LOC: Dilma, a gente tem ouvido críticas e elogios ao Bolsa Família. Afinal o que há de ruim e o que há de bom nesse programa?
DILMA: O Bolsa Família é uma ajuda de emergência para combater a fome e a miséria de parte importante da população brasileira. Hoje, por causa do Bolsa Família, 12 milhões de famílias estão fora da miséria. Mais ou menos 48 milhões de pessoas recebem a ajuda do Bolsa Família. E essas famílias têm uma responsabilidade: manter os filhos na escola e vacinar as crianças. O que a gente preferia é que no Brasil, ninguém, mas ninguém mesmo precisasse do Bolsa Família. Mas precisa! Não vamos tampar o sol com a peneira, precisa mesmo. O que está errado não é o Bolsa Família, mas é o fato de se precisar recorrer a tanta gente. O Bolsa Família, ele deve continuar até que as pessoas no Brasil não precisem mais. Quem é contra o Bolsa Família é quem não precisa do Bolsa Família. Quem precisa sabe muito bem como é importante ter um prato de comida, ter um dinheiro para poder garantir às crianças uma refeição, duas ou três todo o dia.
LOC: Agora Dilma, que resultados dá para ver com esse programa?
DILMA: Olha, o Bolsa Família deu uma grande contribuição, não foi só ele, mas ele deu uma grande contribuição para que milhões de brasileiros saíssem da pobreza, sabe o que é isso? Antes do Bolsa Família, milhões e milhões de brasileiros eram tão pobres que não tinham o que comer e quem sofria mais: as crianças. A gente que é mãe, as mulheres, sabem o que é querer dar de comer aos seus filhos e não poder. O Bolsa Família está ajudando no dia-a-dia das pessoas e também ajuda na esperança de um futuro, de um futuro melhor. O dinheiro do Bolsa Família é dado diretamente às famílias beneficiadas, através de um cartão, mas ele acaba se espalhando por toda a cidade.Por que a mãe que recebe o Bolsa Família do mês vai no armazém e compra comida; o dono do armazém ganha mais, contrata um empregado para ajudar. Já que o movimento aumentou, esse empregado também passa a ganhar dinheiro, começa a comprar mais e assim por diante. É um movimento que ajuda todo mundo e não para mais. Quando o consumo aumenta, o armazém ou o mercadinho, a farmácia, o armarinho, o comércio todo ganha mais; contrata mais trabalhadores e assim vai indo. As cidades, as pequenas, as médias e até as grandes cidades nas periferias ficam mais ricas.
LOC: Dilma, o Bolsa Família tem contrapartidas e exigências aos beneficiados. Essas questões são cumpridas?
DILMA: Olha, elas têm de ser cumpridas, elas precisam ser. As mães e os pais sabem que, se eles não mandarem os filhos para a escola, ou, se eles não vacinarem as crianças, eles vão perder o beneficio. As famílias tanto sabem que a grande maioria delas cumprem as exigências. Aliás, o nosso povo é honesto, a pobreza é uma condição de vida que ninguém quer; ninguém mesmo. O Bolsa Família está contribuindo para aumentar a frequência das crianças na escola, os pais estão fiscalizando mais as crianças, cuidando mais para que os meninos e as meninas vão mesmo para a escola. O Bolsa Família, por exemplo, quando ele se liga a outros programas do governo, como por exemplo, o Programa de Aceleração do Crescimento, também ele está fazendo com que os adultos que recebem o beneficio, também procurem aprender mais. Alguns exemplos disso estão acontecendo, por exemplo, em algumas comunidades: no Rio de Janeiro, no Complexo do Alemão; no nordeste nas obras da ferrovia Transnordestina, que liga o Piauí, em Eliseu Martins, até o Porto de Pecém e ao Porto de Suape, no Ceará e em Pernambuco; a Usina de Santo Antonio em Rondônia, tudo obra do PAC. Lá, nessas obras, exigimos que haja uma contratação prioritária para os adultos do Bolsa Família. Aí as pessoas que ganham o Bolsa Família, estão sendo treinados para trabalhar nessas obras. Eles estão estudando e aprendendo novas técnicas: passam a ganhar mais e podem ocupar novos empregos. E é por isso que a gente diz que o Bolsa Família, também, ao ser articulado aos outros programas, ele contribui para aumentar o emprego no Brasil.
LOC: Dilma Rousseff, obrigado pela entrevista!
DILMA: Olha, eu quero agradecer muito e dar um grande abraço a todos os ouvintes da rádio.
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