Eleito senador por Tocantins
em 2010, mas impedido de tomar posse por decisão judicial, o ex-govenador
Marcelo Miranda (PMDB) foi preparado para ser mais um braço da organização
liderada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, no Senado. A informação é do
jornal O Estado de S.Paulo.
Conforme o jornal, gravações
da Polícia Federal feitas durante a Operação Monte Carlo indicam que, ao lado
de Demóstenes Torres (sem partido-GO), Marcelo atuaria em favor do interesses
do contraventor e da Delta Construções.
Registros de conversas
telefônicas feitos no dia 4 de maio de 2011, de acordo com o jornal, mostram
Marcelo chamando Cachoeira de "chefe". O senador eleito diz que o
contraventor pode contar com ele e ainda informa: "Tô aí pra somar".
Um outro diálogo entre o contraventor e o então diretor da Delta Construções
para o Centro-Oeste, Claudio Abreu, revela a euforia deles diante da
possibilidade de Marcelo tomar posse no Senado.
'Procurador'
"Foi bom demais, né? Você ligou pra
ele?", pergunta Cachoeira. "Não. O bom é que eu sei que ele vai ser
procurador seu e meu, né?", afirma Abreu. "É bom demais. É um cara
bom, viu? Coração bom", conclui Cachoeira. No mesmo dia, Cachoeira liga
para Demóstenes para falar sobre Marcelo: "O Marcelo Miranda está
louquinho para falar com você, para te agradecer. Liga pra ele aí", diz.
Os diálogos ocorreram logo,
segundo o jornal, após Marcelo sair vitorioso de longa batalha judicial na qual
tentou assumir o mandato no Senado. O peemedebista, no entanto, nunca foi
empossado. Acusado de abuso de poder econômico e político nas eleições de 2006,
quando ganhou a disputa pelo governo do Estado, Miranda foi cassado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2009 e considerado inelegível por três
anos.
Apesar da condenação, o
Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) deferiu o pedido de
candidatura de Miranda ao Senado - decisão posteriormente reformada pelo TSE
com base na Lei da Ficha Limpa e na Lei Complementar 64/90, que estabelece os
casos de inelegibilidade.
Ao analisar o recurso
extraordinário de Miranda em maio do ano passado, o ministro Luiz Fux, do
Supremo Tribunal Federal (STF), considerou que o peemedebista não poderia ser
enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
O entendimento fez com que
Marcelo, Cachoeira e seu grupo comemorassem, considerando como certa a posse no
Senado.
"Parece que o Marcelo
(Miranda) virou senador de novo", comentou com o chefe Gleyb Ferreira da
Cruz, braço financeiro do grupo de Cachoeira, ao tomar conhecimento da decisão.
"Viu, negão, onde eu ponho a mão só dá nome certo, rapaz", respondeu
Cachoeira.
Duas semanas depois, no
entanto, Fux rejeitou o pedido para que Marcelo assumisse o mandato, pois,
embora livre da aplicação da Lei da Ficha Limpa, fora mantida a condenação de
três anos de inelegibilidade, a partir de 2009, por abuso de poder político e
econômico.
O jornal O Estado de S.Paulo
procurou Marcelo Miranda. Um assessor do ex-governador e senador eleito de
Tocantins identificado apenas como Alex solicitou que os questionamentos fossem
enviados por e-mail. Entretanto, nenhuma resposta foi enviada até o fechamento
desta edição.
Fonte: Portal CT
Nenhum comentário:
Postar um comentário