segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

“Não vamos impedir alianças com ninguém”


Ribeiro: o meu grupo e o do Raul [Filho] é um grupo só daqui para frente

Presidente regional do PR e uma das principais forças políticas do Tocantins, o senador João Ribeiro dá o tom de como será a disputa pela Prefeitura de Palmas. Em entrevista à Tribuna, o senador deixou claro que não irá apoiar o nome do governo do Estado para a disputa, o deputado estadual Marcelo Lelis (PV). E diz que as composições entre PR e o grupo do governo no interior deverá obedecer a uma via de mão dupla. “A resposta será dada de acordo com o apoio que eu receber”, sustenta.


Tribuna – Como o senhor observa a movimentação política a oito meses das eleições municipais?João Ribeiro – Cada grupo faz as suas articulações e posso falar do nosso. Porque, como é uma eleição municipal, vamos tratar das eleições municipais apenas. Embora as pessoas queiram vinculá-la à 2014, é natural que as pessoas que estiveram com a gente venha nos pedir apoio. Tenho colocado com clareza que vamos passar primeiro pelo processo municipal para, depois, discutir 2014. É claro que quem tem mandato está sempre querendo antecipar o assunto. Mas, por enquatno, estamos focados em conduzir a eleição municipal, nos maiores municípios, mas também nos pequenos.



Quantos candidatos a prefeito o PR vai lançar no estado?Não tenho essa informação precisa, ainda. Mas o partido trabalhará com o maior número de candidatos próprios possíveis. Mais de 40, pelo que está colocado no estado. Mas estarei apoiando candidatos nos 139 municípios. Do meu partido e dos partidos aliados, que queiram nos acompanhar numa aliança futura. Agora, além do PR, temos o PRTB e o PTN, que também está se organizando. O PTN, que é comandado pela minha esposa, Cinthia [Ribeiro], vai reorganizar as comissões provisórias e, com certeza, vai estar ouvindo as lideranças locais. O PTB, que é comandado pelo deputado José Geraldo (PTB), é um partido muito próximo também. Eu diria que não temos problemas com ninguém. Por isso, vamos deixar livre nas articulações, não vamos impedir ninguém de fazer aliança com ninguém em lugar nenhum. Numa cidade do interior, às vezes uma aliança é melhor para mim ou determinado partido, mas se o grupo local acha que é para outro, que garante mais o futuro do grupo, me curvarei à autonomia municipal.

Se comenta, que haveria certo afastamento do senhor com o grupo do governador Siqueira Campos. Há de verdade nesta história?Com referência a Palmas, tenho colocado publicamente e mantenho minha posição, de que o PR tem duas candidaturas: a da deputada Luana [Ribeiro] e a do vereador José Hermes Damaso, com quem fiz um compromisso. Vamos deixá-lo trabalhar sua candidatura, para a ver a viabilidade. O mesmo vale para a deputada Luana. Mas volto a frisar o que falei para o secretário [de Planejamento] Eduardo Siqueira Campos, que é meu amigo: acho que o governo já se definiu pela candidatura de Marcelo Lelis. Quanto a nós, não vamos ficar esperando as coisas caírem do céu. Vamos trabalhar. E o prefeito Raul [Filho] está comigo.

E o senhor está junto do governo?Apoio o Estado, no que diz respeito às questões de Brasília. E em muitos municípios vamos estar juntos. Onde o PR estiver melhor e o governo optar pela aliança com o PR, será feita. O PR pode apoiar o PSDB no interior.

Em Araguaína, por exemplo, o secretário das Cidades, Ronaldo Dimas, do PR, é um dos nomes mais cotados para a disputa a prefeito. O senhor acredita que ele terá o apoio do governo?Espero que o Dimas consiga o maior número de apoio. Cada lugar tem suas características próprias. Tem gente falando que podemos trocar o apoio de Araguaína por Palmas. Esse tipo de acordo não faço! Não estarei respeitando a autonomia municipal, se fizer uma coisa dessas. Como o Dimas vai abrir mão de sua candidatura para beneficiar uma candidatura em Palmas? Isso é inconcebível. A eleição é local, temos que discutir cada caso isoladamente. Por isso digo que não tem proibição nenhuma de aliança, a não ser que algum grupo radicalize com a gente. Se radicalizarem, a resposta será dada de acordo com o apoio que recebermos. O que recebermos, vamos retribuir. Se não tiver apoio, vamos procurar evitar dar apoio. Mas não existe rompimento meu com o governo do Estado ainda.

Poderá existir?Vai depender do governo. Vai depender da forma como formos tratados. Agora, uma coisa precisa ficar clara, apoiei todos os governos durante os meus mandatos. Não dependo de cargos no governo do Siqueira para apoiar o governo dele e Brasília, por exemplo. É lá que precisam de mim. Em Brasília, ele tem o meu apoio. Agora, politicamente, a resposta será dada de acordo com o tratamento que eu receber.

Por que o senhor decidiu não apoiar a candidatura do deputado estadual Marcelo Lelis?Todo mundo sabe que apoiei o deputado na eleição passada. O Lelis é meu amigo, tenho consideração por ele, mas agora tem uma filha minha que está na disputa, que está com o nome colocado. Ela vai viabilizar a sua candidatura? Acho até que vai, pelo trabalho que está fazendo. Mas se não for ela, será um dos outros companheiros do meu grupo e do grupo do Raul, que, na verdade, é um grupo só daqui para frente. Acho pouco provável uma terceira via em Palmas. Será uma candidatura do Palácio versus a candidatura do Paço. E nós estamos hoje 99% acertado com a candidatura do Paço. Há uma clara definição pela candidatura do Lelis. Não posso tapar o sol com a peneira. Precisamos ser francos.

