segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A TRADIÇÃO CARNAVALESCA DE DIANÓPOLIS

O sudeste do Tocantins, através de cidades como Dianópolis, se consolida pela tradição carnavalesca. Foliões de paragens diversas, com a proximidade da maior festa do País, se articulam na busca de melhor acesso, acomodação, e até inscrição nos blocos mais tradicionais do lugar. Enquanto isso, ruas, praças, e avenidas são reestruturadas, numa simetria de passarela, para desfile dos foliões. Os buzinaços, cornetas, embalam a velha pólis, através de ritmos inovadores, sem contudo, decodificar a sonoridade das marchinhas insuperáveis. E, entre folguedos e brilhos, os pierrot e colombinas recebem a chave da cidade, para o comando dos festejos.
 

Entre decorações, fantasias, confetes, purpurinas, os artífices da folia retratam a história local e apontam críticas sociais, no viés do samba. De outro lado, blocos, como os enxutos, notabilizam a tradição do entrudo, e os 100% ordinários exaltam o lado, menos contido, de inúmeros carnavalescos. Noutra parte, a festa se inova, por meio de blocos diversos, como Bostorós, Bat-xós, Jêguerê e Zorra, que reinventam o compasso da dança, através de novo estilo e estruturação.
 
A folia carnavalesca de Dianópolis-TO, ao longo dos anos, ultrapassou fronteiras do antigo norte goiano, e hoje sudeste do Tocantins. E, como legado, conquistou curiosos e simpatizantes, que se tornaram adeptos dos festejos. Agora, as ruas, bares e lugares, transmudam-se em território comum dos foliões, exaltando a coexistência da diversidade, num todo coletivo, que se intitula carnaval. Assim, a festa cumpre o papel, não só de difundir a cultura do lugar, como, pela via oblíqua, aproxima pessoas, superando diferenças.
 
Em Dianópolis-TO, o movimento cultural carnavalesco, através do realce de valores como costumes, tradições e folclore, é resgatado. No compasso das marchinhas, exalta-se o desfile dos caretas e suas máscaras, que ganham as praças e salões, esnobando as suas coreografias. Em cada alvorada, se vê os felizes garis, na avenida, entre confetes e pedaços de fantasias, sequenciando a festa, embalados pelas vassouras do mundo. E, no final, um banho de talco ou pó, arremata a festa, com um contorno aromatizante, filiando-se aos arremedos religiosos de uma quarta-feira de cinzas.
 
O carnaval, segundo a história, estaria intimamente ligado ao processo religioso, para inserção do período da quaresma. Apesar da apatia de alguns, que apenas observam à distância e outros, que ouvem ou colhem notícias posteriores, uma coisa é certa: indiferença total não existe em relação ao evento. Mesmo para aqueles que buscam atividades alternativas, como pescaria, encontros religiosos. Por isso, a folia carnavalesca não pode ser estereotipada como ópio do povo. Pois, o carnaval, também, é a celebração da vida, por meio de pessoas que vivenciam as coisas, manifestos, e festejos do seu tempo, expurgando insatisfações cotidianas, e esboçando sorrisos à graça de viver.
 
Ao final, salienta-se que é tempo de beijar as avenidas da cidade das Dianas, através do suor, da alegria, do festejo, do folguedo, superando equívocos, ilusões afetivas e, quem sabe, até diferenças pessoais. Principalmente, entoando as velhas marchinhas, ou novas, porque, é sempre bom refletir: que o canto e a dança, segundo a vetusta sabedoria popular, ainda continuam sendo um bom mecanismo para espantar os males, atrair afetos, e esnobar simpatia.


Autor: Zilmar Wolney Aires Filho - Advogado e Professor Universitário Especialista em Processo Civil, Mestrando em Direito Civil e Membro da Academia de Letras de DNO.   

 

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