quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Artigo: E agora Zé Siqueira? No meio do asfalto havia um buraco e Jurassa atolou!


Por Zilmar Wolney

A conceituada jornalista Roberta Tum verbalizou, admoestando o poder público sobre as estradas que matam no Tocantins. Injustificáveis, pois, a ausência de reparos necessários nos destroços das rodovias estaduais. Uma, porque o erário não deixou de recolher o IPVA, que gera receitas ao Estado, com a repasse da união. Outra, porque impossibilita o tráfico de pessoas, prejudica o escoamento da produção, e por sua vez, o desenvolvimento econômico do Tocantins.

É necessário que existam vozes que gritem pelos mortos e pelas estradas assassinas, que deixam o sangue na rua e um cruzeiro afixado à margem de uma BR, para se dar notícia do evento morte e do  descaso da coisa pública. É imprescindível gritar pelos danos causados a veículos, pelas mortes geradas, por consequências de buracos em vias alfáticas, num relógio que aponta a hora da morte certa. Registre-se que o berro recente, nas proximidades de Araguaína saiu, quando uma família foi praticamente dizimada num acidente, ocorrido no dia 24.01.2013, na BR-153. O eco desse apelo chegou até o Jornal Nacional, e logo em seguida deu-se início à operação tapa buracos.

No entanto, o empresário rural Artur Janzem (45), sua esposa Liane Ahlert Janzem (39) e os filhos Gustavo Janzem (8) e Thomas Janzem (5), que, ao longo dos anos, traziam o progresso para região sudeste, no dia 31.01.2013, por volta das 12hs., partiram na incoerência dos buracos, existentes curva da BR, que dá acesso à cidade de Novo Jardim. Não houve grito. Houve choro e ranger de dentes pela indignação e descaso com a coisa pública. Em seguida, o silêncio foi território comum, rompido apenas por um sino replicando na velha igrejinha de São José do Duro, onde os corpos eram velados.

A atual gestão político e administrativa do Tocantins não disse ainda ao que veio. Mas, uma coisa é certa, nas eleições de 2.012, ficaram bem claras, as suas ações subreptícias, com maciços investimentos em campanhas dos seus apaniguados, desde que desarticulassem qualquer projeto político, que ameassem ou colocassem em risco, os interesses políticos do Governo, para as eleições de 2014. Afirmam os mais categóricos que o único papel da atual gestão política tem sido esta: minar qualquer frente política de resistência aos interesses políticos dos candidatos do governo, para as eleições de 2.014. Talvez, por isso, torne-se compreensível tantos empréstimos realizados na China ou Japão para locupletar os interesses eleitoreiros de uma gestão politiqueira.

Pondere-se, enfim, que Jurassa saiu de Dianópolis rumo à cidade de Taguatinga, e conseguiu atolar o seu veículo, naquilo que poderíamos chamar de rodovia estadual, coberta com asfalto e sinalização. No entanto, o que se vê, hoje é um primitivo projeto de estrada, capeado por alfalto de péssima qualidade. Deste modo, com o abandono e descaso tornou-se uma via de buracos, onde fosse melhor voltarmos ao antigo pedregulho e cascalho que cobriam nossas estradas. Ou, quem sabe, louvarmos da montaria de um jeque ou burro, rompendo os paradigmas de uma hemorróidas. Também, prá quê um carro, para andar ligeiro, sem ter por onde, e sem ter prá quê?!

A dor e humilhação de Jurrassa, atolado no meio de uma BR, no caminho que conduz à Taguatinga, nos faz lembrar o saudoso Joaquim Aires Cavalcante Wolney, Coronel Wolney, que por meio de seu idealismo, ladeado por homens rústicos e familiares, com foice e machado, abriu a primeira estrada, que nos conduziria do Duro até Barreiras-BA. Outrossim, veio o progresso, e colocou sobre essa, a borra preta, apelidada de piche, por meio de contratos duvidosos, com empreiteiras de pessoas como Carlinhos Cachoeira, cujo bicheiro, até hoje, ironiza a nossa gente, afirmando que os políticos mais corruptos, com quem lidou, residem no Tocantins.

Os Girassóis dançam o mesmo balé, na sincronia do sol. Os ventos secos varrem as velhas estruturas dos prédios públicos. Vejo o tocantinense, à sombra de árvores, resistir ao calor e chuva intensos, e não perder a esperança de dias melhores. Pois, na água da fonte, alveja o brasão do novo eldorado, para que, à luz fulgurante, “co yvy ore retama”, continue a repassar a idéia de que esta terra pertence a todos os tocantinenses.

Carlos Drumond, em seus versos, diria: e agora Zé Siqueira? No meio do caminho não havia uma pedra. Havia buracos, em rodovias que matam vidas inocentes. Que assustam os turistas, afugentam os investidores, e empacam o progresso do Tocantins. De outro lado, o cancioneiro, no piado triste da araponga, exaltaria: o suor escorreu e molhou a calçada. A verdade pulula nas ruas e na voz do povo, e não há nada de novo. O eleitor sumiu e a noite esfriou. A luz apagou. A mulher-mãe, Aureni, certamente, não lhe dedicará os mimos de “siquerido”. Tudo se acabará, fechando um ciclo político. Agora, você ficará sozinho e sem discurso. Questiona-se, enfim, você marcha José, José para onde?

Zilmar Wolney Aires Filho, advogado e professor universitário, especialista em processo civil. Mestre em Direito. Ocupa a cadeira n. 16 da Academia de Letras de Dianópolis-TO.

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