quinta-feira, 29 de maio de 2008

João Ribeiro x Marcelo Miranda: primeiro round



Irritado, Marcelo diz que João Ribeiro o chamou de "caloteiro":

O governador Marcelo Miranda (PMDB) criticou duramente o senador João Ribeiro (PR) na manhã desta quinta-feira, 29, em discurso no auditório do Palácio Araguaia, diante de prefeitos do Bico do Papagaio e do representante do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), o secretário Nacional de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Humberto Oliveira, durante a solenidade de instalação do Comitê Estadual de Articulação do programa Territórios da Cidadania.

Marcelo exigiu respeito do senador da República e afirmou que João Ribeiro o acusa, injustamente, de fechar as portas do governo para prefeitos da oposição.

Marcelo começou suas críticas a João Ribeiro dizendo que não pretendia tocar no assunto, porém, mudou de idéia, deixou o discurso escrito de lado e foi para o ataque. “Não ia falar, mas vou”, avisou ao auditório. Em seguida falou da hidrovia Tocantins-Araguaia e contou ter colocado o vice-governador Paulo Sidnei (PPS) e o secretário de Representação em Brasília Carlos Patrocínio, para discutir a questão da hidrovia.

O governador defendeu mais uma vez a hidrovia e fez uma previsão de que a via navegável vai mexer com a agricultura das famílias ribeirinhas. Após advogar a implantação da via aquática, Marcelo foi para o ataque e se disse chateado porque viu num jornal, "um senador" falando que ele [o governador] fecha as portas para os prefeitos. “Fico chateado vendo no jornal um senador falando que fecho as portas, me chamando de caloteiro. Eu não vou aceitar mais isso”, discursou.

Ele afirmou que não vai aceitar que um “senador da República” o desrespeite porque ele [Marcelo] respeita o parlamentar e que não fecha as portas para ninguém. Segundo Marcelo, João Ribeiro se levanta contra um governo que quer parceria para desenvolver projetos “Não vou deixar que o senador fale que não respeito. Agora que me respeite o senador da República, [me respeite] como cidadão e como pai de família, me respeite porque fui eleito pelo povo”, elevou a voz.

Motivo:

Além da suposta fala de João Ribeiro chamando Marcelo de “caloteiro”, outra atitude do senador irritou o chefe do Executivo. O parlamentar, falou o governador, estaria contestando sua "viagem inaugural em defesa da hidrovia". “Veio contestar a minha viagem”, acusou.

Marcelo se dirigiu à imprensa e declarou saber que suas declarações seriam publicadas e que sabia também que viria resposta, mas mesmo assim iria falar. “A imprensa está aqui e eu sei que vão divulgar e vai vir resposta, mas eu, como governador, não posso admitir isso [as críticas de João Ribeiro]”, observou pedindo desculpas aos presentes pela “franqueza”.

O governador encerrou seu discurso pedindo desculpas aos presentes por ter usado o espaço para responder aos supostos ataques de João Ribeiro. Acabada a cerimônia, Marcelo saiu pelos fundos do auditório evitando se encontrar com os repórteres. No começo da cerimônia, ao entrar no auditório, o governador não quis falar com a imprensa. Uma assessora do Palácio Araguaia informou que Marcelo saiu pelos fundos porque estava com pressa, iria para o aeroporto onde embarcaria para Belém.

Ribeiro diz que não falou “caloteiro”, mas Marcelo “faz compromisso e não paga”

O senador João Ribeiro (PR) respondeu na tarde desta quinta-feira, 29, as críticas do governador Marcelo Miranda (PMDB), feitas na manhã desta quinta-feira, no auditório do Palácio Araguaia. Ribeiro disse que nunca desrespeitou o governador, mas que fez e "continuará fazendo críticas" e falando dos problemas que vê na administração estadual.

Sobre a fala do governador Marcelo Miranda, de que João Ribeiro o teria chamado de “caloteiro”, o parlamentar declarou que não usou essa palavra, pois a considera “chula”, porém, declarou que o governador "assina convênios com os municípios e não paga". “Eu nunca usei essa expressão – caloteiro - porque é uma expressão muito chula, mas não escondo de ninguém que ele não paga os convênios”, respondeu João Ribeiro.

O parlamentar ironizou e disse que, apesar de não usado a palavra “caloteiro”, "na linguagem popular o não pagamento dos compromissos quer dizer isso". “Eu reafirmo que ele não honra os compromissos e, para quem não paga, na linguagem popular se usa isso", afirmou o senador se referindo à palavra "caloteiro", mas sem pronunciá-la.

João Ribeiro disse que vai continuar criticando os problemas que ver na administração estadual, entretanto, não vai “partir para a baixaria”. O senador citou como exemplo de má administração estadual os convênios firmados com a Prefeitura de Riachinho. No evento pela manhã, Marcelo, ao discursar, citou várias vezes o nome do prefeito daquela cidade, Eurípedes Lourenço de Melo (PR), o Lipe, como que para confirmar suas falas.

O senador disse que o governo estadual deve para a Prefeitura de Riachinho e não paga as emendas. Existe, segundo João Ribeiro, uma emenda do deputado estadual Raimundo Moreira (PSDB) de R$ 50 mil que está atrasada. Haveria também cheques do governo estadual que não foram pagos, conforme o senador. Seriam 27 cheques-reforma de 2005 que até agora não foram pagos, afirmou o parlamentar.

Sobre possíveis críticas suas à hidrovia Tocantins-Araguaia, ele afirmou que não criticou a via aquática, pois não é possível criticar o que “não existe”. Segundo o senador, a crítica que fez foi dirigida ao termo “inaugurar” usado pela imprensa para divulgar a viagem que Marcelo fez no rio Tocantins, há 15 dias. O parlamentar garantiu que é um defensor da hidrovia.

Comentários by KIKO:
As eleições vão chegando e o clima vai esquentando. Marcelo diz que não discrimina prefeitos da oposição e João Ribeiro diz que ele é "caloteiro" indiretamente. Se depender desses dois vai ser difícil unir governo e UT. Isso já é uma antecipação da disputa da cadeira de senador em 2010, onde os dois poderão ser adversários.

Quanto aos prefeitos de oposição, no caso específico de Dianópolis, não sei se há qualquer tipo de calote. Mas que o governador fecha as portas para adversários, isso é fato. O que existe é uma tentativa de enfraquecê-los introduzindo formas paralelas de governo através de alocação de recuros para associações, por exemplo. O caso de DNO é emblemático. Em vez de usar o caminho natural e institucional através do poder executivo democraticamente constituído, dá-se um jeitinho de tentar inflar uma candidatura governista com mecanismos indiretos como reverter recursos públicos para associações. É o famoso jeitinho brasileiro usado na cidade por determinado(a) pré candidato(a).

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