da licitação para o segundo lugar ganhar com diferença a mais de R$ 10 milhões. Ainda não consumaram a licitação. Estão forçando. Outra denúncia desse governo. Essa lama asfáltica que estão fazendo. A corrupção está na medição. Estou cantando a pedra: vão fazer 'X' metros e vão faturar 'Y' metros. Vão faturar uns R$ 30 milhões a mais de serviço que não executaram. Isso era coisa do Ministério Público fazer uma comissão e fiscalizar cidade por cidade para uma auditoria de tudo que foi feito. Para não virar mais uma impunidade no Estado. É grave isso que estou falando. São dois exemplos. É o modus operandi do Estado. Era assim e continua assim.

CT - Com a renúncia do ex-governador Siqueira Campos (PSDB) está terminando um ciclo na política do Estado? Você acredita no fim da era siqueirista, ainda que ele seja candidato a senador?
PM - 
Eu tenho que fazer isso com muita serenidade. O Estado precisa que a cidadania compreenda a gravidade porquê passa o Tocantins. O cidadão e a cidadã, o trabalhador e a trabalhadora, terão que fazer uma reflexão sobre o Tocantins, de tudo que aconteceu até agora. Porque estão buscando se manter no poder as mesmas pessoas que fizeram este Estado chegar à situação de caos em que se encontra, que usaram esse discurso porque participaram efetivamente da construção - não foram os construtores, mas participaram da construção -, e usaram isso por vários mandatos, de deputado federal, de governador, de filho deputado federal e senador, tudo baseado num trabalho que prestaram para criar o Estado do Tocantins. A sociedade vai ter que pensar agora se quer continuar com essa representação, se acha que isso representou bem a sociedade. Se acha que representou bem, tem mais uma oportunidade de dizer o "sim". Se quiserem a mudança e que se dê um fim a esse ciclo da ditadura siqueriana, o momento é esse, dizendo 'não'. E não só ao Siqueira, mas a todos que acompanham o Siqueira, porque todos representam o mal, o ruim, o fracasso do Estado.

É a mesma coisa quando se vê as pessoas que participaram efetivamente da ditadura militar estarem ainda em alguns setores do governo. Essas pessoas que fizeram tanto desmando, que perseguiram, que maltrataram, têm alguns deles que estão convivendo com os poderes. Existem umas pessoas que têm essa capacidade de camaleão, de mudar de cor, de mudar de discurso. O Siqueira é uma dessas pessoas. O Siqueira tem uma capacidade de mentir e de fingir, que ninguém pode de combatê-lo. Eu tenho receio dele mentir mais uma vez para as pessoas e elas acreditarem. Então, é preciso que a juventude se levante neste Estado para dizer um basta. É preciso que o trabalhador e a trabalhadora observem crianças que morrem, idosos que morrem, pessoas que são assassinadas - aumento brutal na taxa de homicídios neste Estado saiu agora no IBGE. Um dos Estados com maior crescimento na criminalidade e homicídio no País é o Tocantins. Quer dizer, a tudo isso é possível nós dizermos não. Agora, é preciso ter consciência. É preciso pensar. É por isso que eu digo que este Estado merece um novo pensar. E quem for governar este Estado não pode mentir para seu povo, precisa cumprir o papel de transformador das políticas, das práticas políticas e das políticas públicas. O que precisamos fazer é alertar para que este camaleão não consiga mais uma vez mudar de cor e encantar as pessoas.

Fonte: Portal CT 

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