80 mil devotos acompanham
missa em Natividade, sudeste do estado.
Do G1 TO
"A graça e o dom de
Deus não se explica”. A frase de Dom Romualdo Matias, arcebispo de Porto
Nacional, retrata o sentimento de cerca de 80 mil romeiros (segundo a
organização do evento) que estiveram nesta quinta-feira (15), no povoado do
Bonfim, a 22 km de Natividade, sudeste do estado, para celebrar e homenagear o
Senhor do Bonfim.
Essa devoção inexplicável,
levou a técnica de enfermagem, Vilma Pereira Alves, de 46 anos, a assistir à
missa ajoelhada. Ela já participou da romaria sete vezes e dessa vez diz que o
sentimento foi diferente. “Estou pagando promessa de uma doença que meu filho
teve na pele e curou. O sacrifício é pelo agradecimento”, relata, acrescentando
que tem a mesma doença e que espera que Deus lhe conceda a graça por
intercessão do Senhor do Bonfim. “Estou pedindo para que Deus me liberte, que
eu ainda não fui curada."
Aseli Costa, 40 anos, da
cidade de Formoso do Araguaia assistiu à missa com um manto azul e uma imitação
de coroa. Pela primeira vez, ela esteve no povoado pagando promessa pela filha.
“É uma alegria estar aqui, estou com o coração mais leve”. O marido dela,
Antônio de Jesus Oliveira aprovou a iniciativa da esposa. “Achei bonito, é a
demonstração da fé.”
Emoção
O radialista Talles Valente,
da cidade de Dianópolis, já perdeu a conta de quantas vezes foi ao Festejo do
Senhor do Bonfim. Tradição familiar, o seu pai, Josino Valente, carregou por 50
anos a bandeira do santo e quando ele morreu Talles pegou a missão para si.
Desde 2000, participa da missa campal, balançando a bandeira. Emocionado, ele
disse em uma só palavra o seu sentimento: “inimaginável”.
Dona Francisca Ramos, 66
anos, pela primeira vez foi ao Bonfim para pagar promessa. Romeira há quatro
anos, ela participou da missa e esperou por horas na fila, até entrar no
santuário para agradecer, com uma pedra na cabeça e de pés descalços.
A idosa estava doente da
garganta fez a promessa e conseguiu a cura. “Agora paguei o voto. Valeu a pena.
Ano que vem eu volto, mas não com a pedra”, brincou Francisca.
Mudanças
Pela primeira vez, a missa
campal, que era celebrada na praça em torno da igreja, foi transferida para a
entrada da cidade. Em um espaço amplo, com tendas, foi montado um grande palco
onde a celebração foi realizada. Sentados, em pé, ajoelhados, protegidos por
sombrinhas milhares de pessoas demonstraram a fé ao Senhor do Bonfim.
A mudança de lugar, segundo
o padre Joatan Macedo de Bispo, que há 29 anos organiza o festejo, foi para dar
mais segurança e qualidade aos romeiros que, segundo ele, vem crescendo a cada
ano. “O que atrai as pessoas ao senhor do Bonfim é que ele representa o Jesus
Crucificado se entregando por nós em um amor eterno.”
Depois da celebração, os
fiéis seguiram até a igreja em procissão com a imagem do santo. Em seguida, a
paróquia ficou aberta para que os romeiros pudessem fazer suas preces, pagar
suas promessas.
Maria Délia de Araújo, 67
anos, é voluntária no festejo há 28 anos. E, após mais uma missa, em homenagem
ao santo, ela sente que a missão vem sendo cumprida. “É um chamado, fui chamada
a trabalhar, mas mais do que isso, chamada a ser uma discípula, uma
missionária.”
Companheira de fé de Maria
Délia, Zifirina Pereira dos Santos, de 79 anos, resume seu sentimento em poucas
palavras. “Meu coração está mais que alegre. Ver tanta gente aqui é um prazer.
É a demonstração de que o milagre do Senhor do Bonfim é grande.”
O festejo do Senhor do
Bonfim começou no dia 6 de agosto e segue até este sábado (17), quando será
realizada a missa dos romeiros.
História
A Romaria do Povoado do
Senhor do Bonfim tem origem com o surgimento de Natividade, que tem 279 anos. A
primeira igreja foi construída no povoado em 1750, depois que um vaqueiro
encontrou uma imagem do santo em cima de um toco de árvore. Como o festejo foi
crescendo, em 1941, um templo maior foi construído: o Santuário do Senhor do
Bonfim.
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