segunda-feira, 11 de junho de 2012

A penumbra do eleitor na festa da democracia

Por Zilmar Wolney

Os atuais marqueteiros políticos, investidos de duvidosas convenções e expedientes pouco ortodoxos, por meio de artimanhas e intenso marketing, tornaram complexo e inflacionado o processo político eleitoral. Agora, nem tantas doações de campanhas ou fundos partidários revelam-se suficientes para custear demandas e explorações, que vão, a guisa de ilustração, de uma dose de pinga a um botijão de gás. Neste quadro, uma indesejável realidade exsurge: a penumbra que se abate sobre o eleitor, na festa da democracia.
Entre a indecisão legiferante estatal para financiar as campanhas políticas, e a articulação político-profissional empreendida, no vácuo, em face do fragilizado eleitor, vê-se que o vil metal continua dando as cartas, salvo consideráveis exceções. Em decorrência, verifica-se que o processo foi se inflacionando, de tal modo, que a atual ressaca de dispêndios, propugna pelo rompimento de velhos paradigmas, até para que seja possível o sequenciamento de uma política, sem tantos gastos e higienizada, onde a vontade pessoal do eleitor prevaleça perante as urnas.
Ressalte-se, nesta seara, que as ações de Secretarias de assistência social, por meio de distribuição de medicamentos, roupas, cestas básicas, condicionando tais práticas ao vínculo de um voto, para as próximas eleições, tornaram-se insuportáveis. As cestas básicas, assim como os vales, disso e daquilo outro, devem ocorrer na perspectiva de ações emergenciais e reparatórias, objetivando a inclusão do cidadão, para que este se restaure, em sua dignidade, e com esforços próprios, possa garantir a sua subsistência.
Neste contexto, também, é essencial desmistificar falsos líderes políticos,  e cabos eleitorais, paridos em cada esquina das zonas eleitorais, com o propósito de que seja separado o joio do trigo, na perspectiva da política, como ciência genuína, na lição de Max Webber. Aliás, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil centra-se, exatamente na ampliação do debate político, segundo o silogismo do pluripartidarismo. Outrossim, não se pode confundir a garantia do livre e amplo manifesto de tendências políticas, com práticas espúrias de vantagens que são tiradas daí, como a venda de votos e negociata de legendas ou apoios políticos.

O verdadeiro eleitor, de conduta ética e moral, deve se impor como estrela maior, na festa da democracia. Para tal, deve convocar para si, o exercício da articulação política, na busca do convencimento do melhor para a coletividade, com a finalidade de que outros que se posicionam, de modo contrário, sejam erradicados do sistema. Ressalte-se, enfim, que a política, enquanto ciência, exsurge como seguimento mais nobre, nesta vertente, e para ela, todos convergem os seus esforços.

Urge, contudo, higienizá-la. Saliente-se, portanto, que este é o momento, em que a vergonha nacional foi exposta, pela retomada no STF, do processo do  Mensalão e da CPI do “Cachoeira”, na Câmara dos Deputados, que, inclusive, podem levar o País às lonas, se apuradas e punidas todas as falcatruas. Por isso, senhores eleitores, sintam-se conclamados, para antes de pintarem os rostos, como ontem no impeachment de Collor, se postarem, agora, com a consciência política inabalável, e com os dentes cerrados, rumo às urnas, em busca de mudança geral e definitiva para o quadro aí instaurado.
Zilmar Wolney Aires Filho (Zilô), advogado e professor universitário, especialista em processo civil e mestrando em Direito. Titular da cadeira n. 16 da Academia de Letras de Dianópolis-TO

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