Para quem não sabe, é bom
logo explicar. Ele é o profissional de marketing que assessora a presidente
desde o começo do governo. Foi o responsável pela campanha que a levou à
vitória em 2010.
Sua proeminência data de
quando assumiu a campanha de Lula na reeleição. Embora o ex-presidente já
tivesse voltado a ser favorito desde o início de 2006 – quando o eleitorado
digeriu e superou o famoso “mensalão” -, aquela não foi uma eleição tranquila.
Até os últimos dias do
primeiro turno – e o começo do segundo -, a oposição política e social ainda
acreditava que tinha condições de derrotá-lo.
Moveu tudo que estava ao
alcance, contando com a participação entusiasmada dos principais veículos de
comunicação nacionais - que não titubearam no endosso à candidatura de Geraldo
Alckmin (mais, até, que o próprio esperava). Mas Lula resistiu e terminou
vencendo.
E João Santana soube fazer
uma televisão que o ajudou (em muito). Como foi, quatro anos depois, um ator
fundamental na campanha de Dilma.
Santana enveredou pelos
caminhos do marketing político e eleitoral através de Duda Mendonça, de quem
cedo se tornou um dos mais importantes colaboradores.
Com o ostracismo de Duda – o
coordenador da campanha de Lula em 2002 -, provocado por suas intempestivas
declarações à CPI que investigava as denúncias contra o mensalão, ele assumiu o
protagonismo.
Desde a posse de Dilma,
Santana a tem assessorado em questões de comunicação. Em especial, é quem se
encarrega dos pronunciamentos na televisão. Dirige as gravações, opina a
respeito do que ela diz, sugere textos mais facilmente compreensíveis pela
população.
O que faz é algo de que
nenhum governo democrático moderno prescinde. Não há chefe de governo
contemporâneo que não tenha “seu marqueteiro” – ou uma empresa que faz as
vezes.A comunicação de massa é relevante demais para ser deixada sob a responsabilidade de pessoas sem qualificação específica – ou para guiar-se exclusivamente pela “intuição” do governante.
Mas não é por ter essa
função que João Santana se tornou, nas últimas semanas, personagem da crônica
política e assunto dos comentaristas.
Com frequência cada vez
maior, ele passou a ser discutido não pelo que é, mas por algo que lhe
atribuem: o papel de mágico.
Entre os muitos que não
entendem os bons números da presidente, estão os que acham que a resposta é que
são “coisa do João Santana”. O que equivale a dizer que o único motivo de ela
ser bem avaliada é o marketing do governo.
Mais ainda: que Dilma é
aprovada porque alguém - o marqueteiro - “manipulando” as “técnicas do
marketing”, “vende gato por lebre”.
Ela, a “responsável pelo
ministério”, se tornou a “faxineira ética” por “obra do marketing” – ou seja,
de João Santana. Ela, a fonte dos problemas do governo, se apresenta como
solução, “por obra do marketing”.
No fundo, é mais uma ficção
criada pela oposição - particularmente a mídia oposicionista - para não
reconhecer um fato básico de nossa vida política: que a larga maioria da
sociedade aprova, com racionalidade e fundamentadamente, o governo que Dilma
realiza.
Ao invés de tentar mostrar a
“falsidade” dessa boa avaliação – atribuindo-a à “ignorância da população”, à
“desinformação das pessoas”, ao “clientelismo político”, à “compra das
consciências pelo Bolsa-Família” e, agora, ao “marketing do governo” – melhor
fariam as oposições se começassem sua análise admitindo que a sociedade aprova
o governo por razões concretas. Que está satisfeita objetivamente, e não por
estar sendo enganada.
Só assim poderá redescobrir
como falar com o país. E não ficar falando sozinha.Autor: Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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