quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ideologia, projetos, programas? Que nada! As eleições 2012 serão "o samba do crioulo doido"!

 
Quando presidia o TRE o ministro Marco Aurélio Mello (do STF) chamou as alianças partidárias de "casamento federal e concubinatos regionais". O que temos assistido em termos de alianças para as eleições municipais de 2012 demonstra claramente que se já não vivemos sob a égide do bipartidarismo engendrado pelo Regime Militar pós-golpe de 64, o multipartidarismo hoje existente está longe de demarcar campos ideológicos e representar projetos de poder que se diferenciam. As “escapadelas” de que falava o ministro Marco Aurélio parece ter se tornado uma prática quase que automática.

O poeta da modernidade dos anos 80, Cazuza, já cantava que queria uma ideologia pra viver e preconizava a morte de seus heróis. Se as ideologias não morreram, há de pelo menos se considerar que elas são tristemente abandonadas nos períodos eleitorais. Para alguns: pragmatismo. Para outros: oportunismo. Certo mesmo é que não se discute mais projetos, programas, concepções de administração baseada nos programas partidários e em projetos mais de fundo, que pensam a longo prazo soluções administrativas e que estão baseadas em teorias formuladas para uma determinada concepção de poder. Discute-se o que o grupo A unido ao B pode ganhar, qual o naco que pode lhe tocar numa eventual vitória nas urnas e... E ponto final!

Com a licença que respeitosamente peço ao humorista e jornalista Sérgio Porto eu digo com todas as letras: é o Samba do Crioulo Doido. E essa verdadeira balburdia de alianças ocorre nas grandes capitais, onde alguns acreditam que são as sementes para as disputas de governo e da sucessão de Dilma Rousseff em 2014, e se repetem em larga escala nos municípios menores. Há combinações de todos os tipos. As chamadas realidades locais passam ao largo de qualquer disputa de projeto hegemônico de poder que possa se dar na esfera nacional e que coloca em campos opostos, por exemplo, o PSDB e o PT.

Prepare-se para propostas muito semelhantes, rostinhos muito bonitinhos, programas de rádio e televisão dignos das melhores produções que a tecnologia e o dinheiro podem bancar, mensagens sedutoras no mundo virtual, e muita presença militante profissionalizada nas ruas. E, em outubro, faça sua escolha. Só não espere estar votando num projeto político. Se você é daqueles que ainda acreditam em sonhos, projetos político-partidários, ideologias, e coisas do tipo, você é o “Último dos Moicanos”.

Eu sou Melck Aquino, e essa é a minha opinião.

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