Os atuais marqueteiros
políticos, investidos de duvidosas convenções e expedientes pouco ortodoxos,
por meio de artimanhas e intenso marketing, tornaram complexo e inflacionado o
processo político eleitoral. Agora, nem tantas doações de campanhas ou fundos
partidários revelam-se suficientes para custear demandas e explorações, que
vão, a guisa de ilustração, de uma dose de pinga a um botijão de gás. Neste
quadro, uma indesejável realidade exsurge: a penumbra que se abate sobre o
eleitor, na festa da democracia.
Entre a indecisão
legiferante estatal para financiar as campanhas políticas, e a articulação
político-profissional empreendida, no vácuo, em face do fragilizado eleitor,
vê-se que o vil metal continua dando as cartas, salvo consideráveis exceções.
Em decorrência, verifica-se que o processo foi se inflacionando, de tal modo,
que a atual ressaca de dispêndios, propugna pelo rompimento de velhos
paradigmas, até para que seja possível o sequenciamento de uma política, sem
tantos gastos e higienizada, onde a vontade pessoal do eleitor prevaleça
perante as urnas.
Ressalte-se, nesta seara,
que as ações de Secretarias de assistência social, por meio de distribuição de
medicamentos, roupas, cestas básicas, condicionando tais práticas ao vínculo de
um voto, para as próximas eleições, tornaram-se insuportáveis. As cestas
básicas, assim como os vales, disso e daquilo outro, devem ocorrer na
perspectiva de ações emergenciais e reparatórias, objetivando a inclusão do
cidadão, para que este se restaure, em sua dignidade, e com esforços próprios,
possa garantir a sua subsistência.
Neste contexto, também, é
essencial desmistificar falsos líderes políticos, e cabos eleitorais, paridos em cada esquina
das zonas eleitorais, com o propósito de que seja separado o joio do trigo, na
perspectiva da política, como ciência genuína, na lição de Max Webber. Aliás,
um dos fundamentos da República Federativa do Brasil centra-se, exatamente na
ampliação do debate político, segundo o silogismo do pluripartidarismo. Outrossim,
não se pode confundir a garantia do livre e amplo manifesto de tendências
políticas, com práticas espúrias de vantagens que são tiradas daí, como a venda
de votos e negociata de legendas ou apoios políticos.O verdadeiro eleitor, de conduta ética e moral, deve se impor como estrela maior, na festa da democracia. Para tal, deve convocar para si, o exercício da articulação política, na busca do convencimento do melhor para a coletividade, com a finalidade de que outros que se posicionam, de modo contrário, sejam erradicados do sistema. Ressalte-se, enfim, que a política, enquanto ciência, exsurge como seguimento mais nobre, nesta vertente, e para ela, todos convergem os seus esforços.
Urge, contudo, higienizá-la.
Saliente-se, portanto, que este é o momento, em que a vergonha nacional foi
exposta, pela retomada no STF, do processo do
Mensalão e da CPI do “Cachoeira”, na Câmara dos Deputados, que,
inclusive, podem levar o País às lonas, se apuradas e punidas todas as
falcatruas. Por isso, senhores eleitores, sintam-se conclamados, para antes de
pintarem os rostos, como ontem no impeachment de Collor, se postarem, agora,
com a consciência política inabalável, e com os dentes cerrados, rumo às urnas,
em busca de mudança geral e definitiva para o quadro aí instaurado.
Zilmar
Wolney Aires Filho (Zilô), advogado e professor universitário, especialista em
processo civil e mestrando em Direito. Titular da cadeira n. 16 da Academia de
Letras de Dianópolis-TO
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