No grupo político do senhor e do prefeito Raul Filho há vários pré-candidatos. Como será a articulação para afunilá-los e chegar a uma chapa que não desagregue nenhum partido? Alguém terá que abrir mão de alguma coisa. Não dá para fazer política colocando a vaidade pessoal na frente. Quem pensa em ganhar uma eleição em Palmas, sabe que o páreo é duro. Porque a disputa não será fácil nem para o candidato do governo nem para o candidato do Paço. Penso que, deve-se buscar o acordo. Vamos fazer pesquisas, e quem estiver mais preparado, quem tiver mais habilidade para agregar o grupo, provavelmente será o escolhido.

E em Gurupi, como será a disputa? O prefeito Alexandre Abdalla, do PR, falou que poderá haver outros nomes além de Goiaciara Barros, que foi o nome lançado pelo partido.
Se o critério for pesquisa de opinião, tenho certeza de que em qualquer pesquisa dentro do grupo a Goiaciara sai na frente. Como é o Dimas, em Araguaína. Mas como o prefeito é o juiz no processo, é natural que ele diga que tem outros nomes da base dele, que são companheiros nossos. Mas da minha parte, só se a Goiaciara não quiser ser candidata. E não vejo nenhum problema o prefeito apoiá-la.

Sobre a mudança na coordenação da bancada tocantinense no Congresso, quem será o substituto do senhor na função?Vou entregar, até porque nós temos que fazer um rodízio, dar oportunidade para que um deputado também possa fazer este trabalho. Tem oito anos que sou coordenador da bancada. É preciso renovar. Até para as pessoas saberem se eu estava fazendo um bom trabalho ou não. O novo coordenador deve ser escolhido agora em fevereiro. Vou reunir a bancada. Já tem dois ou três pretendentes na Câmara, e o único que chegou a mim e pediu o meu apoio foi o Lázaro Botelho. Até onde sei, também estão entre os pretendentes os deputados Agnolin e Laurez. Mas acredito que era bom se eles resolvessem isso na Câmara, pois facilitaria para nós, embora tenha quase que um compromisso com o Lázaro Botelho, em função das conversas que tivemos. O coordenador é um parlamentar que vai trabalhar pelo grupo. Por exemplo, na hora da distribuição das emendas, o coordenador trabalha mais.

Como o senhor avalia a liberação das emendas parlamentares pelo governo federal em 2011?Foi um ano péssimo para o estado. O governo federal não cumpriu o que tinha combinado. Falei isso para a ministra [das Relações Institucionais] Ideli [Salvatti], quando fui para a posse do [ministro da Educação] Aloízio Mercadante. Falei: “Ideli, vocês judiaram do Tocantins”. Ela falou: “Não foi só do Tocantins”. Mas tenho que falar do meu. E, realmente, não foi um ano bom. Para 2012, haverá mais cortes. Isso é horrível. Mas para a Saúde e Educação, acredito que não houve cortes, porque são as áreas que têm mais simpatia do governo federal.

Por isso Palmas recebeu tantos recursos para investir em escolas de tempo integral e creches?As escolas de tempo integral não são para todo o país. É algo novo no Brasil. Então, tivemos que fazer um trabalho de gestão muito duro para trazer essas escolas para Palmas. O trabalho que o Raul vem fazendo nos ajudou a convencer o Ministério da Educação. O ministro Fernando Haddad foi muito solidário comigo, porque há três anos fui relator dessa matéria e fiz um acordo com o ministro na época. Eu atenderia bem ele no meu relatório eu poderia fazer cortes de até 40%, mas não fiz cortes, redistribuir os recursos entre os parlamentares, e mantive o projeto intacto. Em troca, ele ia atender bem o Tocantins. E conseguimos essa quantidade de creches. Fomos o estado que mais creche recebeu no país, com cerca de 120 no total. Palmas já tem cinco creches e estão vindo mais oito. Principalmente nas cidades pequenas, não tem benefício maior do que a creche. Elas têm uma espécie de auditório, onde a comunidade pode fazer as formaturas, os casamentos comunitários, as festas juninas. Vira um espaço social, além da quantidade de crianças que são atendidas. E desde o final do ano passado o governo federal assumiu a manutenção dessas creches. Dependendo do município, a manutenção da creche acaba ficando pesada para os municípios.

Sobre a duplicação da BR-153, um pleito antigo do Tocantins, como estão negociações?As travessias urbanas ao longo da rodovia, para onde sempre venho destinando emendas de bancada, são o primeiro passo para a duplicação da Belém-Brasília. Se as 28 travessias urbanas que têm que ser feitas no Tocantins estiverem prontas - temos sete concluídas ou em fase de conclusão, uma com o processo de licitação concluído e outras para serem licitadas - será mais fácil para a obra. Daí é inserir essas travessias urbanas no PAC [Plano de Aceleração do Crescimento]. A presidente mandou que colocasse no PAC, e acertei com ela os estudos para a realização da obra. Já tem um anteprojeto, que o Dnit [Departa­mento Nacional de Infraestrutura de Transportes] do Tocantins fez dos 804 km de rodovia federal para duplicação. Só o projeto custará R$ 59 milhões. A obra de duplicação deve ficar em torno de R$ 2,4 bilhões.

Fonte: Jornal Tribuna do Planalto

Nenhum comentário: