Por Zilmar Wolney
A conceituada jornalista
Roberta Tum verbalizou, admoestando o poder público sobre as estradas que matam
no Tocantins. Injustificáveis, pois, a ausência de reparos necessários nos
destroços das rodovias estaduais. Uma, porque o erário não deixou de recolher o
IPVA, que gera receitas ao Estado, com a repasse da união. Outra, porque
impossibilita o tráfico de pessoas, prejudica o escoamento da produção, e por
sua vez, o desenvolvimento econômico do Tocantins.
É necessário que existam
vozes que gritem pelos mortos e pelas estradas assassinas, que deixam o sangue
na rua e um cruzeiro afixado à margem de uma BR, para se dar notícia do evento
morte e do descaso da coisa pública. É
imprescindível gritar pelos danos causados a veículos, pelas mortes geradas, por
consequências de buracos em vias alfáticas, num relógio que aponta a hora da
morte certa. Registre-se que o berro recente, nas proximidades de Araguaína
saiu, quando uma família foi praticamente dizimada num acidente, ocorrido no
dia 24.01.2013, na BR-153. O eco desse apelo chegou até o Jornal Nacional, e
logo em seguida deu-se início à operação tapa buracos.
No entanto, o empresário
rural Artur Janzem (45), sua esposa Liane Ahlert Janzem (39) e os filhos
Gustavo Janzem (8) e Thomas Janzem (5), que, ao longo dos anos, traziam o
progresso para região sudeste, no dia 31.01.2013, por volta das 12hs., partiram
na incoerência dos buracos, existentes curva da BR, que dá acesso à cidade de
Novo Jardim. Não houve grito. Houve choro e ranger de dentes pela indignação e
descaso com a coisa pública. Em seguida, o silêncio foi território comum,
rompido apenas por um sino replicando na velha igrejinha de São José do Duro,
onde os corpos eram velados.
A atual gestão político e
administrativa do Tocantins não disse ainda ao que veio. Mas, uma coisa é
certa, nas eleições de 2.012, ficaram bem claras, as suas ações subreptícias,
com maciços investimentos em campanhas dos seus apaniguados, desde que
desarticulassem qualquer projeto político, que ameassem ou colocassem em risco,
os interesses políticos do Governo, para as eleições de 2014. Afirmam os mais
categóricos que o único papel da atual gestão política tem sido esta: minar
qualquer frente política de resistência aos interesses políticos dos candidatos
do governo, para as eleições de 2.014. Talvez, por isso, torne-se compreensível
tantos empréstimos realizados na China ou Japão para locupletar os interesses
eleitoreiros de uma gestão politiqueira.
Pondere-se, enfim, que
Jurassa saiu de Dianópolis rumo à cidade de Taguatinga, e conseguiu atolar o
seu veículo, naquilo que poderíamos chamar de rodovia estadual, coberta com
asfalto e sinalização. No entanto, o que se vê, hoje é um primitivo projeto de
estrada, capeado por alfalto de péssima qualidade. Deste modo, com o abandono e
descaso tornou-se uma via de buracos, onde fosse melhor voltarmos ao antigo
pedregulho e cascalho que cobriam nossas estradas. Ou, quem sabe, louvarmos da
montaria de um jeque ou burro, rompendo os paradigmas de uma hemorróidas.
Também, prá quê um carro, para andar ligeiro, sem ter por onde, e sem ter prá
quê?!
A dor e humilhação de
Jurrassa, atolado no meio de uma BR, no caminho que conduz à Taguatinga, nos
faz lembrar o saudoso Joaquim Aires Cavalcante Wolney, Coronel Wolney, que por
meio de seu idealismo, ladeado por homens rústicos e familiares, com foice e
machado, abriu a primeira estrada, que nos conduziria do Duro até Barreiras-BA.
Outrossim, veio o progresso, e colocou sobre essa, a borra preta, apelidada de
piche, por meio de contratos duvidosos, com empreiteiras de pessoas como
Carlinhos Cachoeira, cujo bicheiro, até hoje, ironiza a nossa gente, afirmando
que os políticos mais corruptos, com quem lidou, residem no Tocantins.
Os Girassóis dançam o mesmo
balé, na sincronia do sol. Os ventos secos varrem as velhas estruturas dos
prédios públicos. Vejo o tocantinense, à sombra de árvores, resistir ao calor e
chuva intensos, e não perder a esperança de dias melhores. Pois, na água da
fonte, alveja o brasão do novo eldorado, para que, à luz fulgurante, “co yvy
ore retama”, continue a repassar a idéia de que esta terra pertence a todos os
tocantinenses.
Carlos Drumond, em seus
versos, diria: e agora Zé Siqueira? No meio do caminho não havia uma pedra.
Havia buracos, em rodovias que matam vidas inocentes. Que assustam os turistas,
afugentam os investidores, e empacam o progresso do Tocantins. De outro lado, o
cancioneiro, no piado triste da araponga, exaltaria: o suor escorreu e molhou a
calçada. A verdade pulula nas ruas e na voz do povo, e não há nada de novo. O
eleitor sumiu e a noite esfriou. A luz apagou. A mulher-mãe, Aureni,
certamente, não lhe dedicará os mimos de “siquerido”. Tudo se acabará, fechando
um ciclo político. Agora, você ficará sozinho e sem discurso. Questiona-se,
enfim, você marcha José, José para onde?
Zilmar Wolney Aires Filho,
advogado e professor universitário, especialista em processo civil. Mestre em
Direito. Ocupa a cadeira n. 16 da Academia de Letras de Dianópolis-TO.
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